quinta-feira, 4 de agosto de 2016

Angola: Prostituição em alta nas redes sociais

Elas estão nos grupos da rede social WhatsApp, algumas organizadas e outras nem por isso, cobrando de 10 a 100.000 Kz por uma hora ou uma semana de sexo. A prostituição emigrou ao WhatsApp e em grande escala.


Independentemente do facto de ser considerada a profissão mais antiga do mundo, aquelas que a praticam têm mostrado que acompanham o desenvolvimento da sociedade e particularmente da tecnologia, através da qual, por exemplo, o negócio da prostituição não foi colocado à parte.

Na rede social WhatsApp, falar de prostituição ou sobre alguma profissional do sexo, não constitui novidade para muita gente, é um assunto comum, face às partilhas de mensagens ilustradas ou sonoras. Mas, nem todos os que estão ligados à mesma rede conseguem ter contacto directo com uma prostituta. Não se consegue um contacto sem que se esteja ligado a um grupo fechado, onde poderão estar não só profissionais do sexo como potenciais usuários do serviço.

O grupo, por si só, não lhe garante o usufruto do serviço em questão, mas por ser um espaço em que todos os membros publicam o que quiserem, permite ter contacto com as profissionais e chamá-las para conversas particulares. Grupos como “Cozinha Aberta”, “Negócio Fechado”, “Tezudas” e “Papo Recto”, são alguns dos que encontramos no WhatsApp, em que a maior parte de tempo/ conversas e/ou publicações versam o sexo.

No último grupo, por exemplo, foi possível conhecer a jovem Cláudia, do Bairro Operário. Numa conversa que durou pelo menos 3 minutos, Cláudia conseguiu “vender o seu produto” e esclarecer os serviços de forma directa. Cobra de 25 a 30.000 Kwanzas, não gosta de fazer vídeo, não gosta de sexo anal e muito menos de bacanal (orgia). Ainda vive com os pais, por isso o local fica ao critério do cliente. Seus pais não sabem que está nesta vida, motivo pelo qual apenas envia fotos de suas partes sensuais e genitais (caso o cliente peça). Nunca envia o seu rosto.

Com pagamento por IBAN

De todas as jovens com que conversamos, Bruna é a que pareceu ser mais profissional. O seu perfil é coberto por uma foto das suas nádegas e não tem papas na língua, gosta de ser curta e objectiva, “para não gastar o saldo de dados”, deixou claro. Prende os clientes a partir do momento em que lhe saúdam e perguntam se está tudo bem, respondendo que “não, estou tesa” e em seguida envia uma foto sua, na cama, em posição de quatro, mostrando a parte traseira.

“A ideia é pagar e f*der ”, foi directa ao assunto. “Cobro por hora, uma hora são 20.000 e duas 30.000 Kz. Sexo oral até atingir o orgasmo 10.000 Kz, noite normal com direito a beijo e sexo oral 40.000 Kz, noite especial com sexo anal e muito mais 60.000 Kz. Sexo com dois homens, 80.000 Kz. Viagens fora de Luanda com direito a uma semana de sexo, 100.000 Kz”, ditou. O local é da escolha do cliente, porém, pelos preços que cobra muitos preferem encontrá-la num apartamento, no Kilamba. A sua lista de serviços é extensa e tão logo envia o número do IBAN, pára de conversar e aguarda pela reacção do cliente.

Caso o cliente denote alguma hesitação, há garantias, uma vez que envia também o endereço do apartamento, atende o celular e pede para confirmar o nome do titular da conta para transferir o dinheiro. Há preços para todos os bolsos, pois os mais baixos são para os serviços que denomina “fotos e/vídeos da tezudinha”, onde fotos picantes custam 2.500 Kz, grupo de p*taria 3.500 Kz, vídeo a masturbar- se 5.000 Kz e sexo virtual na plataforma IMO 4.000 Kz.

“Não devemos deixar-nos levar por estas banalizações”

Para Afonso António, sociólogo, por mais que estejamos a passar por um momento de crise e a registar certas dificuldades por parte dos cidadãos em conseguir o sustento da família, não se pode procurar o sustento por meios ilícitos ou mais fáceis. As pessoas devem trabalhar e não prostituírem- se. As crises são cíclicas, acrescentou o especialista, elas passam. Perante situações do género, temos de ser equilibrados, procurar ser fortes e não nos deixarmos levar por estas banalizações. Não podemos procurar pelo sustento por esta via.

O sociólogo reconheceu que muitas jovens se aproveitam deste meio de comunicação para procurarem os seus clientes e fazer transparecer que este negócio existe em todos os sítios e é possível ser abordado. É uma prática que condena, pois as redes sociais, para si, devem ser melhor aproveitadas, partilhando ou divulgando coisas que ajudem a sociedade, ao invés de promover a prostituição.

“Não podemos deixar de frisar também que muita gente usa as redes para denunciar. Aliás, pelas redes tomamos conhecimento de muitos crimes que hoje já foram esclarecidos. Por isso, a prostituição nas redes sociais cai bem a uns e mal a outros. Cai bem àqueles que procuram satisfazer-se por esta via e mal àqueles que não concordam com a mesma, pelo que é fundamental que se tenha atenção”, concluiu.

‘Nem todas fazem por dinheiro’

Com a Keuria, do grupo Negócio Fechado, é diferente porque para si não é o dinheiro que a faz estar nesta vida. Não tem qualquer problema em sair com um homem durante uma semana, por exemplo, como dama de companhia; dormir em hotéis, passear em risortes ou passar férias noutras províncias sem ser paga pelos serviços. Simplesmente gosta de ter “a vida luxuosa”, apesar de ter feito publicidade no grupo com uma foto mostrando as partes íntimas.

“Parece ser séria, à primeira vista , não deixa transparecer que é ‘da vida’, mas só faz isso por mero prazer”, confidenciou-nos D.M Jr., o jovem com quem ela saiu uma vez. Apesar de o negócio ser lucrativo, por um lado, e com muita concorrência, ainda existem muitas jovens inexperientes, que hesitam em aceitar certas propostas dos clientes e mostram-se despreocupadas em expor o rosto, como é o caso de Luisa. Luisa leva tempo para responder aos clientes, mesmo sem saber qual serviço (anal, oral ou vaginal) .

A moça estipula o preço de 15 mil Kz, não aceita a proposta de fazer sexo anal e o pagamento é feito depois do serviço. A nossa conversa foi em OFF depois de a jovem ter postado duas fotos no supracitado grupo, mas no final ficou sem responder a muitas de nossas inquietações.

Um preço comum da rede

Na mesma rede social foi posta a circular a gravação de uma jovem que sugeria às suas colegas que adoptassem um preço único, uma vez que muitas acostumaram- se a cobrar 30 mil Kz. A jovem justifica que deste modo ninguém sai a perder, e porque o país atravessa uma crise económica, deviam cobrar entre 15 a 25 mil.

“Deve ser feito um desconto àqueles que são mais delicados, que levam a almoçar e passear, para além de pagar a hospedaria. Portanto, vamos fazer uma hora, uma f*da (entende-se até atingir o orgasmo) 15 mil Kz, duas horas, duas f*das 25 mil Kz”, ouvese no material áudio posto a circular nos grupos.

Snapchat será a próxima paragem

Para além do WhatsApp, também existe o aplicativo Snapchat, que ainda é pouco usado entre os internautas angolanos, cuja prostituição é melhor desenvolvida e mais sofisticada para quem quer privacidade neste tipo de envolvimento. É um aplicativo no qual os usuários podem tirar fotos, gravar vídeos, adicionar textos e desenhos à imagem e escolher o tempo em que a imagem ficará no visor do amigo de sua lista.

Isto é, após a abertura de qualquer ficheiro recebido, o Snapchat tem o prazo limite de 1 a 10 segundos para eliminar. Não arquiva nada. Por exemplo, a imagem ou vídeo são excluídos do dispositivo e também dos servidores, ao contrário do que acontece no WhatsApp.

Fonte: http://www.angola24horas.com/

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