Bailarina e pesquisadora, Silvia
Alves desabafou em uma rede social. Ela ainda relata que um motorista
de ônibus se negou a abrir a porta.
Esse desabafo é de
Silvia Alves, bailarina e pesquisadora de 26 anos, vítima de discriminação
racial em Natal. O relato do caso, feito pela própria Silvia em sua página no
Facebook, tem mais de 44 mil curtidas e pouco mais de 3 mil compartilhamentos.
Nascida em Pernambuco, criada em
Fernando de Noronha e morando na capital potiguar há 8 anos, Silvia passou por
duas situações constrangedoras na última quinta (12) e sexta-feira (13). “Eu
estava com minha filha de 1 ano em uma parada de ônibus quando uma mulher se
aproximou com a mão estendida. Ela me ofereceu moedas para que eu comprasse
algo para minha filha. Eu falei que não precisava daquilo e ela ficou surpresa.
Foi o preconceito travestido de caridade. Fiquei muito mal e envergonhada
porque foi racismo e sei que, infelizmente, minha filha também vai passar por
isso”, disse.
No dia seguinte, Silvia precisou
pegar outro ônibus. Ela estava com a filha envolvida em um tecido, conhecido
como ‘sling’, e pediu ao motorista para abrir a porta traseira do veículo, no
intuito de facilitar a entrada. “Sempre faço isso pois com minha filha no
tecido não tem como passar pela roleta. Eu entro por trás, vou até o motorista,
pago a passagem e movo a roleta com as mãos. Mas nesse caso, o motorista não
quis abrir a porta. Ele achou que eu não fosse pagar a passagem”, contou.
Silvia
mora em Natal há 8 anos
(Foto: Arquivo pessoal)
“Eu tenho uma dúvida: se fosse
uma mulher branca, essas duas situações teriam acontecido? Algumas amigas
minhas já me contaram que os filhos foram confundidos com marginais por causa
da cor da pele. O problema é que as questões raciais não são discutidas, o
racismo já é cultural”, afirmou.
Para lutar contra o preconceito,
Silvia participa de um coletivo chamado Pixaim, que discute os problemas do
racismo e o papel da mulher negra na sociedade. “As pessoas acham que é coisa
da nossa cabeça e ainda dizem: ‘você vê racismo em tudo’. Mas só quem passa por
situações como essa percebe que, realmente, há preconceito em tudo. Está
enraizado e isso precisa mudar”, disse. “Há racismo no comportamento das
pessoas, nos olhares, nos discursos torpes, no sistema de educação, nos padrões
de beleza, está na história desse país. Sim, está em tudo! Procurar entender e
saber mais sobre as questões raciais é importante, enaltecer a identidade e
ancestralidade negra muito mais ainda!”, relatou.
Fonte: Geledes
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