Daí que o prefeito de São Paulo,
Fernando Haddad, aprovou essa lei para multar qualquer estabelecimento que
impedir a amamentação em público. Já não era sem tempo. Antes de ser mãe eu não
entendi muito bem porque diabos afinal a mulher não dava de mamar antes de sair
de casa ou não ia tirar o peito pra fora num lugar mais reservado. Precisava
mesmo ser ali? No restaurante onde eu estava comendo, na exposição que eu
estava assistindo, no parque onde eu estava correndo?
Aí eu fui mãe e a resposta foi:
sim, precisava. E precisa também de muita informação pras pessoas entenderem
que amamentação é algo que diz respeito à mãe e ao bebê e se você está se
sentindo ofendido por tetas de onde sai leite, olha, você pode sair de fininho
e se manter em silêncio como manda a boa educação. Mas como hoje eu estou
legal, vou explicar item por item porque amamentar em público é necessário, e
não só necessário, é um ato político, ideológico e por último e não menos
importante, fucking incrível.
1 – Muito prazer, livre demanda
Segundo o ministério da saúde e
organização mundial de saúde, a amamentação deve acontecer em livre demanda. Ou
seja, sempre que o bebê solicitar. Ou seja: se o bebê pedir peito na exposição
do David Bowie, na fila do caixa do banco, no metrô ou na pracinha é isso que
ele deve ter.
2 – Mas a senhora não quer ir
para um lugar mais reservado?
Geralmente quando nos aconselham
a ir para um lugar mais reservado não estão pensando no conforto da mãe ou no
conforto do bebê – querem tirar nossos peitos do ambiente para evitar ferir
suceptibilidades. Não, eu não vou dar de mamar pra minha filha em um banheiro
ou em um cubículo. Se você não consegue ver um peito sendo sugado por um bebê,
te aconselho terapia e remedinhos.
3 – Mas custa colocar um paninho
por cima?
Custa. Não vou sufocar a minha
filha com um paninho na cara. Quando ela mama a gente gosta de se olhar no olho
– isso se chama conexão e amor. Mas talvez você não saiba o que é isso.
4 – Mas você não está se sentindo
um pouco exposta?
Olha, na verdade o que você chama
de “exposição” eu chamo de liberdade.
5 – Acho que tem um tarado te
olhando.
Eu posso espirrar leite do meu
peito na cara dele. Ou chamar a polícia.
6 – Um nenezinho tudo bem, mas
essa criança enorme pendurada no peito acho exagero.
A Organização Mundial de Saúde
recomenda amamentação até os dois anos ou mais. E quem decide quando a
amamentação da minha filha se encerra sou eu e não a sua opinião.
7 – Mas o que diabos o feminismo
tem a ver com isso?
Mulheres que escolhem ter filhos
sofrem opressões específicas pelo simples fato de terem colocado uma criança no
mundo. Quando existe uma cultura que impede mulheres de circularem livremente
logo identificamos que aquilo é um sistema violento. Impedir uma mulher de
amamentar em público é exatamente isso. Ora, se o único alimento de bebês
pequenos é o peito e uma mulher não pode amamentar em público você está
confinando essa mulher, impedindo que ela participe da vida social e de exercer
a sua cidadania. Não é por que eu me tornei mãe e levo meu bebê a tiracolo por
aí que eu não posso participar da vida em sociedade. (Não que a sociedade
esteja merecendo muito a nossa presença).
8 – Nhaim, mas eu continuo
achando feio.
A sua opinião agora vale uma
multa, segundo a prefeitura de São Paulo. Quinhentos reais perdidos pelo seu
preconceito. Mas caso você ainda queira manifestar a respeito eu e minhas
amigas podemos organizar um mamaço na sua porta, que tal?
Fonte (por Renata Corrêa) Lugar
de Mulher
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