Após a tragédia do terremoto,
ocorrido no último dia 25, o Nepal se depara com mais um drama: quadrilhas de
traficantes que já atuavam no país, começam a procurar sobreviventes,
principalmente mulheres, para vendê-las como objetos sexuais a outros países.
As
informações são do The Guardian.
Diversas ONGs alertam que, no
país, 15 mil mulheres são traficadas por ano, número que está ameaçado de subir
com a movimentação destas gangues, cujos membros se disfarçam de agentes
humanitários.
O terremoto de 7,8 graus na
escala Richter, que matou mais de 7 mil pessoas, devastou comunidades rurais
pobres, com centenas de milhares perdendo suas casas e posses.
Adolescentes e mulheres jovens se
tornaram alvos ainda mais procurados por estes criminosos, que as sequestram e
as forçam a realizar trabalho sexual.
Esta prática não é novidade no
país, segundo a Organização das Nações Unidas e ONGs locais. Algumas mulheres
são exploradas no exterior, em países como a Coreia do Sul e África do Sul.
Mas a maioria acaba sendo enviada
para trabalhar em bordéis indianos, nos quais dezenas de milhares de moças
estão trabalhando em condições desumanas.
Neste momento, portanto, além de
um trabalho de resgate e acolhimento, os que atuam na ajuda humanitária, como
Sunita Danuwar Said, diretora do Shakti Samuha, ONG em Katmandu, estão
realizando ações de conscientização e alerta.
Sunita descreve a situação com
apreensão.
— Estamos recebendo relatos de
que indivíduos fingem ir para ajuda de emergência, mas na verdade estão
observando e procurando pessoas. Este é o momento em que agentes se infiltram
nos locais com o pretexto de ajuda, para sequestrar ou seduzir mulheres.
Estamos dando assistência para conscientizar as pessoas de que alguém pode vir
para tentar atraí-las.
O mesmo dizem funcionários
ocidentais de ajuda humanitária. Para eles, situações como esta são propícias
para a ação de traficantes, já que eles se aproveitam do caos e da fragilidade
das pessoas.
Quem passou por esta situação
anteriormente foi a jovem Sita, de 20 anos. Ela contou ao jornal inglês que foi
tirada da aldeia de Sindhupalchok, ao norte de Katmandu, vendida a um
proprietário de bordel em na cidade fronteiriça de Siliguri, India, e
violentada diariamente por cerca de 30 homens, tendo contraído o vírus HIV.
Ela mostra que o trauma foi tão
grande que nem consegue se lembrar do que ocorreu.
— Não consigo nem ter pesadelos
com isso. Apaguei tudo da minha memória.
Sita havia sido enviada para lá
por um tio e foi resgatada no ano passado. Seus pais, que são agricultores e
analfabetos, só permitiram a ida porque acreditavam que ela iria para um
trabalho confiável e enviaria os salários para eles.
Rashmita Shashtra, agente de
saúde local, afirma que o terremoto somente aumenta o risco deste tipo de
comercialização nefasta.
—As pessoas estão desesperadas e
querem agarrar qualquer chance. Há pessoas representantes infiltrados aqui que
se comunicam com corretores e familiares para fazer o negócio. Não dá para
saber quem são.
Sita também quer evitar que casos
como o dela se repitam.
— Eu estou preocupada agora com
as outras meninas que possam ser tomadas imediatamente.
O Nepal, com 28,1 milhões de
habitantes, é um dos países mais pobres da Ásia. Tem sido foco de redes de contrabando
bem organizadas que atuam em vários ramos ilegais: peles de tigre, de pedras
preciosas e narcóticos para consumo.
O terremoto no país revelou um
drama que já vinha abalando as estruturas da sociedade local. A população
nepalesa, além da fúria da natureza, se depara agora com as ruínas do terremoto
e a própria ruína humana.
Fonte: R7
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