Mulheres são as maiores vítimas de golpistas que usam a rede
para praticar crimes . O perfil publicado é, invariavelmente, de um homem
romântico, delicado, profissionalmente resolvido, solteiro, viúvo ou
desquitado, em busca de compromisso sério e duradouro. Mulheres solitárias e
carentes acreditam e investem no relacionamento virtual, mas muitos dos namoros
ou noivados terminam em registros de furto, extorsão e até de estupro nas
delegacias.
Eles se apresentam como militares condecorados, advogados de
prestígio ou engenheiros bem-sucedidos e em viagem pelo exterior. Com boa
retórica e palavras românticas, geralmente são viúvos ou divorciados, pais de
belas crianças, e encantam mulheres pela internet com a promessa de
relacionamento sério e em busca de uma nova família. Alguns chegam a ficar
noivos e até mesmo se casam em cerimônias virtuais. Contada dessa forma, é uma
história sedutora. Os namoros virtuais se multiplicam na internet com a mesma
velocidade das novas ferramentas, sites de relacionamento e aplicativos de
smartphones. Mas cuidado! Muitos casos de paquera virtual terminam em
ocorrências policiais, como furto e extorsão. Em outras situações, mulheres que
marcam encontros com estranhos nos “radares” de namoro ou por redes sociais se
tornam vítimas de estupro ou crime contra a honra.
Apesar da falta de estatísticas específicas de ocorrências
que resultam dos encontros virtuais, a percepção diária é de que elas aumentam
paralelamente ao crescimento em geral dos delitos cometidos na rede. Dados da
Delegacia Especializada de Investigação de Crimes Cibernéticos de Belo
Horizonte mostram que os crimes praticados pela internet aumentaram 63,6% entre
2012 e o ano passado, passando de 762 para 1.247.
Neste ano, até o fim de julho, já foram mais de 1 mil, ou
seja, 80% de todo o ano passado. “Todos os crimes cibernéticos têm aumentado
muito. Entre as denúncias, também crescem as de caráter amoroso”, explica a
delegada titular da 1ª Delegacia de Crimes Cibernéticos, Paloma Boson Kairala.
Ela diz que, de modo geral, as vítimas têm o mesmo perfil: mulheres maduras,
separadas ou viúvas, em busca de um novo amor para suprir a carência afetiva.
Em outras situações, são as mais jovens que caem nas mãos de
homens que as estupram depois de encontros marcados pela internet. A conversa
nos aplicativos de namoro segue para troca de telefones e o bate-papo. Quem usa
as redes sociais para fins afetivos afirma que a ferramenta é útil e divertida.
Mas casos reais mostram que é preciso cautela antes de revelar telefone,
endereço e dados pessoais. “Mulheres que marcam encontros sem saber a
procedência do candidato têm relatado casos de estupro ou exposição de
intimidade na internet”, alerta a delegada-adjunta da Delegacia de Mulheres de
Belo Horizonte, Cristiane Ferreira Lopes.
Festas marcadas pela internet que reúnem centenas de pessoas
que não se conhecem também são terreno fértil para crimes. “As pessoas
confirmam presença sem saber quem são os organizadores, ficam embriagadas,
aceitam carona ou convite para dormir na casa de rapazes e acabam estupradas”,
alerta a delegada. Segundo ela, são frequentes os casos em que jovens procuram
a polícia relatando não se lembrar do que aconteceu, que acordam na casa de
pessoas que nunca viram, nuas ou com sêmen em suas partes íntimas. Em um dos
casos, uma garota nem sabia se havia sido estuprada, depois de participar de
festa marcada pela internet. “Por isso, é muito importante preservar a prova
técnica. A mulher não deve tomar banho e sim procurar a polícia imediatamente
para prestar queixa e fazer exames”, orienta a delegada.
Fonte: Estado de Minas
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