A violência contra mulheres no Brasil causou aos cofres
públicos, em 2011, um gasto de R$ 5,3 milhões somente com internações, segundo
levantamento realizado pelo Ministério da Saúde. Foram 5.496 mulheres
internadas no Sistema Único de Saúde (SUS), no ano passado, em decorrência de
agressões.
Os dados foram encomendados pela Agência Brasil por ocasião do o Dia
Internacional da Não Violência contra a Mulher, celebrado ontem.
Além das vítimas internadas, 37,8 mil mulheres, entre 20 e
59 anos, precisaram de atendimento no SUS por terem sido vítimas de algum tipo
de violência. O número é quase 2,5 vezes maior do que o de homens na mesma
faixa etária que foram atendidos por esse motivo, conforme dados do Sistema de
Informações de Agravos de Notificação (Sinan), do Ministério da Saúde.
A socióloga Wânia Pasinato, pesquisadora do Núcleo de
Estudos da Violência da Universidade de São Paulo (USP), destaca que, além dos
custos financeiros, há "enormes prejuízos sociais" gerados pela
violência contra a mulher.
Ela citou estudos que indicam, por exemplo, que homens que
presenciaram cenas de violência doméstica durante a infância tendem a
reproduzir, com mais frequência, características de dominação e agressividade
em suas relações afetuosas.
"Os danos para a sociedade são enormes, com perdas em
diversas esferas. Além de impactar a forma como os filhos dessas relações vão
constituir suas próprias relações no futuro, as mulheres vítimas de violência
deixam de produzir e de se desenvolver como poderiam no mercado de trabalho",
explicou.
A diretora do Instituto Patrícia Galvão, organização não
governamental que atua em projetos de defesa dos direitos da mulher, Jacira
Vieira de Melo, destacou que os números confirmam que, apesar de a Lei Maria da
Penha, criada há seis anos, ser uma referência nacional e conhecida pela
maioria da população, a violência contra a mulher ainda é um grave problema
social. Ela defende que para enfrentar a questão é preciso fortalecimento das
políticas públicas e incremento orçamentário.
"Pesquisas indicam que mais de 95% da população já
ouviu falar na lei, que prevê punições severas para os agressores. Ela tem
contribuído para que a violência contra a mulher cada vez mais seja vista como
violação de direito fundamental, como crime, mas as estatísticas mostram que a
questão continua sendo um grave problema social", disse, lembrando que a
violência é a maior causa de assassinatos de mulheres no Brasil.
Fonte: Otempo
Nenhum comentário:
Postar um comentário