terça-feira, 24 de maio de 2016

No “Táxi das Amigas”, só entram mulheres. Quem dirige também é uma

O serviço personalizado foi criado para que mulheres sintam-se mais seguras entre uma viagem e outra.
Foto: Leonardo Arruda/Metrópoles

Menos de 5% dos motoristas de táxi em Brasília são mulheres. Foi nesse cenário que Jeniffer Max, 37 anos, filha de um taxista e casada com outro, entrou em uma profissão considerada por muitos como tipicamente masculina. Formada em administração, ela trabalhou 12 anos como analista financeira.


Ela dirige há 19 anos, mas trabalha como taxista há apenas três semanas. Jeniffer diz que a ideia surgiu durante uma viagem de táxi, quando sentiu falta de um atendimento com mais qualidade. A profissional resolveu entrar no mercado com atrativos especiais para o sexo feminino. A intenção é oferecer um ambiente confortável, seguro e confiável.

O volante foi personalizado no tom cor de rosa. Na parte de trás do veículo, as passageiras encontram revistas, kit de manicure, maquiagem e espelho. O carisma da motorista também merece destaque. Alto astral e divertida, Jeniffer faz da sua companhia um diferencial a mais.

Em entrevista ao Metrópoles, a taxista contou um pouco do seu trabalho e da sua rotina dirigindo para mulheres em Brasília.



De onde surgiu a ideia de trabalhar como taxista para mulheres?
Na realidade, como usuária, eu sentia a necessidade de um atendimento de qualidade. Já utilizei muito o serviço de táxi e sou filha de taxista, mulher de taxista.  Quando meus filhos entraram na escola, eu preferi pagar um transporte privado, bem mais caro que táxi, pois não confiava no tratamento dos homens com crianças, mulheres e idosos. Não estou falando mal de todos os taxistas, mas mulher tem mais paciência com esse público. Foi então que veio a ideia, ninguém nunca pensou nisso. Comecei oferecendo o serviço só dentro do meu condomínio com crianças e idosos, e a demanda aumentou muito. Divulguei em outros lugares, na internet e graças a Deus está bombando.

E a parte burocrática?
Então, meu pai faleceu em janeiro e ele tinha uma permissão para a família. Eu já tinha o meu veículo e tive que fazer um curso, que é bem caro. A caracterização do carro também foi cara e ainda tem os impostos. Enfim, é bem difícil, mas eu estava decidida.

Qual é o diferencial do serviço?
Para começar, meu carro por dentro é todo personalizado. Tem espelho, kit para fazer a unha, maquiagem, revistas. Coloquei no veículo tudo que gosto e que procurava. Ainda banco a psicóloga, porque escuto de tudo que você pensar nessa vida (risos).

Como anda a clientela?
Comecei a rodar há três semanas e já tenho mais clientes fixos que meu marido, que é taxista há seis anos. Outro dia uma senhora de uns 70 anos entrou no carro e disse: “Minha filha, você é tão bonitinha, você poder ir comigo no mercado? Pode deixar o taxímetro ligado enquanto estiver lá dentro me fazendo companhia”. Fiz as compras e depois ela me pediu pra ir com ela na exposição da Frida Kahlo, eu fui. Quando acabou, ela queria almoçar, mas eu disse que tinha outro compromisso. Ela foi um encanto.

As mulheres te ligam de madrugada para buscá-las em festas?
Olha, elas até mandam Whatsapp, mas eu tenho dois filhos e não trabalho esse horário. Mas, indico um profissional de confiança para elas rodarem em segurança. Rodo de 7h30 até 20h30.

Dirigir só para mulheres é uma forma de se proteger também?
Com certeza. Por mais que todo mundo fale que a violência está sendo praticada por homens e mulheres, eu me sinto mais segura tendo que me defender de igual para igual. Já aceitei homens como passageiros nos primeiros dias e não tive problema nenhum, mas prefiro as mulheres mesmo.

Se um homem quiser entrar no táxi, você faz a corrida?
Depende da situação. Levo algumas meninas acompanhadas por namorados, homens que forem indicados pelas minhas clientes também. Mas só nesses casos.

Seu marido é taxista, ele te apoiou a seguir essa profissão?
No início meu marido não me apoiou. Ele dizia que eu não seria respeitada, que iria sofrer com a rejeição, que ficaria muito vulnerável. Hoje, vendo que está dando muito certo, que estou ganhando meu dinheiro, ele adora (risos).


Fonte: Metrópoles

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