domingo, 3 de agosto de 2014

Crescem casos de mulheres vítimas de estupro e golpes ao buscar relacionamento pela internet

Mulheres são as maiores vítimas de golpistas que usam a rede para praticar crimes . O perfil publicado é, invariavelmente, de um homem romântico, delicado, profissionalmente resolvido, solteiro, viúvo ou desquitado, em busca de compromisso sério e duradouro. Mulheres solitárias e carentes acreditam e investem no relacionamento virtual, mas muitos dos namoros ou noivados terminam em registros de furto, extorsão e até de estupro nas delegacias.


Eles se apresentam como militares condecorados, advogados de prestígio ou engenheiros bem-sucedidos e em viagem pelo exterior. Com boa retórica e palavras românticas, geralmente são viúvos ou divorciados, pais de belas crianças, e encantam mulheres pela internet com a promessa de relacionamento sério e em busca de uma nova família. Alguns chegam a ficar noivos e até mesmo se casam em cerimônias virtuais. Contada dessa forma, é uma história sedutora. Os namoros virtuais se multiplicam na internet com a mesma velocidade das novas ferramentas, sites de relacionamento e aplicativos de smartphones. Mas cuidado! Muitos casos de paquera virtual terminam em ocorrências policiais, como furto e extorsão. Em outras situações, mulheres que marcam encontros com estranhos nos “radares” de namoro ou por redes sociais se tornam vítimas de estupro ou crime contra a honra.
Apesar da falta de estatísticas específicas de ocorrências que resultam dos encontros virtuais, a percepção diária é de que elas aumentam paralelamente ao crescimento em geral dos delitos cometidos na rede. Dados da Delegacia Especializada de Investigação de Crimes Cibernéticos de Belo Horizonte mostram que os crimes praticados pela internet aumentaram 63,6% entre 2012 e o ano passado, passando de 762 para 1.247.

Neste ano, até o fim de julho, já foram mais de 1 mil, ou seja, 80% de todo o ano passado. “Todos os crimes cibernéticos têm aumentado muito. Entre as denúncias, também crescem as de caráter amoroso”, explica a delegada titular da 1ª Delegacia de Crimes Cibernéticos, Paloma Boson Kairala. Ela diz que, de modo geral, as vítimas têm o mesmo perfil: mulheres maduras, separadas ou viúvas, em busca de um novo amor para suprir a carência afetiva.

Em outras situações, são as mais jovens que caem nas mãos de homens que as estupram depois de encontros marcados pela internet. A conversa nos aplicativos de namoro segue para troca de telefones e o bate-papo. Quem usa as redes sociais para fins afetivos afirma que a ferramenta é útil e divertida. Mas casos reais mostram que é preciso cautela antes de revelar telefone, endereço e dados pessoais. “Mulheres que marcam encontros sem saber a procedência do candidato têm relatado casos de estupro ou exposição de intimidade na internet”, alerta a delegada-adjunta da Delegacia de Mulheres de Belo Horizonte, Cristiane Ferreira Lopes.

Festas marcadas pela internet que reúnem centenas de pessoas que não se conhecem também são terreno fértil para crimes. “As pessoas confirmam presença sem saber quem são os organizadores, ficam embriagadas, aceitam carona ou convite para dormir na casa de rapazes e acabam estupradas”, alerta a delegada. Segundo ela, são frequentes os casos em que jovens procuram a polícia relatando não se lembrar do que aconteceu, que acordam na casa de pessoas que nunca viram, nuas ou com sêmen em suas partes íntimas. Em um dos casos, uma garota nem sabia se havia sido estuprada, depois de participar de festa marcada pela internet. “Por isso, é muito importante preservar a prova técnica. A mulher não deve tomar banho e sim procurar a polícia imediatamente para prestar queixa e fazer exames”, orienta a delegada.

Fonte: Estado de Minas

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