O serviço personalizado foi
criado para que mulheres sintam-se mais seguras entre uma viagem e outra.
Foto: Leonardo Arruda/Metrópoles
Menos de 5% dos motoristas de
táxi em Brasília são mulheres. Foi nesse cenário que Jeniffer Max, 37 anos,
filha de um taxista e casada com outro, entrou em uma profissão considerada por
muitos como tipicamente masculina. Formada em administração, ela trabalhou 12
anos como analista financeira.
Ela dirige há 19 anos, mas
trabalha como taxista há apenas três semanas. Jeniffer diz que a ideia surgiu
durante uma viagem de táxi, quando sentiu falta de um atendimento com mais
qualidade. A profissional resolveu entrar no mercado com atrativos especiais
para o sexo feminino. A intenção é oferecer um ambiente confortável, seguro e
confiável.
O volante foi personalizado no
tom cor de rosa. Na parte de trás do veículo, as passageiras encontram
revistas, kit de manicure, maquiagem e espelho. O carisma da motorista também
merece destaque. Alto astral e divertida, Jeniffer faz da sua companhia um
diferencial a mais.
Em entrevista ao Metrópoles, a
taxista contou um pouco do seu trabalho e da sua rotina dirigindo para mulheres
em Brasília.
De onde surgiu a ideia de
trabalhar como taxista para mulheres?
Na realidade, como usuária, eu
sentia a necessidade de um atendimento de qualidade. Já utilizei muito o
serviço de táxi e sou filha de taxista, mulher de taxista. Quando meus filhos entraram na escola, eu
preferi pagar um transporte privado, bem mais caro que táxi, pois não confiava
no tratamento dos homens com crianças, mulheres e idosos. Não estou falando mal
de todos os taxistas, mas mulher tem mais paciência com esse público. Foi então
que veio a ideia, ninguém nunca pensou nisso. Comecei oferecendo o serviço só
dentro do meu condomínio com crianças e idosos, e a demanda aumentou muito.
Divulguei em outros lugares, na internet e graças a Deus está bombando.
E a parte burocrática?
Então, meu pai faleceu em janeiro
e ele tinha uma permissão para a família. Eu já tinha o meu veículo e tive que
fazer um curso, que é bem caro. A caracterização do carro também foi cara e
ainda tem os impostos. Enfim, é bem difícil, mas eu estava decidida.
Qual é o diferencial do serviço?
Para começar, meu carro por
dentro é todo personalizado. Tem espelho, kit para fazer a unha, maquiagem,
revistas. Coloquei no veículo tudo que gosto e que procurava. Ainda banco a
psicóloga, porque escuto de tudo que você pensar nessa vida (risos).
Como anda a clientela?
Comecei a rodar há três semanas e
já tenho mais clientes fixos que meu marido, que é taxista há seis anos. Outro
dia uma senhora de uns 70 anos entrou no carro e disse: “Minha filha, você é
tão bonitinha, você poder ir comigo no mercado? Pode deixar o taxímetro ligado
enquanto estiver lá dentro me fazendo companhia”. Fiz as compras e depois ela
me pediu pra ir com ela na exposição da Frida Kahlo, eu fui. Quando acabou, ela
queria almoçar, mas eu disse que tinha outro compromisso. Ela foi um encanto.
As mulheres te ligam de madrugada
para buscá-las em festas?
Olha, elas até mandam Whatsapp,
mas eu tenho dois filhos e não trabalho esse horário. Mas, indico um
profissional de confiança para elas rodarem em segurança. Rodo de 7h30 até
20h30.
Dirigir só para mulheres é uma
forma de se proteger também?
Com certeza. Por mais que todo
mundo fale que a violência está sendo praticada por homens e mulheres, eu me
sinto mais segura tendo que me defender de igual para igual. Já aceitei homens
como passageiros nos primeiros dias e não tive problema nenhum, mas prefiro as
mulheres mesmo.
Se um homem quiser entrar no táxi, você faz a corrida?
Depende da situação. Levo algumas
meninas acompanhadas por namorados, homens que forem indicados pelas minhas
clientes também. Mas só nesses casos.
Seu marido é taxista, ele te
apoiou a seguir essa profissão?
No início meu marido não me
apoiou. Ele dizia que eu não seria respeitada, que iria sofrer com a rejeição,
que ficaria muito vulnerável. Hoje, vendo que está dando muito certo, que estou
ganhando meu dinheiro, ele adora (risos).
Fonte: Metrópoles
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