Corpo de Evany José Metzker foi
encontrado decapitado na cidade de Padre Paraíso, onde investigava um esquema
de exploração sexual infantil. Governo mineiro envia força-tarefa para tentar
esclarecer a morte.
O caso do jornalista encontrado
morto na zona rural de Padre Paraíso, em Minas Gerais, é acompanhado com muita
atenção pela Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) e pelo Sindicato dos
Jornalistas Profissionais de Minas Gerais. Isso porque as investigações apontam
para duas possibilidades: crime passional ou crime político motivado por
questões profissionais.
O corpo de Evany José Metzker –
decapitado, seminu e com as mãos amarradas – foi localizado nesta segunda-feira
(18/05) no município que fica no Vale do Jequitinhonha, nordeste de Minas
Gerais. Ele teria se hospedado numa pousada da região para produzir uma
reportagem sobre prostituição infantil e estava desaparecido desde a
quarta-feira da semana passada.
"Há evidências de que foi um
crime relacionado ao trabalho que ele vinha desenvolvendo na região. As
informações são de que ele estava numa pousada em Padre Paraíso, justamente
investigando casos de prostituição infantil. A região é conhecida pelo alto
índice de prostituição infantil, principalmente na cidade onde ele
estava", declarou o presidente do sindicato, Kerison Lopes. Metzker tinha
67 anos e escrevia notícias e reportagens com foco policial e político no blog
Coruja do Vale.
Na noite desta terça, uma
força-tarefa solicitada pelo sindicato ao governo de Minas Gerais se deslocou
para o local da morte de Metzker. Segundo Lopes, o pedido é inspirado no caso
de dois jornalistas mortos em Ipatinga, também em Minas Gerais, há dois anos.
Rodrigo Neto e Walgney de Assis Carvalho foram assassinados em 8 de março e 14
de abril de 2013, respectivamente. Um ex-policial civil foi condenado pelo
assassinato de Neto e ainda será julgado pela morte de Carvalho.
O presidente da Fenaj, Celso
Schröder, disse que a entidade acompanha as investigações "com a cautela
que essas dúvidas exigem", ao lado do Sindicato de Minas Gerais.
"Quase sempre, investigações policiais da mortes de jornalistas vêm com
algum elemento de criminalização da vítima. Crime passional, sexual,
envolvimento em corrupção… Às vezes é, às vezes não. Levando em conta essas
possibilidades e sem fazer nenhum juízo de valor antecipado, a Fenaj acompanha o
caso com muita preocupação", afirmou Schröder.
Em nota no site oficial, o
sindicato conceitua o caso como "de imensa gravidade, pelo caráter bárbaro
do crime, que abalou não apenas a categoria dos jornalistas mineiros, mas toda
a sociedade brasileira, com repercussão inclusive no exterior."
Em Londrina, protesto contra ameaças
Na última sexta-feira, o
Sindicato dos Jornalistas do Norte do Paraná e a Fenaj realizaram um ato
público em Londrina, em protesto contra um suposto esquema para assassinar o
jornalista James Alberti, do Grupo Paranaense de Comunicação.
Conforme denúncias, a ideia era
matar Alberti durante a simulação de um assalto numa churrascaria da cidade. O
caso é investigado pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime
Organizado de Londrina e é acompanhado por representantes de sindicatos de
jornalistas e pelo Comitê Paranaense de Proteção ao Jornalista.
"Enquanto permanecerem a
impunidade e a falta de atitudes concretas por parte das autoridades para
proteção ao trabalho dos jornalistas, continuaremos caminhando para um quadro
alarmante de ameaça à democracia no país", afirmou Schröder, em meio ao
ato.
Casa alvejada no interior de São Paulo
No último dia 7 de maio, em
Potirendaba, em São Paulo, o jornalista Luiz Aranha, repórter do jornal A
Gazeta e produtor do SBT, teve a casa alvejada por quatro tiros. Em relato
encaminhado à Fenaj, o jornalista contou que o fato ocorreu por volta das 23h,
quando ele gravava uma reportagem sobre segurança pública na cidade e,
portanto, não estava em casa.
Aranha disse ter sido informado
dos disparos por telefone, pela mãe. Dois homens numa moto passaram em frente à
residência e efetuaram os disparos, relatou. Ele afirmou que o caso é uma
tentativa de intimidação devido às denúncias que costuma publicar em suas
reportagens.
No ano passado, três jornalistas
foram mortos no Brasil, segundo a Federação Internacional de Jornalistas (IFJ).
O repórter cinematográfico Santiago Ilídio Andrade, da TV Bandeirantes, foi
atingido por um rojão em meio a um protesto no Rio de Janeiro. Já o editor
Pedro Palma, do jornal Panorama Regional, e o apresentador do portal de
notícias N3 TV, Geolino Lopes Xavier, foram assassinados.
Fonte: http://www.dw.de/
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