Na tarde da última sexta feira (23), a Pastoral da Mulher de
Bh em comemoração do dia da Consciência Negra (20/Novembro) e do Dia
Internacional da Não Violência Contra a
Mulher (25/Novembro ), promoveu uma palestra e posterior bate papo com o Professor Júlio
Machado para abordar as raízes e mecanismos do fenômeno do racismo e também da violência.
Especialmente interessante foi o vídeo que abriu a palestra.
Nele apareceu a imagem de várias crianças negras, meninos e
meninas. Na frente delas duas bonecas: uma branca e outra negra. No fundo uma
voz de homem faz as perguntas: qual das bonecas é negra, qual é bonita, qual é
má, qual é legal, qual é feia e finalmente, qual era a que se parecia com a
criança questionada. Para todas as questões que se remetia a beleza e gentileza
as crianças, meninos e meninas, apontavam para a branca e quando questionadas
sobre o porquê, elas respondiam porque as bonecas eram de pele branca e olhos
azuis. Para as perguntas que se referiam a cor, maldade e feiúra, estas
associavam as bonecas negras.
Também observamos o
racismo velado que existe por trás das convenções de beleza. Quase todas as pessoas
foram condicionadas a achar que o belo é ter olho claro, cabelo liso e loiro e
pele branca.
Fomos convidados a
refletir como a construção simbólica do
um modelo do que pode ser o belo desencadeia e reafirma o racismo. O primeiro passo
para que a discussão possa acontecer, é assumirmos, que trazemos enraizados em
nós mesmos o racismo e o preconceito.
Nas opiniões expressadas pelas participantes constatamos como a
educação e os valores que são passados em casa influenciam no modo com a
criança se relaciona com o ambiente e com as pessoas que estão a sua volta. Ninguém
nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele ou por seu gênero. Os conceitos
preconceituosos, sejam eles machistas e racistas, são influídos por meio de vivências com outras pessoas, especialmente no
ambiente familiar e escolar. De forma, sutil e constante, os conteúdos racistas
e também machistas vão entrando nos lares brasileiros sem nem mesmo os pais e
mães se darem conta.
Nos relatos que as mulheres fizeram ficou claro o papel dessas
crenças que nos foram incutindo e que fomos adquirindo ao longo da nossa
existência e como tiveram terríveis efeitos
na autoestima das pessoas. Crer que a pele que habitamos é inadequada tem
força pra afetar todas as nossas atividades. Odiar a própria aparência
rapidamente se espalha para odiar o próprio ser, em tudo que ele representa.
Terminamos com um momento de espiritualidade partilhando
nossas descobertas e desejos de mudanças
assim como expressando nossa solidariedade ante tantas vítimas do preconceito,
o racismo e a violência de gênero.
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