Durante o banquete sucede algo
que Simão não previu. Uma prostituta da localidade interrompe a sobremesa, atira-se
aos pés de Jesus e começa a chorar. Simão contempla horrorizado a cena. No
entanto, Jesus deixa-se tocar e querer pela mulher. Jesus só lhe deseja que
viva em paz Algum dia teremos que rever,
à luz deste comportamento de Jesus, qual é a nossa atitude nas comunidades
cristãs diante de alguns grupos como as mulheres que vivem da prostituição.
A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de
Jesus segundo Lucas 7,36-8,7 que corresponde ao 11° Domingo do Tempo Comum,
ciclo C do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o
texto.
Segundo o relato de Lucas, um
fariseu chamado Simão está muito interessado em convidar Jesus para a sua mesa.
Provavelmente, quer aproveitar a refeição para debater algumas questões com
aquele galileu, que está a adquirir fama de profeta entre as pessoas. Jesus
aceita o convite: a todos deve chegar a Boa Nova de Deus.
Durante o banquete sucede algo
que Simão não previu. Uma prostituta da localidade interrompe a sobremesa,
atira-se aos pés de Jesus e começa a chorar. Não sabe como agradecer-lhe o amor
que mostra por quem, como ela, vive marcada pelo desprezo geral. Ante a
surpresa de todos, beija uma e outra vez os pés de Jesus e os unge com um
perfume precioso.
Simão contempla horrorizado a
cena. Uma mulher pecadora tocando Jesus na sua própria casa! Não pode
suportá-lo: aquele homem é um inconsciente, não um profeta de Deus. Aquela
mulher impura deveria ser afastada rapidamente de Jesus.
No entanto, Jesus deixa-se tocar
e querer pela mulher. Ela necessita-lhe mais do que ninguém. Com ternura
especial oferece-lhe o perdão de Deus, e logo convida-a para descobrir dentro
do seu coração uma fé humilde que a
salva. Jesus só lhe deseja que
viva em paz: “Teus pecados te são perdoados...” “A tua fé salvou-se”. “Vai em
paz”.
Os evangelhos destacam o
acolhimento e compreensão de Jesus aos setores mais excluídos por quase todos e
a bênção de Deus: prostitutas, cobradores, leprosos... Sua mensagem é
escandalosa: os desprezados pelos homens mais religiosos têm um lugar privilegiado
no coração de Deus. A razão é só uma: são os mais necessitados de acolhimento,
dignidade e amor.
Algum dia teremos que rever, à
luz deste comportamento de Jesus, qual é a nossa atitude nas comunidades
cristãs diante de certos coletivos, como as mulheres que vivem da prostituição
ou os homossexuais e lésbicas cujos problemas, sofrimentos e lutas preferimos
quase sempre ignorar e silenciar no seio da Igreja, como se para nós não
existissem.
Não são poucas as preguntas que
nos podemos fazer:
• Onde podem encontrar entre nós
um acolhimento semelhante ao de Jesus?
• De quem podem escutar uma
palavra que lhes fale de Deus como falava Ele?
• Que ajuda podem encontrar entre
nós para viver a sua condição sexual desde uma atitude responsável e crente?
• Com quem podem partilhar a sua
fé em Jesus com paz e dignidade?
• Quem é capaz de intuir o amor
insondável de Deus aos esquecidos por todas as religiões?
Por José Antonio Pagola
Fonte: Ihu
Fonte: Ihu
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