Ela tinha 12 anos quando começou
a trabalhar em um canavial no interior de Minas Gerais. Naquela época, Antônia
Maria Faleiros sequer imaginava que um dia se tornaria juíza.
Alguns anos depois, a menina se
mudou para Belo Horizonte em busca de uma vida melhor, mas encontrou ainda mais
obstáculos: chegou a morar na rua, em um ponto de ônibus, por oito meses, e
trabalhava como empregada doméstica.
Mas ela encontrou, no lixo, um
novo rumo para sua vida. Antônia teve acesso a folhas de apostilas borradas de
um mimeógrafo, referentes às aulas de um curso preparatório para concursos. Sem
hesitar, começou a estudar o material, prestou a prova e foi aprovada em
terceiro lugar em um concurso de Oficial de Justiça do Tribunal de Justiça de
Minas.
"Gosto de contar essa
história para reafirmar: a filha de uma dona de casa simples e de um
trabalhador rural pode sim alcançar o que quer. Todos nós podemos", ela
afirma em uma entrevista ao portal Jusbrasil.
Atualmente, a juíza de direito
preocupa-se com os impactos de seu trabalho em Lauro de Freitas, na Bahia.
Antônia é responsável por projetos sociais com crianças em situação de
vulnerabilidade social.
A juíza também desenvolveu o
projeto voltado para o resgate da cidadania dos carvoeiros e de seus familiares
da cidade de Mucuri, na Bahia, que foi premiado pelo Conselho Nacional de
Justiça (CNJ).
Antônia se relembra com orgulho
de sua trajetória. Em entrevista à Gazeta Online, ela não destaca o apoio que
teve da família.
"Sempre gostei de estudar.
Fui alfabetizada pela minha mãe com 4, 5 anos e sempre fui adepta da leitura.
Devo isso aos meus pais, especialmente minha mãe, que era uma pessoa que não
tinha uma formação acadêmica apurada, que estudou até a quarta série primária,
mas tinha muita curiosidade e vontade de adquirir conhecimento, além de ler
muito. Era uma mãe muito exigente com o desempenho dos filhos. Ela sempre dizia
uma frase que eu repito para os meus sobrinhos: quem tem a cama feita pode se
contentar com o razoável. Quem não tem a cama feita, deve ser muito bom no que
faz."
Fonte: Geledes
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