SESI faz parceria com a Infraero para sensibilizar
sociedade
Representantes da rede ECPAT France (End Child Prostitution
And Trafficking– Fim da Prostituição e Tráfico de Crianças) e do Conselho
Nacional do SESI anunciaram a realização de uma campanha de prevenção da
exploração sexual de crianças e adolescentes no Brasil, com foco nos grandes
eventos esportivos que o Brasil sediará nos próximos anos.
A ação terá início
em 2013 e envolverá cerca de 20 países – França, Holanda, Alemanha, Áustria,
Polônia, Bulgária, Bélgica, Brasil, Italia, Ucrânia, Suíça, Espanha, Madagascar,
Romênia, República Tcheca, Kênia, África do Sul, Reino Unido, Senegal e
Estônia.
A campanha terá o slogan “Não desvie o seu olhar!” e deverá
atingir pessoas que pretendem viajar para o Brasil para acompanhar os jogos da
Copa das Confederações, a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos. A iniciativa
contará com aporte de recursos da União Européia e terá, ainda, apoio de
entidades da sociedade civil e de empresas como a Air France e Carrefour.
“Estão previstos eventos de mobilização, ações em redes sociais, mídia e a
sensibilização de profissionais do setor turístico para que não aceitem a
prática do crime e denunciem”, disse Phillippe Galland, diretor da ECPAT
France.
A primeira ação da campanha foi a promoção do seminário
internacional “A Exploração Sexual e os Grandes Eventos Esportivos”, que
aconteceu hoje, em Paris. O evento, promovido pelo Conselho Nacional do SESI,
Fundação Scelles e ECPAT France, teve o objetivo de discutir ações conjuntas
entre governos, sociedade e terceiro setor para a prevenção dos casos de
exploração sexual no Brasil, em função da Copa do Mundo e das Olimpíadas.
Cerca de 120 pessoas participaram do seminário, que contou
com a participação de painelistas franceses e brasileiros. Dentre eles, o
presidente da ECPAT France, Xavier Emmanuelli; o presidente da Fundação
Scelles, Yves Charpenel; o diretor do Escritório de Organização Internacional
do Trabalho na França, Jean-François Trogrlic; o embaixador para os Direitos do
Homem do Ministério de Relações Exteriores da França, François Zimeray; da
secretária de Direitos Humanos da Presidência da República, Angélica Goulart;
da assessora Especial do Ministério do Turismo, Suzana Dieckmann; e do
presidente do Conselho Nacional do SESI, Jair Meneguelli.
Exploração sexual x eventos esportivos
Um dos pontos altos do evento foi a apresentação de um
diagnóstico encomendado pelo Conselho Nacional do SESI sobre a relação entre as
denúncias de exploração sexual no Brasil e a taxa de entrada de turistas
estrangeiros no Brasil. O responsável pela pesquisa, o pesquisador e doutor da
Universidade Johns Hopkins, Miguel Fontes, analisou dois estados brasileiros, a
partir de dados fornecidos pelo Ministério do Turismo: Bahia e São Paulo. A
escolha se deu em função das principais motivações dos turistas que frequentam
os dois estados. Mais de 46% dos turistas estrangeiros que vão à Bahia, estão
em busca do Turismo de Lazer, enquanto em São Paulo, 56% dos turistas vão a
negócios, ou seja, a trabalho.
O levantamento verificou que, na Bahia, há uma denúncia de
exploração sexual para cada 372 turistas estrangeiros. Já em São Paulo, é
necessária a entrada de 2.500 turistas para o registro de uma denúncia. De
acordo o pesquisador Miguel Fontes, “não é possível fazer uma projeção concreta
para a Copa do Mundo, mas é possível falar de uma tendência de um agravamento
da exploração sexual em função do aumento do fluxo turístico”.
Mais de 600 mil turistas são esperados no Brasil durante a
Copa de 2014 e, nesse mesmo período, cerca de 3 milhões de turistas nacionais
também deverão circular pelo país. “É um estudo conservador porque fala de um
turista ‘geral’. Ainda não há dados confiáveis com o perfil desses viajantes,
como gênero e renda. Esperamos, depois de um evento como esse, contar com os
parceiros da rede para fazermos estudos qualitativos sobre o tema”, disse
Fontes.
A pesquisa também concluiu que programas de inserção socioeconômica,
como o ViraVida (desenvolvido pelo SESI), campanhas de sensibilização contra a
exploração sexual e ações de combate ao turismo sexual são, efetivamente, as
soluções mais viáveis para o enfrentamento do problema. Além disso, a pesquisa
também revelou que 20% dos casos de exploração sexual têm relação direta com
baixos índices de desenvolvimento humano (IDH).
Fonte: /www.rn.senai.br/
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