A oportunidade para aumentar os lucros trará mais de 2 mil
mulheres e travestis para se prostituirem durante a Copa do Mundo em Belo
Horizonte. Profissionais do sexo, iniciantes ou veteranas, de todos os cantos
do país e até do exterior, chegam à capital mineira desde o início de maio. O
chamariz são os 160 mil turistas previstos em BH para acompanhar o evento
internacional, que devem movimentar a economia da cidade.
Por Danilo Emerich
Não há um controle sobre o número de profissionais do sexo
que virão para BH. A estimativa é da Associação de Prostitutas de Minas Gerais
(Aspromig). A maioria delas deverá trabalhar com anúncios em sites de
acompanhantes, em boates de strip-tease de luxo, casas de prostituição ou em
pontos conhecidos da atividade, como a avenida Afonso Pena, e na Orla da Lagoa
da Pampulha. De olho no crescimento da demanda, o valor cobrado pelo programa
também inflacionou. Saltou de R$ 150 a R$ 250 a hora para até R$ 500.
Percorremos os locais mais conhecidos de prostituição de BH
durante o último mês e apuramos sobre a vinda dessas mulheres e travestis para
a Copa do Mundo e a situação que chegaram, enfrentando, por vezes, a exploração
sexual e o trabalho em condições análogas à escravidão.
OPORTUNIDADE
Uma das mulheres que enxergaram na Copa uma chance de ganhar
dinheiro extra é Michele*, de 26 anos. A morena de seios siliconados afirma ser
novata no ramo. Conta ter saído da capital do Ceará, onde trabalhava em uma
concessionária de veículos, e chegado à capital mineira há três semanas, onde
trabalha agora em uma boate de luxo na rua Rio Grande do Norte, bairro
Funcionários, região Centro-Sul de Belo Horizonte.
Desde que desembarcou na cidade, Michele vive em um
apartamento alugado no Centro. Cobra R$ 300 a hora. “Vou só juntar uma grana
para comprar meu carro e vou parar depois da Copa. Senão, acabo viciando, pois
é um dinheiro fácil”, afirma Michele, que garante ter sentido culpa após o
primeiro programa.
Mineira de Juiz de Fora, Babi*, de 27 anos, também
aproveitou a oportunidade gerada pelo Mundial. Ela deixou a cidade natal no
último dia 2 e trabalha em uma boate na Savassi. “A casa (boate) mantém uma
pensão no bairro São Lucas para ficarmos. Lá dormem cerca de 30 mulheres,
muitas vindas do interior do Estado”, revelou.
Além de mulheres, cresceu o número de travestis em Belo
Horizonte em busca de melhorar a renda durante a Copa.
Gisele*, de 29 anos, já fazia programas em Ipatinga, no Vale
do Aço, e chegou a Belo Horizonte agenciada por uma mulher. A “oferta” para
morar e trabalhar em um quarto numa mansão na orla da Pampulha a atraiu. Outras
seis travestis também teriam aceitado a proposta.
Segundo a presidente da Aspromig, Cida Vieira, há várias
garotas vindas da Colômbia, Venezuela, Chile e Estados Unidos.
A baiana Rawany*, de 18 anos, que anuncia seus serviços em
um site de acompanhantes de luxo há cerca de um mês, hospeda uma amiga da
Espanha, que também veio para a capital fazer programas.
FISCALIZAÇÃO
O Ministério Público Estadual (MPE) afirmou não atuar em
casos de prostituição, exceto quando envolve crianças e adolescentes, além da
exploração da atividade por terceiros. Em setembro do ano passado, segundo a
assessoria do MPE, os proprietários de um site de acompanhantes foram denunciados,
com base em investigação feita da Polícia Civil.
Segundo o juiz da Vara Cível da Infância e Juventude de BH,
Marcos Flávio Lucas Padula, as diligências para inibir a exploração sexual de
crianças e adolescentes, além de outros crimes, como o consumo de bebidas
alcoólicas por menores de idade, foram intensificadas durante o Mundial.
“Com o aumento de turistas, o turismo sexual cresce junto. A
Copa não criou o problema, mas sim a presença maior de estrangeiros no período.
Estamos atentos a essa questão e vamos coibir o máximo possível”, afirmou
Padula. (*Nomes fictícios).
Preparação incluiu
até cursos de inglês
Assim como hotéis, restaurantes e comércio se prepararam
para receber bem os turistas em Belo Horizonte durante a Copa do Mundo, as
profissionais do sexo também se capacitaram para prestar o melhor “atendimento”
possível à clientela.
Segundo a presidente da Associação de Prostitutas de Minas
Gerais (Aspromig), Cida Vieira, foram oferecidos cursos de inglês básico para
mais de 300 garotas, e uma cartilha de idiomas, com frases elementares, será
lançada nos próximos dias para facilitar a conversa e a eventual negociação de
um programa.
“Também estamos iniciando uma campanha de orientação sobre
doenças sexualmente transmissíveis e as maneiras de evitá-las”, informou a
presidente da Aspromig.
Cida Vieira diz ainda que, atualmente, há cerca de 500 mil
profissionais do sexo atuando em Minas Gerais, sendo 80 mil em Belo Horizonte.
“É importante ressaltar que a prostituição não é crime, mas
a exploração sexual. Não aceitamos adolescentes e denunciamos qualquer caso de
tráfico de pessoas”, garante.
Fonte: www.umoutroolharparabelohorizonte.blogspot.com.br
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