quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

A Pastoral da Mulher de BH presente no lançamento do Programa Estadual de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas


A Pastoral da Mulher de BH participou hoje, dia 19, do lançamento  oficial do Programa de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas (PETP)  pela Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds).


O evento, que aconteceu  no  auditório do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais  contou com a participação de numerosas entidades públicas ligadas à segurança e Defesa Social, e também com a presença da maior parte da Equipe da Pastoral, na tentativa de ajudar a estabelecer uma rede operativa e ampla no combate a este fenômeno onde a sociedade civil possa estar devidamente representada.
 
Os eixos de atuação do PETP  são a prevenção, a atenção às vitimas e aos seus familiares e a repressão e responsabilização dos autores. Nessa estrutura, há um Núcleo de Enfrentamento para acompanhar os casos e um Comitê Interinstitucional, que foi lançado hoje, com o objetivo de articular representações das polícias Civil e Federal, rodoviárias Estadual e Federal, Ministério Público, Defensoria Pública, equipes de direitos humanos e pastas vinculadas à União. Para o ano que vem, a ideia é abrir um posto de enfrentamento no Aeroporto Internacional Tancredo Neves, em Confins, para atender deportados, identificando possíveis casos de tráfico de pessoas e investindo em ações preventivas com servidores e companhias aéreas.
 
A Defensora pública-geral do Estado de Minas Gerais, Andréa Abritta Tonet, explicou que cerca de um milhão de pessoas por ano são traficadas e o 98% são mulheres. As vitimas têm entre 10 e 29 anos de idade e o 25% não ultrapassa os 19 anos de idade. Bahia, Pernambuco e Mato Grosso do Sul são os estados de Brasil de maior incidência de captação de vitimas. Minas Gerais, segundo estudo financiado pela Comissão Europeia e divulgado este ano, é a segunda principal origem do Brasil para Itália e Portugal. A Dra. Andréa também sublinhou o fato do tráfico de seres humanos ser um crime que quase não aparece, pela “invisibilidade “ das vítimas (pessoas desafortunadas, muito pobres e no caso das menores, entregues por seus próprios cuidadores).
O secretário Nacional de Justiça do Ministério da Justiça, Paulo Abrão agradeceu às pessoas  e entidades que trabalham na base, em contato direto com as vitimas do tráfico de seres humanos. Insistiu em que combater o tráfico de pessoas não implica criminalizar o direito humano à migração, e que não se pode fazer juízo moral sobre as escolhas das pessoas que buscam melhoria de sua qualidade de vida.
De maneira convincente o Dr. Paulo Abrão expus como a causa principal deste terrível crime é a mercantilização da vida humana. Também contribui a cultura machista presente em Brasil, e o fato de ser o nosso ainda um pais em desenvolvimento, com muitos âmbitos de pobreza, que motiva às pessoas a buscar novas oportunidades de realizar seus sonhos aceitando convites ou propostas duvidosas para trabalhar no exterior
Pesquisa
 
 Uma pesquisa feita pelo International Centre for Migration Policy Development, sobre tráfico de seres humanos do Brasil para Itália e Portugal, mostra que 76 inquéritos sobre tráfico de pessoas foram abertos pela PF em Minas Gerais, entre 1996 e 2009. O trabalho, financiado pela Comissão Europeia, foi feito entre 2009 e 2010, a partir dos casos de deportados que voltaram para o Aeroporto Internacional Franco Montoro, em Guarulhos (Grande SP) e entrevistas feitas naqueles países.
 
Batizado de Jornadas Transatlânticas, o estudo aponta locais tidos como “a origem de um grande número de presumíveis vítimas brasileiras”. A pesquisa se concentrou nos estados de São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Paraná, Pará, Piauí, Pernambuco e Distrito Federal. Nesse ranking, Goiás aparece em primeiro, seguido de Minas, São Paulo e Paraná.
 
O Relatório Global 2012 sobre Tráfico de Pessoas, feito pelo Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (Unodc), alerta para os baixos índices de punição, já que 16% dos países analisados não registraram condenação por tráfico de pessoas entre 2007 e 2010. Nesse mesmo período, 27% das vítimas de tráficos foram crianças, segundo o relatório. Ao somar os dados de mulheres e meninas, o percentual chega a 75%. Dos 132 países analisados, 118 apresentaram dados relativos ao tráfico humano.

 

Nenhum comentário: