A Polícia Civil desbaratou um esquema de prostituição de
menores na Rocinha, na quinta-feira passada, com a prisão do principal
agenciador das jovens, o cabeleireiro Dhemian Alves Lopes, de 24 anos, como
mostrou neste domingo o programa “Fantástico”, da TV Globo.
Infiltrado como um advogado espanhol, um produtor do
“Fantástico” passou uma semana na comunidade fazendo passeios turísticos para
se aproximar do agenciador e apurar como funcionava o esquema de exploração
sexual, que é exclusivamente destinado a estrangeiros, pois pagam valores mais
altos. O programa chegava a custar até R$ 500.
Muitos dos encontros aconteciam em quartinhos alugados na
comunidade ou em hotéis próximos à favela de São Conrado. O agenciador tinha
uma grande agenda de contatos e oferecia meninas de diferentes aparências
físicas.
Logo no primeiro encontro com as meninas, num bar da Via
Ápia, na entrada da comunidade, o produtor já pôde conferir a variedade de
jovens que participavam do esquema do cabeleireiro. O agenciador peguntava a
preferência do cliente e apresentava as opções: louras, morenas e mulatas. As
jovens também exibiam fotos sensuais nos celulares durante a negociação.
Algumas fotografias chamaram a atenção do produtor. Entre
uma e outra imagem das meninas de lingerie, apareceram fotos de iniciais de uma
facção criminosa e de um traficante conhecido como Pateta, que seria o sucessor
do Nem no comando da comunidade, mas foi morto pela própria quadrilha.
Parentes se beneficiavam
A reportagem também mostrou que o dinheiro do turismo sexual
chegava às mãos dos parentes das jovens. Uma jovem de 16 anos, por exemplo, foi
flagrada falando ao celular com a mãe, dizendo que estava fazendo um PG
(programa) e que não poderia continuar a conversa, mas que ia enviar R$ 50 para
ajudá-la.
Nenhuma negociação feita pelo produtor do “Fantástico” foi
levada até o fim.
— Essas meninas se beneficiavam do tráfico — disse o major
Edson Santos, comandante da UPP da Rocinha. — Elas conviviam com os
traficantes. Não diretamente fazendo programa, mas elas se beneficiavam do
dinheiro do tráfico, junto com o traficante. Ou seja, foi o primeiro momento em
que essas meninas foram desvirtuadas. Num segundo momento, quando o tráfico
perdeu o poderio dentro da comunidade, essas meninas foram, através da
persuasão desse aliciador, introduzidas na prostituição, sendo oferecidas para
os turistas.
Taxistas seriam cúmplices
Segundo o delegado Fábio Barucke, titular da 15ª DP (Gávea),
o esquema de prostituição era conhecido por taxistas e guias de turismo que
circulam na Rocinha. Eles apontariam Dhemian como agenciador quando o assunto
era turismo sexual. O cabeleireiro só aceitava clientes indicadas por pessoas
das suas relações.
Para o delegado, ficou claro que o esquema de exploração
sexual tinha a participação de pessoas ligadas ao turismo na comunidade, que
fazem os primeiros contatos com os estrangeiros.
As escutas também revelaram que o agenciador atuava
negociando a prostituição de menores no Vidigal. Dhemian Alves Lopes vai
responder a inquérito na polícia por exploração sexual de crianças e
adolescentes. A pena máxima prevista para esse crime é de dez anos de prisão.
Fonte: Yahoo noticias
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