É difícil imaginar uma nova
evangelização sem favorecer às pessoas um contato mais direto e imediato com os
evangelhos. Não há força evangelizadora mais forte do que a experiência de
escutar juntos o Evangelho de Jesus a partir de perguntas, dos problemas, dos
sofrimentos e das esperanças de nosso tempo.
A leitura que a Igreja propõe
neste domingo é o Evangelho de Jesus Cristo segundo João 15,1-8 que corresponde ao Domingo 5º da Páscoa,
ciclo B do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o
texto. Eis o texto:
Segundo o relato evangélico de
João nas vésperas de sua morte, Jesus revela a seus discípulos seu desejo mais
profundo: "Permanecei em mim". Conhece sua covardia e mediocridade.
Em muitos momentos tem-lhes recriminado sua pouca fé. Se não permanecerem vitalmente
unidos a ele, não conseguirão subsistir.
As palavras de Jesus não podem
ser mais claras e expressivas: "Assim como o ramo que não fica unido à
videira não pode dar fruto, vocês também não poderão dar fruto, se não ficarem
unidos a mim". Se vocês não permanecerem
firmes naquilo que têm aprendido e vivido junto a ele, sua vida será
estéril. Se eles não vivem de seu Espírito, o que foi iniciado por ele se
extinguirá.
Jesus utiliza uma linguagem
clara: "Eu sou a videira e vocês são os ramos". Nos discípulos deve
correr a seiva que vem de Jesus. Eles jamais devem esquecer isso. Aquele que
permanece em mim e eu nele, esse vai dar fruto abundante porque sem mim não
podem fazer nada. Separados de Jesus os discípulos não podem fazer nada.
Jesus não somente pede-lhes que
permaneçam nele, ele disse-lhes também que "suas palavras permaneçam
neles". Que eles não as esqueçam. Que vivam do seu Evangelho. Essa é a
fonte daquilo que hão de beber. Já foi dito em outra ocasião: "As palavras
que eu vos digo são espírito e vida".
O Espírito do Ressuscitado
permanece hoje vivo e operante na sua Igreja de múltiplas formas. Mas sua
presença invisível e calada toma rasgos visíveis e voz concreta graças à
lembrança guardada nos relatos evangélicos por aqueles que o conheceram de
perto e o seguiram. Nos evangelhos entramos em contato com sua mensagem, seu
estilo de vida e seu projeto do Reino de Deus.
Por isso, nos evangelhos
encerra-se a força mais poderosa que possuem as comunidades cristãs para
regenerar sua vida. A energia de que necessitamos para recuperar nossa
identidade de seguidores de Jesus. O Evangelho de Jesus é a ferramenta pastoral
mais importante para renovar hoje a Igreja.
Muitos bons cristãos de nossas
comunidades somente conhecem os evangelhos "de segunda mão". Tudo o
que eles sabem sobre Jesus e sua mensagem provém daquilo que eles conseguiram
reconstruir a partir das palavras dos predicadores e dos catequistas. Eles
vivem sua fé sem ter um contato pessoal com as "palavras de Jesus".
É difícil imaginar uma nova
evangelização sem favorecer às pessoas um contato mais direto e imediato com os
evangelhos. Não há força evangelizadora mais forte do que a experiência de
escutar juntos o Evangelho de Jesus a partir de perguntas, dos problemas, dos
sofrimentos e das esperanças de nosso tempo.
Fonte: CEBI
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