sexta-feira, 27 de junho de 2014

Copa aquece mercado do sexo em Belo Horizonte


A oportunidade para aumentar os lucros trará mais de 2 mil mulheres e travestis para se prostituirem durante a Copa do Mundo em Belo Horizonte. Profissionais do sexo, iniciantes ou veteranas, de todos os cantos do país e até do exterior, chegam à capital mineira desde o início de maio. O chamariz são os 160 mil turistas previstos em BH para acompanhar o evento internacional, que devem movimentar a economia da cidade.

Por Danilo Emerich

Não há um controle sobre o número de profissionais do sexo que virão para BH. A estimativa é da Associação de Prostitutas de Minas Gerais (Aspromig). A maioria delas deverá trabalhar com anúncios em sites de acompanhantes, em boates de strip-tease de luxo, casas de prostituição ou em pontos conhecidos da atividade, como a avenida Afonso Pena, e na Orla da Lagoa da Pampulha. De olho no crescimento da demanda, o valor cobrado pelo programa também inflacionou. Saltou de R$ 150 a R$ 250 a hora para até R$ 500.
Percorremos os locais mais conhecidos de prostituição de BH durante o último mês e apuramos sobre a vinda dessas mulheres e travestis para a Copa do Mundo e a situação que chegaram, enfrentando, por vezes, a exploração sexual e o trabalho em condições análogas à escravidão.

OPORTUNIDADE
Uma das mulheres que enxergaram na Copa uma chance de ganhar dinheiro extra é Michele*, de 26 anos. A morena de seios siliconados afirma ser novata no ramo. Conta ter saído da capital do Ceará, onde trabalhava em uma concessionária de veículos, e chegado à capital mineira há três semanas, onde trabalha agora em uma boate de luxo na rua Rio Grande do Norte, bairro Funcionários, região Centro-Sul de Belo Horizonte.

Desde que desembarcou na cidade, Michele vive em um apartamento alugado no Centro. Cobra R$ 300 a hora. “Vou só juntar uma grana para comprar meu carro e vou parar depois da Copa. Senão, acabo viciando, pois é um dinheiro fácil”, afirma Michele, que garante ter sentido culpa após o primeiro programa.

Mineira de Juiz de Fora, Babi*, de 27 anos, também aproveitou a oportunidade gerada pelo Mundial. Ela deixou a cidade natal no último dia 2 e trabalha em uma boate na Savassi. “A casa (boate) mantém uma pensão no bairro São Lucas para ficarmos. Lá dormem cerca de 30 mulheres, muitas vindas do interior do Estado”, revelou.

Além de mulheres, cresceu o número de travestis em Belo Horizonte em busca de melhorar a renda durante a Copa.

Gisele*, de 29 anos, já fazia programas em Ipatinga, no Vale do Aço, e chegou a Belo Horizonte agenciada por uma mulher. A “oferta” para morar e trabalhar em um quarto numa mansão na orla da Pampulha a atraiu. Outras seis travestis também teriam aceitado a proposta.

Segundo a presidente da Aspromig, Cida Vieira, há várias garotas vindas da Colômbia, Venezuela, Chile e Estados Unidos.

A baiana Rawany*, de 18 anos, que anuncia seus serviços em um site de acompanhantes de luxo há cerca de um mês, hospeda uma amiga da Espanha, que também veio para a capital fazer programas.

FISCALIZAÇÃO
O Ministério Público Estadual (MPE) afirmou não atuar em casos de prostituição, exceto quando envolve crianças e adolescentes, além da exploração da atividade por terceiros. Em setembro do ano passado, segundo a assessoria do MPE, os proprietários de um site de acompanhantes foram denunciados, com base em investigação feita da Polícia Civil.

Segundo o juiz da Vara Cível da Infância e Juventude de BH, Marcos Flávio Lucas Padula, as diligências para inibir a exploração sexual de crianças e adolescentes, além de outros crimes, como o consumo de bebidas alcoólicas por menores de idade, foram intensificadas durante o Mundial.

“Com o aumento de turistas, o turismo sexual cresce junto. A Copa não criou o problema, mas sim a presença maior de estrangeiros no período. Estamos atentos a essa questão e vamos coibir o máximo possível”, afirmou Padula. (*Nomes fictícios).


Preparação incluiu até cursos de inglês
Assim como hotéis, restaurantes e comércio se prepararam para receber bem os turistas em Belo Horizonte durante a Copa do Mundo, as profissionais do sexo também se capacitaram para prestar o melhor “atendimento” possível à clientela.

Segundo a presidente da Associação de Prostitutas de Minas Gerais (Aspromig), Cida Vieira, foram oferecidos cursos de inglês básico para mais de 300 garotas, e uma cartilha de idiomas, com frases elementares, será lançada nos próximos dias para facilitar a conversa e a eventual negociação de um programa.

“Também estamos iniciando uma campanha de orientação sobre doenças sexualmente transmissíveis e as maneiras de evitá-las”, informou a presidente da Aspromig.

Cida Vieira diz ainda que, atualmente, há cerca de 500 mil profissionais do sexo atuando em Minas Gerais, sendo 80 mil em Belo Horizonte.

“É importante ressaltar que a prostituição não é crime, mas a exploração sexual. Não aceitamos adolescentes e denunciamos qualquer caso de tráfico de pessoas”, garante.


Fonte: www.umoutroolharparabelohorizonte.blogspot.com.br

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