A exploração sexual de crianças e adolescentes está ligada às atividades turísticas de lazer. Por isso, podemos projetar que a realização de grandes eventos esportivos mundiais, ao promover um aumento do fluxo de pessoas (para o Brasil), pode ampliar o número de casos desse tipo.
Após a divulgação em Paris de um estudo que mapeia a relação
entre o turismo de lazer e a exploração sexual de menores no Brasil,
pesquisadores e especialistas fizeram um alerta nesta terça-feira sobre o risco
de um aumento do turismo sexual infantil no País durante a realização da Copa
de 2014 e Olimpíada de 2016.
O estudo, coordenado por um pesquisador do Sesi (o Serviço
Social da Indústria), foi divulgado nesta terça-feira durante o seminário
internacional "Turismo Sexual Envolvendo Crianças e Grandes Eventos
Esportivos", que reuniu organizações de luta contra a exploração sexual
infantil e profissionais do setor de viagens de diversos países.
Durante o evento, a organização ECPAT (sigla em inglês para
Fim da Prostituição e do Tráfico de Crianças para Fins Sexuais) também anunciou
que lançará, com apoio do Sesi, uma campanha internacional para prevenir o
agravamento desse problema durante os Jogos no Brasil.
O pesquisador Miguel Fontes, que além de atuar na área de
pesquisas estratégicas do Sesi também está ligado à Universidade John Hopkins,
analisou a relação existente entre o número de entradas de turistas
estrangeiros em São Paulo e na Bahia de 2008 a 2010 e o total de denúncias de
exploração sexual infantil nesses dois estados no período.
"Na Bahia, onde
o turismo é de lazer, os resultados demonstram que para cada 372 turistas
internacionais, houve o aumento de uma denúncia de exploração sexual de
crianças. Em São Paulo, onde o turismo de negócios é maior, somente com o
aumento de 2,5 mil turistas se detecta o aumento de uma denúncia de exploração
sexual infantil", diz Fontes.
"A exploração
sexual de crianças e adolescentes está ligada às atividades turísticas de
lazer. Por isso, podemos projetar que a realização de grandes eventos
esportivos mundiais, ao promover um aumento do fluxo de pessoas (para o
Brasil), pode ampliar o número de casos desse tipo", conclui o consultor.
Perfil das vítimas e
campanha
Segundo Fontes, as
crianças exploradas sexualmente no Brasil têm por volta de 11 anos em média. As
meninas representam quatro de cada cinco casos de denúncias. E a região
nordeste concentra 37% dos casos.
O ministério brasileiro do Turismo prevê 600 mil turistas
estrangeiros e 5 milhões de visitantes brasileiros só durante a Copa do Mundo,
em 2014. "O grande fluxo de pessoas aumenta as possibilidades de
exploração sexual de crianças. A miséria cria a oferta de menores e as redes
mafiosas vão querer suprir a demanda", afirma Jair Meneguelli, presidente
do Conselho Nacional do Sesi.
A campanha da ECPAT, intitulada "Não desvie o
olhar", prevê vídeos e pôsteres que serão exibidos em aeroportos, aviões,
agências de viagens, bares, restaurantes e outros espaços públicos em dez
países da Europa e também no Brasil. Também prevê a criação de um um site
europeu para denúncias.
A realização da ação custará 3 milhões de euros
(aproximadamente R$ 8 milhões), que serão financiados principalmente por
recursos da União Europeia.
Fonte: Terra
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