Grupo de mulheres que frequenta a Savassi reclama de
estrangeiros que apelam para beijos forçados e outros abusos na hora da
conquista. PM diz que age se houver denúncia
'Ele quase me arrastou. Por sorte, consegui escapar. Eles
estão achando que estão onde? Nos sentimos invadidas e desrespeitadas', Fernanda
Carvalho, 32 anos, consultora.
É no ponto de encontro entre brasileiros e estrangeiros, na
Savassi, na Região Centro-Sul, que o limite entre a paquera e o assédio está, a
cada noite, mais tênue. Mulheres que frequentam a região reclamam de abusos de alguns
turistas na tentativa de conquistá-las. Há desde beijos forçados a apalpadas
sem consentimento. Garotas entrevistadas pelo EM acreditam que casos do tipo
ocorrem porque muitos estrangeiros consideram as brasileiras “fáceis” e “sempre
disponíveis”. A Polícia Militar alerta que, se houver denúncia, investigará
casos e poderá punir os responsáveis.
Na noite de terça-feira, quando os ingleses invadiram a
Savassi, depois da partida da Inglaterra contra a Costa Rica, no Mineirão, o
Estado de Minas acompanhou o clima da festa e ouviu os relatos de algumas
mineiras que discordam da forma como muitos homens de fora se aproximam.
Enquanto algumas até assediavam os estrangeiros, outras se sentiam
desrespeitadas.
É o caso da estudante Camila Peixoto, de 22 anos. Naquela
terça-feira, por volta das 20h, Camila, que estava animada com o clima, foi ao
banheiro de um bar, no quarteirão fechado da Rua Pernambuco, e, segundo ela,
foi molestada por um inglês. “Ele estava com uma menina e quando ela entrou
para o banheiro, ele apertou a minha bunda. Fiquei tão assustada que não quis
brigar e comentei com uma outra garota que também estava na fila. Ela disse que
o rapaz também havia passado a mão nela”, relatou Camila.
A indignação é a mesma para a consultora Fernanda Carvalho,
de 32. Ela conta que, na semana passada, um polonês que ela conheceu durante a
festa na Savassi quis levá-la para o hotel onde estava hospedado. “Ele quase me
arrastou. Por sorte, consegui escapar. Eles estão achando que estão onde? Nos
sentimos desrespeitadas”, contou. “Como muitas brasileiras estão assediando
demais os estrangeiros, talvez eles estejam se sentido livres para pensar o que
quiserem de nós”, comentou. A instrutora
de autoescola Adriana Cristina reclamou: “No domingo, os argentinos estavam
fotografando o nosso bumbum. É um absurdo, não somos objetos.”
Segundo a coronel Cláudia Romualdo, comandante do
policiamento da capital, a Polícia Militar está preparada para agir nesses
momentos, mas é preciso que queixas sejam formalizadas para que o acusado seja
punido. “Há uma multidão, e não é fácil identificar qual ‘passada de mão’ é
consentida ou não. Por isso, essas mulheres têm de vir até a polícia e relatar o
que houve. Elas têm que nos indicar o autor do abuso e ir conosco para a
delegacia”, explica Cláudia. Ela ressalta que a PM está orientada a prender
estrangeiros ou brasileiros flagrados
assediando mulheres sexualmente. “Todos
vão à Savassi para se divertir. O limite, cada um impõe o seu, seja homem ou
mulher”, disse.
No último dia 19, um argelino, de 17 anos, foi detido, na
Região da Savassi, por esses motivos. O rapaz teria passado a mão nos seios de
uma jovem de 23 anos quando ela descia do carro, na Rua Professor Morais,
Bairro Funcionários. O garoto foi levado ao Centro Integrado de Atendimento ao
Adolescente Autor de Ato Infracional (CIA), no Barro Preto, e liberado horas depois.
NA VISÃO DELES
Estrangeiros ouvidos pela reportagem negaram faltar com o
respeito, mas disseram achar as brasileiras mais liberais. O peruano Jorge Arewalo, de 34, por exemplo,
disse que está em BH desde o início da semana e só não “pegou ninguém” em um
dos dias. “As peruanas são mais quietas. As brasileiras são belas e calientes.
Acho que no Peru há um falso moralismo que aqui não há”, observou. Já o
argentino Gonzalo Hallonnat, de 30, disse que há “facilidade para o beijo
aqui.” “Mas temos respeito”, garantiu.
Em Curitiba, a prefeitura da cidade lançou uma campanha para
conscientizar os homens sobre a importância de respeitar as mulheres do Brasil.
O slogan “Não, significa não - Não importa de onde você é, respeite nossas
mulheres” foi traduzido para cinco idiomas.
Fonte: Estado de Minas
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