quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Copa obriga discussão sobre prostituição


Segundo o deputado Jean Wyllys, autor da proposta que regulamenta a profissão de prostituta, os eventos esportivos pressionam o debate. 


A prostituição tornou-se tema de nova discussão no Brasil. Na Câmara dos Deputados, um projeto de lei pede a regulamentação da atividade no país. Segundo o deputado federal Jean Wyllys (PSOL-RJ), a aproximação da Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016 obriga as autoridades a encarar essa discussão agora.  
O assunto é discutido nas Comissões do Trabalho, dos Direitos Humanos, e de Constituição. “Os eventos esportivos que o país sediará trarão um grande número de turistas e, com isso, a busca pelas profissionais”, diz.
De acordo com o deputado, a proposta de regulamentação é inspirada em outros países. Um deles é a Alemanha, que adotou esta medida pouco antes da Copa do Mundo no país, em 2002. "Precisamos seguir esse exemplo. Foi uma medida acertada que, além de dar dignidade humana a essas profissionais, também diminuiu sua exploração", afirma.
O relator da Comissão do Trabalho, deputado João Campos (PSDB-GO), discorda do autor da proposta. "Não será legalizando e regulamentando a prostituição no Brasil que resolveremos os males. A Alemanha e Holanda só mostram um mau exemplo", opina.
De acordo com Campos, "as prostitutas não querem seguir este caminho e, por falta de inclusão social e políticas públicas consistentes é que essas mulheres, transexuais e travestis entram no ramo".
 
Exploração sexual
O deputado Jean Wyllys explica que descriminalizar a profissão não significa defender a exploração sexual. Segundo o texto do projeto de lei, considera-se profissional do sexo toda pessoa capaz e maior de 18 anos que, voluntariamente, presta serviços sexuais mediante remuneração. O pagamento será cobrado juridicamente de quem contratou as profissionais.
A lei também prevê que a apropriação por terceiros de mais de 50% do rendimento da prostituição, o não pagamento pelo serviço prestado, ou a prática da prostituição forçada por violência ou grave ameaça devem ser vetados.
“Com a regulamentação, as casas de prostituição – hoje ilegais – vão poder funcionar e receber os clientes”, diz Wyllys. Segundo ele, esta mudança ajudaria a inibir a extorsão por policiais e, ainda, diminuiria os casos de tráfico de pessoas no país.
Segundo o deputado, o fato de esses locais serem ilegais, faz com que outras irregularidades – como a exploração de menores, por exemplo – sejam ainda mais comuns e pouco combatidas.
Opinião que é totalmente contrária com a de João Campos. O tucano afirma que regulamentar a profissão no nosso país trará ainda mais pessoas de fora apenas para trabalhar nesta atividade. "Não está correto. Vai continuar a exploração a partir da imigração", explica.
Aproximadamente 2,4 milhões são vítimas do tráfico de pessoas no mundo, segundo dados do UNODC (Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime).
O crime consiste no recrutamento, transporte, transferência, alojamento ou o acolhimento de pessoas, com ou sem o consentimento, que são usadas para três fins: o trabalho escravo, a exploração sexual ou venda de órgãos.

Fonte: Band

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