terça-feira, 9 de dezembro de 2014

Comemoração do Dia Internacional da Não-Violência contra a Mulher

No dia 25/12/2014, Dia Internacional da Não-Violência contra a Mulher, tivemos no Cantinho da Paz, uma tarde de reflexão sobre os vários tipos de violência que as mulheres sofrem no dia a dia.
Ao refletir o tema da violência à mulher que batalha na prostituição, E. M, desabafa:
 “Nos hotéis de prostituição de BH eles violam todos os estatutos de direitos humanos. Por exemplo, tem um direito humano que diz que ninguém deve passar por constrangimento. Lá nos hotéis, quando a gente não consegue pagar a diária, ou não fez o bastante para pagar, na maioria das vezes nós somos humilhadas. Já ouvir gerentes falar: “vocês estão velhas demais por isso não ganham dinheiro”. Pagamos uma diária abusada e cara. Se a gente reclamar da diária, da falta de segurança, dos piolhos (homens que circulam nos hotéis) e nos ofende com todo tipo de palavrões, os gerentes dizem pra gente que se a gente não quiser trabalhar pode sair, porque o que não falta é meninas para ocupar o lugar. Para os gerentes não existe leis, não existe direitos humanos, em fim,  lá é terra de ninguém, são eles quem fazem as regras”. 

Violência de cliente: “eu já fiz programa com um rapaz e ele não pagou. Outro dia eu estava num orelhão, ligando para a minha mãe e esse mesmo rapaz tocou no meu ombro e falou: “tah lembrada de mim?”eu respondir: sim. Você fez um programa comigo e não pagou!” Ele ficou quieto, fechou a mão e deu um soco na minha cara, e me xingou de puta barata”.

Ao refletir a frase: Que palavras eu já escutei nesta vida que feriu ou fere a minha essência de Mulher?, surgem os seguintes relatos:
- “filha da puta! Minha mãe não é isso não”.
- “Filha da peste! Minha mãe estava morrendo de câncer. Ele não tinha o direito de falar isso”.
- “Vagabunda!”
- “Prostituta!”
- “Aidética... Eu contrair o vírus da AIDS por causa de um estupro, ao contrário do que as pessoas pensam por eu ser prostituta. Eu estava indo para casa com uma colega, estava tarde e um homem se vingou por ter contraído a AIDS e eu fui uma das suas vítimas...”
- “Revitimizar a mulher quando a culpa da violência experimentada por ela não é dela. Por exemplo: quando uma mulher é estuprada e as pessoas falam: “mas também, olha como ela se veste! Ela procurou!”Isso é um absurdo! O pior é que não é só homem que fala assim, mas as mulheres também.”
- “O que feriu minha dignidade de mulher foi uma tentativa de estupro, que eu fiquei três horas negociando com o homem, para não ser estuprada. Ele era um psicopata. Tentei o máximo estar calma. Como ele viu que eu estava aparentando tranqüila, ele desistiu, porque os estupradores gostam das mulheres que tem medo e ficam apavoradas. O problema é que depois eu tinha nojo de mim. Tinha medo. O que eu não sentir na hora, sentir depois de me livrar dele. Não fui estuprada, mas fui violentada”.
- “Fui ao hotel brilhante pedir chave pra trabalhar e o gerente falou assim comigo: “você não serve pra trabalhar aqui não, porque você é preta e tem o cabelo duro”, nunca mais vou lá.”

Muitas mulheres que trabalham nos hotéis de prostituição do Hiper centro de BH, vem reclamando de homens que durante o programa, tentam furar, rasgar ou tirar o preservativo. Segundo denuncia das mesmas, não é pouco o número dos homens que fazem isso.

Finalizamos a tarde com um sentimento de solidariedade por todas as mulheres que sofrem qualquer tipo de violência. Numa só voz anunciamos e ao mesmo tempo denunciamos essa estrutura desumana e desigual, com as seguintes frases:
“A nossa Luta é todo dia, mulher não é mercadoria!

“A violência contra a mulher, não é o mundo que a gente quer!”

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