A Aprosmig (Associação das Prostitutas de Minas
Gerais) pretende qualificar cerca de 30 garotas de programa em Belo
Horizonte para receber os turistas estrangeiros durante o mundial de 2014 com o
inglês na ponta da língua. "Havia mais garotas interessadas nas aulas do
que vagas disponíveis", afirma Cida Vieira, presidente da Aprosmig.
“Welcome everybody to Bahia!", diz com orgulho o garçom
Jurandir Marques a frase que, após um mês e meio de estudo, já consegue dizer
em inglês. Aos 44 anos de idade, ele afirma que as primeiras aulas "foram
difíceis", mas a persistência compensou. "Eu comecei do zero, nunca
tinha estudado inglês na vida. Só cursei até o terceiro ano ginasial".
O curso, puxado – quatro horas por dia, cinco dias por
semana -- termina nesta sexta-feira (21). "O importante é que não vou
passar vergonha. Se encontrar um americano pela frente, já consigo conversar,
perguntar de onde ele é, explicar o cardápio", comemora Marques.
O garçom é um dentre os quase 115 mil brasileiros que devem
aprender inglês ou espanhol até o fim do ano que vem para receber os turistas
estrangeiros no país até o início da Copa do Mundo de 2014. Este número inclui
apenas o número de vagas oferecidas pelo Pronatec Copa, programa de
qualificação profissional de trabalhadores para a Copa do Mundo de 2014
oferecido pelo Ministério do Turismo; e pelo programa Taxista Nota 10, que
pretende ensinar inglês ou espanhol para 80 mil taxistas até 2014.
Instituições independentes, como sindicatos e associações
profissionais, também oferecem cursos de inglês e espanhol para seus
integrantes de olho no grande fluxo de estrangeiros esperado durante a
competição futebolística.
Garotas de programa
É o caso da Aprosmig (Associação das Prostitutas de Minas
Gerais), que pretende qualificar cerca de 30 garotas de programa em Belo
Horizonte para receber os turistas estrangeiros durante o mundial de 2014 com o
inglês na ponta da língua. "Havia mais garotas interessadas nas aulas do
que vagas disponíveis", afirma Cida Vieira, presidente da Aprosmig.
"É tudo parte de um esforço não só pra gente promover a
indústria do sexo e aproveitar as oportunidades com a chegada de estrangeiros
na cidade, mas também para que a gente seja respeitada", afirma Cida.
"Quanto mais nos capacitamos, maior o diálogo que a gente estabelece com a
sociedade e, assim, ajudamos a diminuir o preconceito", completa.
A Aprosmig fechou parceria com uma instituição de Belo
Horizonte para o curso, que ocorre ao longo do primeiro semestre de 2013.
Acarajé
"A minha profissão pede que eu consiga me comunicar com
estrangeiros e a Copa vai ser a maior vitrine, deve vir gente do mundo
todo", diz Jacilene Monteiro, coordenadora da ABAM (Associação das Baianas
do Acarajé), entidade com 20 anos de idade que conta com cerca de três mil
vendedoras de acarajé afiliadas na Bahia. "Até hoje eu só estudei inglês
por uma semana e vi que levo jeito, tenho capacidade de aprender. Mas nesse
cursinho de uma semana aprendi só o básico, bom dia, boa tarde essas
coisas", afirma Jacilene.
Em Salvador, cerca de 200 baianas vendedoras de acarajé
devem aprender inglês por um semestre até o final de 2013. "O acarajé é um
dos principais pratos do Brasil e ele não existe sem a baiana. Imagina se a
gente fica de fora?", questiona Jacilene.
Taxistas preocupam
De acordo com uma pesquisa divulgada pela SPTuris (São Paulo
Turismo) neste ano, 71% dos taxistas da capital paulista falam somente o
português, e apenas 14% possuem algum domínio da língua inglesa. Situação
semelhante se repete nas outras 11 cidades-sede da Copa de 2014.
Para tentar remediar esta situação, uma parceria entre
Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), CNT
(Confederação Nacional dos Transportes), Sest (Serviço Social de Transporte) e
Senat (Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte) criou o projeto Taxista
Nota 10, que pretende ensinar inglês ou espanhol para 80 mil motoristas até
2014.
O curso de idiomas do programa é oferecido à distância. O
aluno ganha livro textos, um caderno de atividades e um CD. Depois de três
meses, uma prova é feita presencialmente para averiguar o aprendizado.
Iniciativa própria
"Sempre senti muita falta de saber falar inglês não só
no trabalho, mas na vida inteira", conta o taxista Felipe Karmam, de 32
anos, que vive e trabalha em São Paulo. "Com essa história de Copa do
Mundo, resolvi que era uma boa desculpa para começar a aprender", explica
o taxista. Karmam se matriculou por conta própria em um curso de inglês no
começo de 2012, e acredita que até a Copa de 2014 será possível se comunicar
bem em inglês com passageiros estrangeiros.
Apenas em Salvador, o Ministério do Turismo investe R$ 1
milhão para ensinar inglês a 1.020 taxistas. As aulas devem começar em março de
2013. De acordo com o órgão, até o final deste ano 6,5 mil profissionais
concluirão cursos de inglês ou espanhol financiados pelo Pronatec Copa. Até o
final de 2013, o programa pretende ensinar inglês ou espanhol para mais 30 mil
trabalhadores.
Fonte: Tribuna Hoje
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