Sonita Alizadeh é uma refugiada
afegã de 18 anos, cuja família foi forçada a se mudar para o Irã quando ela
tinha apenas 8. Por ser imigrante ilegal, ela não podia ir à escola lá. Então
ela encontrou uma ong que dava aulas para crianças afegãs ilegais. Lá ela
aprendeu karatê, fotografia, guitarra, e começou a cantar rap.
por Luana Moreno no Brasil Post
Sua música logo ganhou projeção,
e ela conheceu um produtor iraniano que a ajudou a polir seu estilo e fazer
vídeo clips. Tudo era perfeito, até que um dia sua mãe virou para ela e disse:
“Você tem que voltar ao Afeganistão comigo. Tem um homem lá que quer se casar
com você. Seu irmão está noivo e precisamos do seu dote para pagar o casamento
dele.” O pretendente pagaria nove mil dólares por Sonita, e assim seus pais
poderiam pagar pelo casamento de 7.000 dólares de seu irmão. De certa maneira,
sua mãe a estava vendendo. Ela tinha quinze anos.
Ela ficou arrasada. Então ela
escreveu “Noivas à Venda.”. A música começa assim “deixe-me sussurrar, para que
ninguém ouça que eu falo sobre vender garotas. Minha voz não deve ser ouvida,
já que é contra a Sharia. As mulheres devem permanecer caladas… essa é nossa
tradição”. E continua: “quem pagar mais leva a garota. Sou vista como uma
ovelha, criada para ser devorada.”
No vídeo ela está vestida de
noiva, cheia de hematomas, com um código de barras na testa. A letra fala sobre
o sentimento de dívida que ela sente, misturado ao amor pelos pais, ao dizer
que comeria suas migalhas para não gastar demais, e em como retribuir por eles
terem lhe dado a vida. Ela diz que não faria nada pra envergonhar seus pais,
mas como gostaria de ser vista como um ser humano com sentimentos. Ela pede à
família para não vendê-la. É um vídeo emocionante.
Ela ficou preocupada com o que
seus pais pensariam do vídeo, mas eles adoraram e disseram a ela que não
precisaria se casar. “É muito importante pra mim que eles tenham ido contra a
tradição por mim. Agora estou em um lugar onde nunca imaginei que pudesse
estar.”
A música de Sonita rendeu a ela
uma bolsa de estudos integral em uma academia de artes em Utah, e ela esteve
tocando recentemente na Bay Area de São Francisco. “O Rap te permite contar sua
história para outras pessoas. É uma plataforma para compartilhar as palavras
que estão em meu coração”, diz Sonita. E muitas vezes é uma forma de expressar
a tristeza e raiva que as mulheres afegãs não ensinadas a esconder. Apesar de
agora estar vivendo muito longe de casa, ela afirma que continuará cantando
sobre o que mais ama: o povo do Afeganistão.
Fonte: Geledes
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