No dia 25/12/2014,
Dia Internacional da Não-Violência contra a Mulher, tivemos no Cantinho da Paz,
uma tarde de reflexão sobre os vários tipos de violência que as mulheres sofrem
no dia a dia.
Ao refletir o tema da violência à mulher que batalha na
prostituição, E. M, desabafa:
“Nos hotéis de prostituição de BH eles violam
todos os estatutos de direitos humanos. Por exemplo, tem um direito humano que
diz que ninguém deve passar por constrangimento. Lá nos hotéis, quando a gente
não consegue pagar a diária, ou não fez o bastante para pagar, na maioria das
vezes nós somos humilhadas. Já ouvir gerentes falar: “vocês estão velhas demais
por isso não ganham dinheiro”. Pagamos uma diária abusada e cara. Se a gente
reclamar da diária, da falta de segurança, dos piolhos (homens que circulam nos
hotéis) e nos ofende com todo tipo de palavrões, os gerentes dizem pra gente
que se a gente não quiser trabalhar pode sair, porque o que não falta é meninas
para ocupar o lugar. Para os gerentes não existe leis, não existe direitos
humanos, em fim, lá é terra de ninguém,
são eles quem fazem as regras”.
Violência de
cliente: “eu já fiz programa com um rapaz e ele não pagou. Outro dia eu estava
num orelhão, ligando para a minha mãe e esse mesmo rapaz tocou no meu ombro e
falou: “tah lembrada de mim?”eu respondir: sim. Você fez um programa comigo e
não pagou!” Ele ficou quieto, fechou a mão e deu um soco na minha cara, e me
xingou de puta barata”.
Ao refletir a
frase: Que palavras eu já escutei nesta vida que feriu ou fere a minha essência
de Mulher?, surgem os seguintes relatos:
- “filha da puta!
Minha mãe não é isso não”.
- “Filha da peste!
Minha mãe estava morrendo de câncer. Ele não tinha o direito de falar isso”.
- “Vagabunda!”
- “Prostituta!”
- “Aidética... Eu
contrair o vírus da AIDS por causa de um estupro, ao contrário do que as
pessoas pensam por eu ser prostituta. Eu estava indo para casa com uma colega,
estava tarde e um homem se vingou por ter contraído a AIDS e eu fui uma das
suas vítimas...”
- “Revitimizar a
mulher quando a culpa da violência experimentada por ela não é dela. Por
exemplo: quando uma mulher é estuprada e as pessoas falam: “mas também, olha
como ela se veste! Ela procurou!”Isso é um absurdo! O pior é que não é só homem
que fala assim, mas as mulheres também.”
- “O que feriu
minha dignidade de mulher foi uma tentativa de estupro, que eu fiquei três
horas negociando com o homem, para não ser estuprada. Ele era um psicopata.
Tentei o máximo estar calma. Como ele viu que eu estava aparentando tranqüila,
ele desistiu, porque os estupradores gostam das mulheres que tem medo e ficam
apavoradas. O problema é que depois eu tinha nojo de mim. Tinha medo. O que eu
não sentir na hora, sentir depois de me livrar dele. Não fui estuprada, mas fui
violentada”.
- “Fui ao hotel
brilhante pedir chave pra trabalhar e o gerente falou assim comigo: “você não
serve pra trabalhar aqui não, porque você é preta e tem o cabelo duro”, nunca
mais vou lá.”
Muitas mulheres que
trabalham nos hotéis de prostituição do Hiper centro de BH, vem reclamando de
homens que durante o programa, tentam furar, rasgar ou tirar o preservativo.
Segundo denuncia das mesmas, não é pouco o número dos homens que fazem isso.
Finalizamos a tarde
com um sentimento de solidariedade por todas as mulheres que sofrem qualquer
tipo de violência. Numa só voz anunciamos e ao mesmo tempo denunciamos essa
estrutura desumana e desigual, com as seguintes frases:
“A nossa Luta é
todo dia, mulher não é mercadoria!
“A violência contra
a mulher, não é o mundo que a gente quer!”
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