domingo, 13 de julho de 2014

Semear - por J.A. Pagola -

Evangelizar não é propagar uma doutrina, senão fazer presente no meio da sociedade e no coração das pessoas a força humanizadora e salvadora de Jesus. O que contagiamos? Indiferença ou uma fé convencida? Mediocridade ou paixão por uma vida mais humana?

 A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus 13,1-23 que corresponde a 15º Domingo do Tempo Comum, ciclo A do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.

Quando acabou o relato da parábola do semeador, Jesus realiza esta chamada: “Quem tem ouvidos, ouça!”. Pede-nos muita atenção na parábola. Mas em que devemos refletir? No semeador? Na semente? Nos diferentes terrenos?

Tradicionalmente, o cristão prestou atenção quase exclusivamente aos terrenos onde cai a semente para revisar sua atitude quando escuta o Evangelho. Porém é importante prestar atenção ao semeador e sua forma de semear.


É o primeiro que diz o relato: “O semeador saiu para semear”.  Ele o faz com uma confiança surpreendente. Semeia de forma abundante. A semente cai e ela cai por todas as partes ainda por onde parece difícil que uma semente possa germinar. Desta forma faziam-no os camponeses da Galileia que semeavam ainda na beira dos caminhos e nos terrenos pedregosos.

Para as pessoas é fácil identificar o semeador. Jesus semeia sua mensagem dessa forma. Eles o veem sair todas as manhãs para anunciar a Boa Notícia de Deus. Semeia sua Palavra entre as pessoas simples que o recebem, e também entre os escribas e fariseus que o rejeitam. Ele nunca se desalenta. Sua semeadura não será estéril.



Transbordados por uma forte crise religiosa, podemos pensar que o Evangelho perdeu sua força original e que a mensagem de Jesus já não tem força para atrair a atenção do homem ou da mulher de hoje. Certamente não é o momento de colher êxitos chamativos, senão de aprender a semear sem desanimarmos, com mais humildade e verdade.

Não é o Evangelho que perdeu força humanizadora, somos nós que estamos anunciando-o com uma fé débil e vacilante. Não é Jesus quem perdeu o poder de atração. Somos nós que o desvirtuamos com nossas incoerências e contradições.

O Papa Francisco disse que quando um cristão não vive uma forte adesão a Jesus, “cedo perde o entusiasmo e deixa de estar firme naquilo que transmite, falta nele força e paixão. E uma pessoa que não está convencida, entusiasmada, firme, enamorada, não convence ninguém”.

Evangelizar não é propagar uma doutrina, senão fazer presente no meio da sociedade e no coração das pessoas a força humanizadora e salvadora de Jesus. E isto não se pode realizar de qualquer forma. O mais decisivo não é o número de pregadores, catequistas e professores de religião, senão da qualidade evangélica que o cristão pode irradiar. O que contagiamos? Indiferença ou uma fé convencida? Mediocridade ou paixão por uma vida mais humana?


Fonte Ihu

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