Bruna Brito ainda não conseguiu
retomar sua rotina após cartaz
Reprodução/Facebook
Foram quatro meses afastada do
trabalho. Com depressão após ser vítima de difamação e ver cartazes espalhados
pelas ruas do bairro onde trabalhava como analista financeira com sua foto
anunciando uma promoção de seus serviços como garota de programa, a vida da
estudante Bruna Brito, 24 anos, mudou. Ela parou de estudar e de trabalhar,
começou a tomar remédio e fazer acompanhamento psicológico.
Após iniciar o tratamento e
melhorar do trauma psicológico, a jovem foi considerada apta a voltar ao
trabalho e disse que estava animada para isso — mesmo sabendo que a principal
suspeita da polícia era de que o cartaz tinha sido feito por alguém da empresa.
No entanto, seu retorno não foi aprovado.
— Fui liberada pelo INSS para
trabalhar e a empresa não deixou, mas não me mandou embora. Estou desde outubro
sem receber. Eu fiquei muito mal porque eu sempre vestia muita a camisa da
empresa, sempre gostei de trabalhar lá e fiquei muito abalada quando falaram
que eu não ia voltar.
Segundo Anderson Tavares Brito
dos Santos, advogado da jovem, houve uma divergência entre os médicos
envolvidos no caso. O perito do INSS aprovou o retorno ao trabalho, mas o
médico da empresa discordou do laudo e disse que ela ainda não tinha condições
de retomar as atividades. Com as decisões diferentes, Bruna ficou sem permissão
para voltar, mas também não conseguiu continuar afastada. Desde então, ela
entrou com um processo contra a empresa e não conseguiu arranjar outro
trabalho.
— Na época eu queria até voltar
[para o antigo trabalho] porque sempre gostei muito, mas essa postura me
machucou muito. Agora quero que me mandem embora. Entrei com processo e estou
com uma dívida enorme na faculdade. Tudo o que aconteceu não me causou apenas
um dano emocional e social, mas financeiro também, bagunçou toda a minha vida.
As mensalidades da faculdade
deixaram de ser pagas no início deste ano, segundo ela. Estudante do 4º
semestre de fisioterapia, ela espera conseguir algum acordo com a universidade
para conseguir continuar na instituição com esse atraso no pagamento.
— Vou hoje mesmo conversar na
faculdade para ver como podem me ajudar e eles [empresa] não estão nem aí. Não
me deixam voltar e não me mandam embora.
Além de ter que lidar com o
problema financeiro, os telefones e o nome completo da jovem foram divulgados
no anúncio, em maio de 2015, e até hoje, mais de um ano depois, ela ainda
recebe mensagens. Em abril, por exemplo, um homem mandou o seguinte recado:
"Vi seus serviços e gostaria de contratá-los. Os preços continuam os
mesmos?". Em maio, outro rapaz questionou a veracidade do cartaz: "Vi
seu anuncio. Procede?”.
— Fico sem reação, me machuca.
Mas ignora as mensagens. Guarda
como possíveis provas de que ainda sofre com isso, mas não responde nenhum
contato. A jovem sabe que as imagens dos cartazes ainda circulam e tenta não se
abater com a situação.
— Até hoje me sinto mal. Eu fico
insegura e com medo, com vergonha da pessoa ter visto o cartaz.
A jovem continua fazendo
acompanhamento psicológico uma vez por mês e ainda convive com a espera e a
incerteza. O processo criminal corre em segredo de Justiça e Anderson Tavares
Brito dos Santos informou apenas que uma nova suspeita será ouvida em breve. Já
o processo contra a empresa continua em andamento — sem acordo na primeira
audiência, um novo encontro foi agendado para fevereiro de 2017, o que indica
que a situação trabalhista da jovem continuará em suspenso pelo menos até o início
do ano que vem. Segundo Bruna, algumas pessoas da empresa prestaram depoimento
no ano passado, mas desde o ocorrido ninguém do setor foi demitido. Em nota, a
empresa informou que prestou "todo apoio possível" para Bruna que
"por iniciativa própria, apresentou o caso à Justiça. Desta forma, nos
pronunciaremos dentro do âmbito em que o caso está sendo discutido". Bruna
continua na espera.
— Minha esperança é que as
pessoas sejam desmascaradas logo, que a empresa me mande embora e me pague os
atrasados. Está muito difícil, vejo como minha mãe está sofrendo. Não vejo a
hora disso tudo acabar e me resolver financeiramente. Não vejo a hora disso
acabar.
Fonte: http://noticias.r7.com/
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