Com público recorde, Papa terminou visita às Filipinas e se
emocionou com relato de garota Glyzelle Palomar, de 12 anos, questionou o motivo
de Deus permitir que crianças inocentes sofram. Durante seu encontro com os jovens no campo esportivo da
Universidade Santo Tomas de Manila, o Papa Francisco criticou o que chamou de
“sociedade machista, que não deixa espaço para a mulher”.
O último dia da visita do Papa Francisco às Filipinas foi
marcado por um recorde e um discurso voltado para a juventude. Atingindo pela
primeira vez o número de seis milhões de fiéis acompanhando o pontífice, o
líder da Igreja fez um apelo para que os filipinos protejam seus filhos do
pecado e dos vícios e se transformem em missionários da fé. O recorde anterior
de católicos presentes numa visita do Papa foi em 1995 com João Paulo II e
cinco milhões de católicos.
A ida de Francisco à Ásia, que começou no Sri Lanka, faz
parte de um plano da Igreja para se tornar mais presente na região que passou a
ter um crescimento de católicos.
— Precisamos ver cada criança como um presente a ser
saudado, acarinhado e protegido. E nós precisamos cuidar de nossos jovens, não
permitindo que lhes seja roubada a esperança ou que sejam condenados a uma vida
nas ruas — afirmou o pontifíce.
O discurso de Francisco foi ovacionado pela multidão que se
alocava em uma área de cerca de 60 hectares. A atenção dada sobre a miséria foi
aplaudida pela população do país em que um quarto de seus 100 milhões de
habitantes vive na pobreza. Na parte da manhã, o líder da Igreja chorou ao
ouvir o relato de duas crianças que foram resgatadas da rua. Na ocasião, a
menina Glyzelle Palomar, de 12 anos, questionou o motivo de Deus permitir que
crianças sofram. A garota é um ex-moradora de rua que foi resgatada por uma
iniciativa da Igreja.
— Por quê Deus está permitindo que algo como isso aconteça
até mesmo para crianças inocentes? E por quê há tão poucos que estão nos
ajudando? — questionou Palomar em meio a lágrimas.
Emocionado, Francisco disse que não tinha resposta:
— Só quando somos capazes de chorar, somos capazes de chegar
perto de responder a sua pergunta.
O pontífice também visitou famílias que foram atingidas por
tragédias e obras de caridade da Igreja.
‘NÃO SEJAM MACHISTAS’
O papa Francisco também afirmou que os homens deveriam ouvir
mais as ideias das mulheres e ser menos machistas.
O papa argentino fez declarações de improviso durante uma
reunião de jovens numa universidade católica na capital das Filipinas, Manila,
depois que percebeu que quatro das cinco pessoas que falaram com ele no palco
eram homens.
— Há apenas uma pequena representação feminina aqui, muito
pequena. As mulheres têm muito a nos dizer na sociedade atual. Às vezes, nós,
os homens, somos muito ‘machistas’. Não damos espaço às mulheres, mas elas são
capazes de ver as coisas por um ângulo diferente do nosso, com um olhar
diferente. As mulheres são capazes de fazer perguntas que nós, os homens, não
conseguimos entender — disse, fazendo a multidão rir.
Foi Glyzelle, que questionou sobre o sofrimento de crianças,
a única menina no grupo e que foi elogiada pelo Papa.
— Então, quando o próximo Papa vier à Manila, por favor,
incluam mais mulheres no seu grupo.
Francisco disse que, embora a proibição da Igreja Católica
Romana em relação à ordenação de mulheres seja definitiva, ele quer promover
mais freiras e outras mulheres a cargos mais importantes no Vaticano.
Fonte: O Globo
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