Um dos principais destinos
turísticos do país, o estado de Pernambuco tem lugares paradisíacos como o
balneário de Porto de Galinhas. A violência nestes locais, entretanto, não
difere das periferias da capital pernambucana.
O boom do turismo na região, a
partir da década de 1990, veio acompanhado por problemas de infraestrutura
básica, como a falta de água, de esgotamento sanitário e até energia elétrica
em bairros pobres. Proliferaram também o tráfico de drogas, roubos,
prostituição e até casos de homicídio, como o do empresário e surfista Jéferson
dos Santos, 41 anos, morto com um tiro na cabeça por viciados em drogas, em
dezembro de 2013.
— Todo o problema daqui está
relacionado com as drogas. Nós temos uma pousada e uma área para camping. Os
ladrões queriam roubar o material das barracas. Meu marido viu a movimentação
deles, foi rendido e morto porque os ladrões se assustaram com a aproximação de
um carro — contou a esposa M.F.C, que preferiu não se identificar.
A proliferação de drogas como o
crack também é apontada pelo instrutor de surf Atamai Batista como a causa dos
crimes violentos nas praias de Porto de Galinhas e Maracaípe. Ele era amigo do
surfista Ricardo dos Santos, morto em Santa Catarina na última semana.
— Nós treinávamos juntos. Foi
mais um crime absurdo. Toda comunidade do surf mundial está em choque porque
ele não tinha envolvimento com nada errado.
Os problemas com a segurança
ameaçam também os negócios na antiga vila de pescadores, que por dez anos
consecutivos foi considerada a praia mais bonita do Brasil. O temor pelo fim da
“galinha dos ovos de ouro” é compartilhado por comerciantes, taxistas,
jangadeiros e hoteleiros, lembrando o exemplo de Itamaracá, que também já foi
um destino turístico badalado até os anos de 1980, mas perdeu todo potencial
por conta da violência descontrolada.
— É difícil encontrar
policiamento por aqui. Moradores e comerciantes chegaram a construir um prédio
que deveria abrigar uma unidade de segurança, mas a polícia não se interessou
em ocupar o local, que terminou se deteriorando por falta de uso — reclama
Nilma Batista, proprietária de um albergue na vizinha praia de Maracaípe.
Assim como Porto de Galinhas, a
ilha de Itamaracá, a 48 quilômetros do Recife, também já teve seus dias de
glória. Foi imortalizada por inúmeras músicas de artistas como Reginaldo Rossi,
Tim Maia e pela cirandeira Lia de Itamaracá. Mas o encantamento perdeu-se
gradualmente a partir da instalação de dois presídios.
Com a decadência da atividade
turística, a partir dos anos 1980, os hotéis fecharam e os veranistas de classe
média alta abandonaram o destino com medo da proximidade com a Penitenciária de
Segurança Máxima Professor Barreto Campelo - que passou por mais uma rebelião
semana passada - e a Penitenciária Agro-Industrial São João.
Na PAI, em tese, a maioria dos
detentos trabalha no cultivo de mandioca, frutas e hortaliças na área externa
da unidade prisional durante o dia e retorna ao presídio à noite. Mas na
prática o que acontece é outra coisa.
— A gente costuma dizer que a PAI
é uma "MÃE" porque os presos são liberados para passar o dia
trabalhando na roça, mas muitos aproveitam a liberdade para assaltar nos
municípios vizinhos e voltar tranquilamente para o presídio no horário da noite
— revelou um policial militar que prefere não se identificar.
A outra ilha pernambucana,
Fernando de Noronha, está mais protegida da violência comum. Lá o que tem
chamado a atenção das autoridades é o alcoolismo e a violência contra a mulher.
No ano passado o Ministério Público identificou cerca de 70 casos de agressões
a pessoas do sexo feminino, a maioria delas praticadas pelos companheiros.
Em maio de 2014 a coordenadoria
de saúde pública do arquipélago lançou uma campanha contra o alcoolismo, já que
o consumo de bebidas alcoólicas está diretamente relacionado com os casos de
violência contra a mulher.
A Polícia Militar de Pernambuco
informou que em Porto de Galinhas uma dupla de policiais se utiliza de veículos
segway para fazer o patrulhamento da área, além de uma guarnição tática, um
trio de motocicletas e apoio do Grupo de Apoio Tático (Gati).
Em Itamaracá, durante o dia, o
policiamento é realizado com rondas de três viaturas, com apoio do Gati. À
noite, um trio em motocicletas e uma viatura do Gati cobrem a área.
Em Fernando de Noronha, a
Companhia Independente de Policiamento do Meio Ambiente – CIPOMA é responsável
pela segurança da Ilha utilizando um pelotão com 30 policias, que se revezam
mensalmente.
A Prefeitura de Ipojuca diz que a
questão da segurança vem sendo tratada como prioridade no município. Na atual
gestão foi criada a Secretaria Municipal de Defesa Social (SMDS) e efetuadas
melhorias na estrutura da Guarda Municipal, adquiridas novas viaturas,
armamento não letal, entre outras medidas em parceria com as Polícias Militar e
Civil.
De acordo com a prefeitura, a
Guarda Municipal utiliza bicicletas para realização de rondas diárias, além de
kits compostos de acessórios de proteção, rádio patrulha de comunicação e
quadricículos para os salvas vidas e binóculos para monitoramento com
capacidade de alcance de aproximadamente um quilômetro. Um convênio de
cooperação técnica com o Governo do Estado permitiu a instalação de 40 câmeras
de segurança no município.
Fonte: m.bananeirasagora.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário