O machismo é assustador. Causa
medo, pânico, oprime, violenta, causa dor, causa morte, é um dos retratos mais
cruéis do patriarcado na formação dos espaços sociais. Não é a toa que sempre
vemos estampados nas capas dos periódicos casos brutais de feminicídios que
cerceiam a vida das mulheres.
Por Walmyr Junior Do Jornal do Brasil
Infelizmente, não tem lugar para
o machismo acontecer. Porém essa semana vimos uma resposta à essa estrutura
sistêmica da cultura machista em um ambiente que geralmente produz o saber e se
julga ser o espaço pensante da sociedade. Estamos falando dos atos nas redes
sociais e no campus da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) e
na Pontifícia Universidade Católica (PUC-RIO).
Na UFRRJ, as estudantes se
manifestaram exigindo uma política de segurança no campus. Centenas de mulheres
já sofreram estupros, abusos e diversas violências sexuais, por não terem
nenhum aparato de segurança na área. As
alunas da Rural acusam a própria instituição pelo problema e pela omissão,
atualmente tem pouco mais de 40 vigilantes para fazer a segurança de 10.683
estudantes, que estudam nos três turnos dentro do compus que fica em
Seropédica.
Em protesto, as estudantes
criaram um movimento virtual pela rede de relacionamento Facebook e criaram as
paginas e hastags #abusoscotidianos e #meavisaquandochegarque já têm mais de 10
mil curtidas cada.
Na PUC-Rio, estudantes,
funcionárias e professoras estão provocando uma profunda ressignificação da
militância universidade. Com a hastag #?NósprecisamosdofeminismonaPUC? as
mulheres da PUC-Rio reagem a uma politica machista da atual gestão do Diretório
Central Estudantil (DCE), que se perdura a mais de um ano, segundo o coletivo
de mulheres da PUC.
As alunas afirmam que sofrem
desde perseguições individuais a problemas institucionais. Com a hashtag, casos
de machismo foram denunciados, casos estes dentro e fora das salas de aula.
Comopor exemplo um caso relatado por uma aluna de Relações Internacionais que postou o seguinte no Facebook:
“#NósPrecisamosDoFeminismoNaPuc
porque não quero mais ser encurralada contra a parede em uma abordagem invasiva
de assédio durante as festas da vila, nem quero que algo parecido aconteça com
nenhuma mulher na PUC”
As denúncias ocorreram em
resposta a palestra organizada pelo DCE chamada “O feminismo e a desconstrução
dos valores morais da mulher” com a presença da ex-femen Sara Winter.
Para as estudantes “é assustador
que o Diretório Central Estudantil que carrega o nome de Raul Amaro (ex-aluno
da PUC morto e torturado nos porões da ditadura militar) se sinta confortável
em chamar uma pessoa que se declara abertamente da ditadura como Sara, para
dentro de um espaço de ensino. Ainda por cima para palestrar sobre feminismo,
assunto que ainda nos é muito caro na Universidade” afirmou a estudante.
Segundo uma integrante do
Coletivo de Mulheres da PUC “a campanha através da hashtag serviu para elucidar
àqueles que alegam que o feminismo é desnecessário, que estamos muito longe de
uma equidade social, ou quais desafios estão colocados às mulheres e a nossa
participação no que chamamos democracia”.
Sara Winter vem carregando um
fama nacional de desqualificar as lutas feministas. Em suas falas se refere às
feministas enquanto doentes, realiza palestras junto com a psicóloga da cura
gay, além de ser grande apoiadora do deputado federal Jair Bolsonaro,
considerado um inimigo político das mulheres, gays e negros no Brasil.
Como o Facebook e o WhatsApp,
vemos uma articulação macro que proporciona uma unificação entre as mulheres em
vários tipos de lutas contra as opressões. Iniciativas como essas devem ser
reproduzidas em todos os ambientes, para que assim, possamos um dia falar que
vivemos em um mundo sem machismo.
*Walmyr Júnior é morador de
Marcílio Dias, no conjunto de favelas da Maré, é professor, membro do MNU e do
Coletivo Enegrecer. Atua como Conselheiro Nacional de Juventude (Conjuve).
Integra a Pastoral Universitária da PUC-Rio. Representou a sociedade civil no
encontro com o Papa Francisco no Theatro Municipal, durante a JMJ
Nenhum comentário:
Postar um comentário