Francisco pediu que consumidores boicotem produtos de origem
suspeita. Ele denunciou a 'indiferença generalizada' que permite que práticas
sigam
O Papa Francisco pediu uma
mobilização global para combater o tráfico humano e a escravidão nesta
quarta-feira (10), apelando aos consumidores para que boicotem bens que possam
ter sido produzidos por trabalhadores explorados.
O papa Francisco considera que as
"poucas" oportunidades de trabalho contribuem para o surgimento de
formas de escravidão moderna, segundo a mensagem que pronunciará no dia 1º de
janeiro, antecipada nesta quarta-feira pelo Vaticano.
Segundo o papa, as empresas devem
oferecer aos funcionários "condições de trabalho dignas e salários
adequados". O pontífice critica como forma de opressão moderna "a
corrupção dos que são dispostos a fazer qualquer coisa para enriquecer".
O papa passará essa mensagem
quando realizar a 48ª Jornada Mundial da Paz o primeiro dia do próximo ano.
O pontífice menciona como causas
da "escravidão moderna" a pobreza, o subdesenvolvimento e a exclusão,
somadas à falta de acesso à educação ou "a uma realidade caracterizada
pelas poucas, para não dizer inexistentes, oportunidades de trabalho".
O papa denuncia que a corrupção
"ocorre quando no centro de um sistema econômico está o deus dinheiro e
não o homem, a pessoa".
Como formas de escravidão moderna
ele cita o tráfico humano e o tráfico de órgãos, e ressalta que "o direito
de toda pessoa a não ser submetida à escravidão ou à servidão" deve ser
"reconhecido no direito internacional como norma irrevogável".
O papa Francisco se refere em sua
mensagem aos "muitos emigrantes que, em sua dramática viagem, sofrem com a
fome, se privam da liberdade, perdem seus bens ou são abusados física e
sexualmente".
Imigrantes que "após uma
viagem dificílima e com medo e insegurança, são detidos em condições às vezes
desumanas" e se "são obrigados à clandestinidade por diferentes
motivos sociais, políticos e econômicos" ou, "para permanecer dentro
da lei, aceitam viver e trabalhar em condições inadmissíveis".
O papa também se refere aos
"conflitos armados, à violência, ao crime e ao terrorismo" para citar
"outras causas da escravidão" e insiste em que "muitas pessoas
são sequestradas para serem vendidas ou recrutadas como combatentes ou
exploradas sexualmente, enquanto outras são obrigadas a emigrar, deixando tudo
que possuem".
O pontífice lamenta que essas
pessoas se vejam inclinadas "a buscar uma alternativa" e corram
"o risco de entrar nesse círculo vicioso que as transforma em vítimas da
miséria, da corrupção e de suas consequências".
A mensagem também conta com uma
chamada a todos os cidadãos, órgãos internacionais e chefes de Estado e de
governo para que unam seus esforços na luta contra a "escravidão
contemporânea" e para que "não sejam cúmplices deste mal".
Segundo o papa Francisco, os
países "devem monitorar para que a legislação nacional em matéria de
migração, trabalho, adoções, deslocamento de empresas e comercialização dos
produtos elaborados com a exploração do trabalho, respeitem a dignidade da
pessoa".
Os Estados devem garantir a
utilização de "mecanismos de segurança eficazes para controlar a aplicação
correta" das leis para que não haja espaço para "a corrupção e a
impunidade".
Fonte: EFE
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