Está muito claro que somos
consumidores de ruídos e, não ouvindo os sons da fraternidade, tornamo-nos
escravos de nós mesmos. É a cultura da falta de tempo, porque não conseguimos
priorizar aquilo que é mais importante e cedemo-nos ao irrisório, que massifica
e dificulta atitudes de maior comprometimento.
Por Dom Paulo Mendes Peixoto*
A capacidade de escutar, além de
ser uma arte, é uma importante virtude, muito necessária para os novos tempos.
Hoje falamos mais do que escutamos, principalmente ao que não nos interessa,
mas nos compromete e exige atitudes sinceras de doação e desprendimento. Por
isso, muitos não querem ouvir a Palavra de Deus, porque ela implica postura de
justiça e honestidade.
É inadmissível, entre pessoas que
falam e escutam, que criam diálogo fraterno, mesmo tenso, acontecer ameaça à
vida. O diálogo deve ser construtor de relacionamento saudável e não um
artífice e motivo de morte. Não podemos concordar e nem aceitar sacrifícios
humanos, muito mais sem motivos que sejam realmente justificáveis, como é o
caso de uma defesa da própria vida.
Temos que abrir os ouvidos para
escutar e colocar em prática os princípios anunciados pelos textos da Palavra
de Deus. Ali encontramos o necessário para construir uma vida de respeito, de
paz, de esperança e de humanização da nova cultura. Temos assistido práticas
abomináveis de desrespeito à vida humana, indicando que não respeitamos mais as
pessoas como dons de Deus.
O diálogo precisa construir
verdadeira humanidade. Parece que temos facilidade de ouvir as notícias
televisivas, músicas, discursos diversos, mas não conseguimos escutar o outro.
Uma multidão de ruídos povoa nossos ouvidos e nos impede de ouvir atentamente
as necessidades dos irmãos e irmãs.
Está muito claro que somos
consumidores de ruídos e, não ouvindo os sons da fraternidade, tornamo-nos
escravos de nós mesmos. É a cultura da falta de tempo, porque não conseguimos
priorizar aquilo que é mais importante e cedemo-nos ao irrisório, que massifica
e dificulta atitudes de maior comprometimento.
Não podemos viver numa situação
de neutralidade na vida social. O cristão, em meio aos conflitos emergentes,
tem que ter posturas de solidariedade e de transfigurar as atitudes. Seu espaço
é o cotidiano da vida, é a convivência com todos que o redeiam, sendo
instrumento de transformação das pessoas que não conseguem vivenciar a
fraternidade tão necessária para construir uma vida feliz.
*Dom Paulo Mendes Peixoto é
arcebispo de Uberaba.
Fonte: Dom Total
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