domingo, 24 de abril de 2016

Amizade dentro da Igreja

A primeira coisa que os discípulos experimentaram é que Jesus os amou como amigos: "Não vos chamo de servos... vos chamo de amigos". Na Igreja temos que nos querer, simplesmente, como amigos e amigas. E, entre amigos, se é cuidadoso com a igualdade, a proximidade e o apoio mútuo. Ninguém está acima de ninguém. Nenhum amigo é senhor de seus amigos.


A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de Jesus Cristo segundo João 13,31-35, que corresponde ao 5º Domingo de Páscoa, ciclo C do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.

É a véspera de sua execução. Jesus está celebrando a última ceia com os seus. Acaba de lavar os pés de seus discípulos. Judas já tomou a sua trágica decisão e, depois de tomar o último pedaço de pão das mãos de Jesus, foi executar o seu trabalho. Jesus diz em voz alta aquilo que todos estão sentindo: "Filhinhos, por pouco tempo estou ainda convosco".

Fala-lhes com ternura. Deseja que fiquem gravados em seus corações seus últimos gestos e palavras: "Eu vos dou um novo mandamento: amai-vos uns aos outros. Como eu vos amei, assim também vós deveis amar-vos uns aos outros. Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se tiverdes amor uns aos outros". Este é o testamento de Jesus.

Jesus fala de um "mandamento novo". Onde está a novidade? O lema de amar ao próximo já está presente na tradição bíblica. Também diversos filósofos falam de filantropia e de amor a todo o ser humano. A novidade está na forma de amar própria de Jesus: "amai-vos como eu vos amei". Assim se irá difundindo, através de seus seguidores, o seu estilo de amar.

A primeira coisa que os discípulos experimentaram é que Jesus os amou como amigos: "Não vos chamo de servos... vos chamo de amigos". Na Igreja temos que nos querer, simplesmente, como amigos e amigas. E, entre amigos, se é cuidadoso com a igualdade, a proximidade e o apoio mútuo. Ninguém está acima de ninguém. Nenhum amigo é senhor de seus amigos.

Por isso, Jesus corta pela raiz as ambições de seus discípulos quando lhes vê discutindo para ser os primeiros. A busca de protagonismos interessados rompe a amizade e a comunhão. Jesus recorda-lhes o seu estilo: "não vim para ser servido, mas para servir". Entre amigos, ninguém se deve impor. Todos devem estar dispostos a servir e colaborar.

Esta amizade vivida pelos seguidores de Jesus não produz uma comunidade fechada. Pelo contrário, o clima cordial e amável que se vive entre eles lhes dispõe a acolher aqueles que necessitam acolhida e amizade. Jesus lhes ensinou a comer com pecadores e pessoas excluídas e desprestigiadas. Reprovou-lhes por afastar as crianças. Na comunidade de Jesus, os pequenos não atrapalham, mas os grandes.

Um dia, o mesmo Jesus que designou Pedro como "Rocha" para construir sua Igreja, chamou os Doze, colocou um menino no meio deles, abraçou-o e lhes disse: "Aquele que acolhe uma criança como esta em meu nome, é a mim que acolhe". Na Igreja desejada por Jesus, os mais pequenos, frágeis e vulneráveis devem estar no centro da atenção e dos cuidados de todos!


Fonte: www.senhoradelourdes.org.br

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