Na luta contra o machismo para
que a mulher tenha sua identidade e integridade preservadas – relato de assédio
no Cabo Branco.
no Cunha Feminista
Recebemos na segunda feira
(27/04) através de uma de nossas redes sociais um relato de um caso de assédio
na praia do Cabo Branco e de como os representantes da segurança pública do
local ainda estão despreparados para receber e dar a devida atenção as
situações de violência que as mulheres sofrem diariamente. Essa jovem fez
questão de entrar em contato por entender que é importante que todas e todos
nós continuemos na luta contra o machismo e para que sua história pudesse de
alguma maneira ser usada para incentivar as mulheres a lutar pelos seus
direitos. É importante que campanhas sejam feitas para educar os homens e
sociedade em geral para respeitar as mulheres e combater o machismo em seu dia
a dia, inclusive em situações que podem ser consideradas pequenas ou pouco
importantes. Para que a mulher tenha sua identidade e integridade preservada,
como afirma M.T. em seu relato. Confira!
“Estava caminhando na praia com
uma amiga, quando dois homens passaram ao nosso lado caminhando e eu escutei um
‘click’ de câmera. Me virei e vi o celular virado na minha direção, parei de
caminhar e perguntei a minha amiga se ela também tinha visto. Ela me disse que
não, que talvez eles estivessem tirando foto do mar e não da gente. Então dois
amigos nossos, que vinham mais atrás, chegaram até nós e nos contaram que os
dois caras tinham tirado uma foto nossa de costas, ou pelo menos parecia que
haviam tentado isso. Nisso minha amiga disse que isso não era nada demais, que
não deveriam nem ter aparecido nossa cara e meus amigos argumentavam que a foto
provavelmente teria ficado borrada e bem ruim (…) passei um tempo considerável
explicando que eu havia sido sim vítima de abuso, chamei o salva-vidas próximo
que me encaminhou para a Polícia Militar, que me perguntou se ele não teria me
achado bonita e por isso teria tirado uma foto minha.
leia também: Não basta estuprar,
tem que filmar e jogar na internet
Ou seja, enquanto eu pedia para
que alguém me acompanhasse, atrás dos caras (com certeza poderíamos alcançar
eles), me passaram para um sargento, que ligou para a polícia de turista, que
chegou vinte minutos depois e reuniu meus dados e características dos violadores,
me prometendo que iriam fazer uma ronda na Av. Cabo Branco e me informariam
caso encontrassem eles.
Foi uma situação muito
desconfortável ter que explicar a um policial militar que era um crime tirar
uma foto minha sem minha permissão e que não importava se meu rosto aparecia ou
não – e fazer isso ainda estando só de biquíni e sem sandálias no asfalto, ao
meio dia, deixou a situação um pouco mais dramática, porque enquanto explicava o fato do abuso eu estava
simultaneamente sendo abusada por vários policiais que estavam ‘me secando’ e
se fingindo levemente interessados para não terem que me dizer que ‘Moça, não
achamos que isso é crime nem violação, a senhora deveria só ir aproveitar o
mar’.
Bem, o que quero com esse texto
gigante não é desabafar, mas sim ajudar. Aposto que isso é uma situação
cotidiana que muitas mulheres deixam passar em branco como minha amiga,
considerando que não vale a pena a briga ou que não foi nada demais. Eu
discordo e acho que ficar calada valida o machismo e ignora o direito da mulher
de ter sua identidade e integridade preservada.”
Nós da Cunhã, enquanto coletivo
feminista que luta pelo fim de toda e qualquer tipo de violência contra à
mulher concordamos com M.T. e defendemos que é necessário preparar melhor os
representantes dos órgãos responsáveis e membros da segurança pública, para
atender melhor estas situações de assédio.
Tirar foto de uma mulher sem
consentimento dela não é normal. É assédio!
Fonte: Geledés
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