Ó Deus, lembro-me das pessoas que hoje não podem ter
alegria: pais cujos filhos morreram; desempregados; os que estão nas prisões,
sendo torturados; doentes, sentindo dor; velhos, na solidão; camponeses, sem
terra; índios, vivendo os últimos dias do seu povo; aqueles que não têm o que
comer.
Que, de alguma forma, o sopro gentil do Espírito faça brilhar a
esperança nos seus corações, e que eles tenham coragem para lutar por um mundo
melhor, sacramento do reino de Deus.
Lembro-me, também, daqueles que não podem
ter alegria por estarem sob o domínio dos ídolos, possuídos pelos maus
espíritos; aqueles que só pensam no seu lucro, e por isto exploram os pobres;
aqueles que podem usar impunemente das armas e da violência, e por isto
perfuram os corpos e zombam do direito; aqueles que, por só pensarem em si
mesmos, estão impedidos de sentir a doce ternura da solidariedade com os que
sofrem.
Ajuda-me a regozijar-me na tristeza da qual brota a nostalgia pelo
reino de Deus e a abominar a tristeza daqueles que só têm olhos para si mesmos.
E que nunca falte aos tristes do teu reino o sacramento doce do sorriso de
Deus. Amém.
Fonte: ALVES, Rubem. Creio na Ressurreição do Corpo;
Meditações. 2. ed Rio de Janeiro, CEDI 1984.
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