Intelectual que lutava pela igualdade de direitos para as
mulheres, Rose Marie Muraro foi reconhecida em 2005 pelo governo federal como
Patrona do Feminismo Brasileiro.
A escritora e feminista brasileira Rose Marie Muraro faleceu
neste sábado (21) aos 83 anos, no Rio de Janeiro. Ela lutava contra um câncer
reincidente, mas a causa da morte foi uma infecção urinária que se generalizou,
de acordo com a assessoria de imprensa do Hospital São Lucas. O corpo será
velado amanhã, a partir das 8h, no Memorial do Carmo.
Intelectual que lutava pela igualdade de direitos para as
mulheres, Rose Marie Muraro foi reconhecida em 2005 pelo governo federal como
Patrona do Feminismo Brasileiro. Nascida no dia 11 de novembro de 1930, com um
problema na visão que a deixou praticamente cega durante parte da sua vida, a
escritora deixou cinco filhos, 12 netos e publicou 35 livros.
Além de escrever livros que retratavam de forma quase que
inédita no Brasil a condição da mulher na sociedade da época, como A
Sexualidade da Mulher Brasileira, Rose foi importante para a disseminação de
conteúdos estrangeiros sobre o tema, traduzindo e editando inúmeras
publicações. Trabalhou durante 17 anos na Editora Vozes e depois fundou, junto
com outras feministas, a Editora Rosa
dos Tempos (hoje pertencente à Editora Record), criada para difundir um
instrumento que desse voz às mulheres.
De acordo com a professora da Universidade Federal
Fluminense Hildete Pereira de Melo, a vida de Rose Marie Muraro foi
influenciada pelo seu trabalho na Teologia da Libertação, segmento da Igreja
Católica que transformou a vida da intelectual. Após publicar Por Uma Erótica
Cristã, no entanto, as suas ideias não foram mais aceitas pela Igreja.
Hildete contou à Agência Brasil que outro papel fundamental
da intelectual foi na promoção de um seminário, há 40 anos, que culminou com a
criação do Centro da Mulher Brasileira. O “papel vital” de Rose se deu não
apenas na fundação da organização feminista, mas também no financiamento para
que tal empreendimento se viabilizasse.
Pelo Twitter, a presidenta Dilma Rousseff lamentou a morte de quem considerou um ícone
da luta pelos direitos das mulheres. “Intelectual notável, Rose Marie foi uma
mulher determinada em tudo, na luta contra a barreira da cegueira, na luta
pelas suas ideias. Somos todas gratas à dedicação incansável de Rose Marie”,
escreveu.
“Ela é um patrimônio das mulheres brasileiras, pela sua
inteligência, vivacidade, pelo desprendimento na luta para vencer o patriarcado
da sociedade e o machismo, na luta pela liberdade política democrática e pela
igualdade das mulheres. Hoje, as mulheres estão órfãs”, declarou Hildete, que
prepara uma homenagem neste domingo com muitas flores, o que, segundo ela, era
desejo de Rose Marie Muraro antes de morrer.
A ministra da Secretaria de Políticas para Mulheres,
Eleonora Menicucci, participa do velório no Rio de Janeiro.
Fonte: Agência Brasil
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