segunda-feira, 15 de agosto de 2016

Festa da Assunção. Maria: modelo dos servidores do Evangelho

 Celebrar a assunção de Maria é celebrar a glória do Deus que se manifesta na vida dos pequenos deste mundo. A humilde serva de Nazaré era uma pequenina do povo de Deus. Ela sabia muito bem que a glória de Deus é o povo livre (Oscar Romero, bispo e mártir). Que o povo tenha vida e liberdade é o desejo do Deus a quem Maria serviu e amou.

Por Tiago de França
    Neste Domingo, a Igreja celebra a assunção de Maria: dogma mariano que fala da elevação de Maria ao céu. Nossa reflexão não quer falar deste dogma em si mesmo, mas de Maria a partir de algumas expressões contidas no texto evangélico da liturgia desta Solenidade (cf. Lc 1, 39 – 56).

Antes, é preciso considerar que com a assunção de Maria a Igreja não quer afirmar que ela seja melhor ou mais pura do que as demais mulheres, mas quer dizer aquilo que o povo de Deus, a Igreja peregrina, deve ser no mundo que há de vir, onde todos os batizados em Cristo serão glorificados nele e com ele, conforme as Escrituras.

            Citemos, pois, e atualizemos algumas expressões interessantes do texto evangélico de Lucas tendo como pano de fundo o discipulado e a missionariedade de Maria: aquela que aceitou ser a mãe de Jesus para o nosso bem e para a salvação de toda a humanidade.

            Maria partiu para a região montanhosa, dirigindo-se, apressadamente... Após ter aceitado a missão de ser a mãe de Jesus, Maria parte para servir à sua prima Isabel. Quando se assume a missão é preciso partir. Maria partiu para uma região montanhosa. A missão não acontece somente na planície, mas no sobe e desce das regiões montanhosas da vida. Esta tem seus altos e baixos e para subir a montanha é preciso ter coragem, coragem para não ser dominado pelo desânimo. Como estamos lidando com as regiões montanhosas de nossa vida?...

            Maria se dirigiu às pressas. Ela tinha pressa em se encontrar com sua prima para servi-la. Quem necessita de ajuda se encontra sempre numa situação emergente. Por isso, o missionário precisa ter pressa, precisa saber para onde vai, precisa partir. Atualmente, a pressa é um mal porque, de modo geral, as pessoas se apressam para ir ao encontro daquilo que é supérfluo marginalizando, assim, o essencial. Este não se encontra naquilo que é meramente material, mas o transcende infinitamente: o essencial é o amor vivido na gratuidade, na verdade e na liberdade. Este amor está passando a ser secundário. O que estamos buscando com nossa pressa?...

            Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança pulou no seu ventre e Isabel ficou cheia do Espírito Santo. A saudação do missionário e da missionária é sempre um desejo de paz. Esta alegra o espírito humano e o deixa feliz, o anima, eleva-o ao coração de Deus. O encontro entre o servidor e seu irmão necessitado é um encontro alegre, é momento de solidariedade, da ação amorosa de Deus que se compadece do sofrimento humano porque ama e jamais esquece seus filhos e filhas; é ação do Espírito que opera no mais profundo do coração humano impulsionando a pessoa ao amor fraterno. Este Espírito é Deus criando e recriando todas as coisas. Temos escutado a voz do Espírito em nós?...

            Bem-aventurada aquela que acreditou, porque será cumprido o que o Senhor lhe prometeu. Maria é feliz porque acreditou em Deus, acreditou na palavra de Deus, e vendo sua fé Deus cumpriu sua promessa: verdadeiramente, enviou o Messias prometido. Este Messias nasceu do seio de Maria após ter saído do seio do Pai e permanecendo unido a Ele cumpriu fielmente a sua missão. Deus é fiel porque cumpriu com que havia dito pela boca dos profetas, que enviaria o Messias para socorrer Israel, seu servo (o povo de Deus). Por que acreditamos em Deus?...

            O texto termina com o belíssimo cântico que Lucas colocou nos lábios de Maria. Nele, ela canta as maravilhas do Deus da vida em favor de seu povo escolhido. O cântico é uma descrição feliz da opção de Deus pelos sofredores deste mundo, especialmente os pobres: os humildes, os simples, os que respeitam a Deus, os famintos; enfim, os deserdados e marginalizados de todos os tempos e lugares. Como lidamos com as pessoas sofredoras que veem ao nosso encontro?...

            Os poderosos deste mundo devem aprender que os pobres são os filhos e filhas de Deus que mais sofrem e que por isso mesmo atraem a misericórdia e a bondade divinas. Explorar estes filhos é provocar a ira de seu Pai, que os ama e quer bem. Eles possuem a força capaz de construir o Reino, pois conhecem este Reino e já estão nele por escolha divina. Sentimo-nos escolhidos e amados por Deus?...

Toda a história da salvação mostra claramente esta predileção divina, predileção que não condena nem exclui ninguém, mas que fala aos homens de todos os tempos: respeitai e cuidai dos pobres, pois Deus veio a este mundo e armou sua tenda entre eles. É por isso que a Igreja deve buscar sempre fazer a opção pelos pobres. Neste sentido é muito feliz a sentença do profeta Pedro Casaldáliga, bispo da Igreja: Se a Igreja esquece a opção pelos pobres, esqueceu o evangelho. Como a Igreja tem feito a opção pelos pobres?...

Celebrar a assunção de Maria é celebrar a glória do Deus que se manifesta na vida dos pequenos deste mundo. A humilde serva de Nazaré era uma pequenina do povo de Deus. Ela sabia muito bem que a glória de Deus é o povo livre (Oscar Romero, bispo e mártir). Que o povo tenha vida e liberdade é o desejo do Deus a quem Maria serviu e amou. É a este mesmo Deus que devemos amar e servir até o dia em que participaremos plenamente de sua vida no mundo que há de vir. Minhas palavras, pensamentos e ações promovem a vida e a liberdade?...


Fonte: http://tiagodefranca.blogspot.com.br/

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