Mais de 50 organizações e atores sociais assinaram e estão
divulgando por meio da internet e das redes sociais um manifesto contrário ao
uso excessivo de agrotóxicos e contra a criminalização de Frei Gilvander Luís
Moreira, padre da Ordem dos Carmelitas e militante dos direitos humanos no
estado brasileiro de Minas Gerais. O
manifesto denuncia que Frei Gilvander teve a prisão preventiva decretada após
denunciar, por meio de vídeo postado no youtube e em http://gilvander.org.br, a
grande quantidade de agrotóxico presente em feijão produzido no município de
Unaí, no noroeste do estado.
Frei Gilvander Luís Moreira, padre da Ordem dos Carmelitas,
militante dos direitos humanos, assessor da Comissão Pastoral da Terra,
conselheiro do Conselho Estadual de Direitos Humanos – CONEDH/MG - apoiador e
articulador dos movimentos sociais populares, dentre os diversos trabalhos que
vem realizando em Minas Gerais na defesa dos pobres e, sobretudo da vida com
dignidade, divulgou no
www.youtube.com.br e em seu
site www.gilvander.com.br (Galeria de
vídeos) um vídeo que denuncia o excesso de veneno em feijão no município de
Unaí, Noroeste de Minas Gerais, Brasil.
O vídeo tem em como título: O feijão de
Unaí está envenenado? – encontrável através do link: http://www.youtube.com/watch?
v=uOrtJVd-A0Q&feature=relmfu
Frei Gilvander escutou a denúncia e colheu algumas
informações de usuários da marca Feijão Unaí utilizando-se do direito da livre
manifestação, do direito a informação e
atendeu ao apelo da Campanha da Fraternidade 2011: “Fraternidade e Saúde
Pública”, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil - CNBB.
É de conhecimento público que o uso indiscriminado de
agrotóxicos, no meio popular rural chamado de veneno, se tornou objeto de
inúmeras reportagens, pesquisas científicas e documentários, tendo causado
grandes problemas para a saúde de muita gente, inclusive com comprovação
científica de ser uma das causas do vertiginoso número de pessoas com câncer no
Brasil. Cf. o Filme-Documentário O VENENO ESTÁ NA MESA, do cineasta Sílvio
Tendler, também disponibilizado na internet, no youtube.
A matéria do vídeo divulgado traz uma grande preocupação com
a saúde das pessoas que vivem na região de Unaí pelo excesso de utilização de
veneno nos alimentos, entre os quais, o feijão. O vídeo fala do feijão que foi
enviado para a merenda escolar de uma determinada escola e que as cozinheiras
ao iniciaram o preparo do feijão não suportaram o mau cheiro e os sinais de
veneno contidos no feijão, chegando, inclusive a passarem mal. Que este
processo vem se repetindo, chegando ao ponto de até já ter que jogar o feijão
fora e que este feijão tem a marca “feijão Unaí”.
Um Relatório da Câmara dos Deputados afirma que “A incidência de câncer em regiões produtoras
de Minas Gerais, que usam intensamente agrotóxicos em patamares bem acima das
médias nacional e mundial, sugere uma relação estreita entre essa moléstia e a
presença de agrotóxico’ .
Em Minas Gerais , justamente na cidade de Unaí, está sendo
construído um Hospital do Câncer conforme pode ser visto em: http://www.youtube.com/watch?
v=pBoc847Z134 , pela malsinada
ocorrência volumosa desta doença na região Noroeste de Minas Gerais.
Segundo os dados apresentados na Ausculta Pública que foi
realizada em UNAÍ pela Comissão Parlamentar, revelaram no documento da CAMARA
FEDERAL, que já estão ocorrendo cerca de 1.260 casos/ano/100.000 por habitantes. A média mundial não ultrapassa
400 casos/ano/100.000 pessoas.” Ou seja, se não houver uma redução drástica no
uso de agrotóxico, daqui a 10 anos, poderá ter na região noroeste atendidos na
cidade de Unaí, mais de 12.600 pessoas com câncer, sem contar o grande número
de pessoas que já contraíram essa
moléstia grave.
Nesse sentido, se observar bem a narrativa do vídeo
apresentado por Frei Gilvander, há apenas depoimentos de consumidores da marca
Feijão Unaí revelando o mau cheiro no feijão característico de uso de agrotóxicos. Não há uma narrativa de cunho
difamatório, senão apenas informativa em que pessoas dizem sua opinião e o que
pensam sobre o dito feijão.
Porque foi dito isso na entrevista e apresentada a marca do
feijão, a Empresa responsável/proprietária do Feijão Unaí não só processou o
Frei Gilvander e os responsáveis do Google e Yootube, como o juiz de Unaí, do
Juizado Especial Cível, responsável pelo processo, decretou a prisão preventiva
de Frei Gilvander, caso não seja retirado o vídeo da internet dentro de cinco
dias.
O Estado democrático de direito em que vivemos nos garante o
direito de livre expressão e de informação, assim como o sagrado direito a
saúde. Um vídeo como este que pretende alertar as pessoas para o cuidado com o
veneno nos alimentos, chegou ao cúmulo de se transformar em um processo no qual
a empresa alega ter sofrido “danos materiais” e “danos morais”, de haver sido
vítima de “difamação” e para completar, o juiz cível decreta a prisão do frei e
dos diretores do Google e do youtube, que, inclusive, já apresentaram defesa
dizendo que no vídeo não nada de ilícito, que o vídeo se trata de reportagem,
de informação, o que está assegurado pelas leis brasileiras. Por isso o Youtube
nem frei Gilvander não retiraram o vídeo do ar.
Conclamamos apoio e ampla divulgação desse Manifesto,
considerando que tal processo e decisão judicial é uma ofensa ao Estado
democrático de direito, uma violação do direito fundamental de livre
manifestação e de informação, assim como uma ameaça à saúde pública visto que o
vídeo é um importante alerta não só para as pessoas que vivem na região de
Unaí, MG, mas para toda a população brasileira.
E, se você julgar pertinente, acrescente seu nome ou o nome
de seu movimento/entidade na lista, abaixo, e socialize, compartilhe com outras
pessoas para que se fortaleça a Campanha Permanente contra os agrotóxicos e por
alimentação saudável, sem criminalização de quem defende os direitos humanos.
Assinam esse Manifesto:
Comissão dos Direitos Humanos da OAB/MG
Movimento Nacional de Direitos Humanos - MNDH
Conselho Estadual dos Direitos Humanos de Minas Gerais -
CONEDH
Brigadas Populares
CUT-MG – Central Única dos Trabalhadores
SINDUTE-MG
SINDIELETRO-MG
MST – Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra – MG
Comissão Pastoral da
Terra – CPT/MG
SINDPOL/MG – Sindicato dos Servidores da Polícia Civil do
Estado de Minas Gerais
MLB – Movimento de
Luta nos Bairros, Vilas e Favelas
AGB – Associação dos Geógrafos Brasileiros
MTD – Movimento dos Trabalhadores Desempregados
SINDÁGUA-MG
PSOL-MG
Prof. José Luiz Quadros de Magalhães, Dr. Direito
Constitucional, prof. UFMG E PUC-MINAS
Patrus Ananias,
ex-Ministro do Ministério do Desenvolvimento Social
Willian Santos, presidente da Comissão dos Direitos Humanos
da OAB-MG
Grupo de amigos e
Familiares de Pessoas em Privação de Liberdade
Instituto Helena
Greco de Direitos Humanos e Cidadania
Centro de Cooperação
Comunitária Casa Palmares
Conselho da Comunidade na Execução Penal de Belo Horizonte
Comunidade Dandara
RENAP – Rede Nacional de Advogados Populares
IPDMS – Instituto de Pesquisa, Direito e Movimentos Sociais,
MG
Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa do
Estado de Minas Gerais
MOCECO
Comissão de Meio ambiente do bairro Havaí e Adjacências
Ana Maria Turolla
Vereador Adriano Ventura – Partido dos Trabalhadores/BH
Fórum Mineiro de Direitos Humanos
Osmar Resende – Libertos Comunicação (Movimento LGBT)
Mídia, Comunicação e
Direitos Humanos
Instituto de Direitos Humanos – IDH
Fórum Mineiro de Direitos Humanos
Comitê Estadual de Educação e Direitos Humanos – COMEDH
Pastoral da Mulher de BH
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