quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Rede de exploração sexual de menores em Londrina


A polícia do Paraná desmontou uma rede de exploração sexual de menores em Londrina. Três homens foram presos: um delegado-chefe da Receita Estadual, um investigador e um ex-assessor do governo. Eles foram presos após uma denúncia de pelo menos 20 jovens vítimas do esquema.

A Polícia Civil de Londrina, no norte do Paraná, e o Ministério Público (MP) investigam uma suposta rede de prostituição na cidade. Entre as mais de 20 vítimas de exploração sexual estão adolescentes e crianças. No passado sábado (14), foram presos pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) três suspeitos: o fotógrafo e ex-assessor do governo estadual Marcelo Caramori, preso no dia 29 de janeiro e solto no dia 10 de fevereiro, o delegado da Receita Estadual, José Luiz Favoretto Pereira, e o investigador da Polícia Civil Jeferson Pereira dos Santos.

Na foto, Marcelo Caramori deixa a prisão no último dia 10; ele seria preso novamente dois dias depois
De acordo com o delegado do Gaeco, Hernandes Cezar Alves, todas as vítimas identificadas eram menores de idade na época do aliciamento. Conforme ele, dezoito delas tinham entre 14 e 17 anos e outras duas tinham apenas 13 anos. "Uma delas teria saído com o auditor e a outra com o fotógrafo".

Uma das vítimas, atualmente com 19 anos e que tinha 14 anos na época, contou em entrevista à RPC detalhes sobre como eram os encontros. Ela disse ter conhecido Favoretto depois de sair com o auditor da Receita Estadual Luiz Antonio de Souza, preso desde janeiro, quando foi flagrado com outra menor em um motel. “Uma vez foi com o Luiz e uma vez com o José Luiz”, lembra. “Ele me buscou na minha casa e me levou para o motel. Pagou R$ 200”, detalha ao apontar que os homens pediam o contato de outras adolescentes, “de amigas bonitas”.
Esta é a terceira etapa de investigações sobre a prática de crimes de favorecimento e exploração sexual de menores em Londrina. De acordo com o delegado do Gaeco, Ernandes César Alves, adolescentes que foram vítimas de exploração sexual identificaram o auditor fiscal e o policial como clientes.
“Descobrimos que eles eram usuários do sistema, ou seja, também exploravam sexualmente meninas menores de 18 anos. Mesmo sendo clientes, responderão pelos mesmos crimes dos agenciadores”, aponta. Os dois foram presos por favorecimento à prostituição. A polícia alega que os suspeitos têm vítimas em comum.

Alves contou que Souza responde, atualmente, a três denúncias por exploração sexual e Caramori a um processo. O delegado pretende finalizar mais um inquérito contra o auditor nesta quinta-feira (19) e outros três inquéritos, contra Caramori, Santos e Pereira, até o início da próxima semana. "Um processo para cada suspeito", observou.


O ex-delegado da Receita Estadual foi preso no último sábado (14)

Caso Colli

Hernandes Cezar Alves ficou responsável por finalizar as investigações contra o advogado Marcos Colli em 2013. O ex-presidente do PV em Londrina é acusado de estuprar diversas crianças e adolescentes e filmar e fotografar os abusos. Colli, condenado a quase 300 anos de prisão em quatro processos, segue detido em um presídio de Piraquara (região metropolitana de Curitiba). O delegado do Gaeco vê semelhança entre o caso Colli e o esquema de exploração sexual investigado atualmente. "Repercute e causa certa indignação pois, em ambos os casos, as vítimas são vulneráveis", argumentou.

O delegado ressaltou, ainda, que tanto as vítimas de Colli quanto as meninas do atual esquema são carentes, "de um poder aquisitivo bem baixo". "As vítimas fazem parte de famílias pobres e, por isso, acabaram se submetendo ao aliciamento para ganhar dinheiro", destacou.

Também integram o atual esquema de exploração sexual pelo menos cinco garotas maiores de idade que intermediavam o encontro entre os suspeitos e as adolescentes.


Defesa
O advogado de José Luiz Favoretto Pereira, Rafael Garcia, nega que o cliente tenha tido qualquer envolvimento ou relacionamento com adolescentes. “Ainda não tivemos acesso ao processo, e por isso, não sabemos qual foi os motivos da prisão. Por ora, o meu cliente vai permanecer em silêncio, pois ele alega que não teve envolvimento com nenhuma adolescente”, argumenta o advogado.
Caramori retornou para a prisão neste sábado porque, segundo o delegado do Gaeco, o fotógrafo omitiu informações no depoimento que prestou ao MP-PR. “Descobrimos que Caramori manteve relações sexuais com uma adolescente que tem menos de 14 anos. O fotógrafo não relatou esse relacionamento ao prestar depoimento e, por isso, foi preso por estupro de menor”, pontua o delegado Ernandes César Alves. O advogado do ex-assessor, Leonardo Vianna, foi procurado pelo G1, mas não foi localizado pela para comentar sobre a prisão.
O policial civil preso por suspeita de favorecimento à prostituição será levado para Delegacia de Furtos e Roubos de Veículos em Curitiba. Em nota, a Polícia Civil informou que afastou o investigador do cargo e ele responderá a processo administrativo disciplinar junto à Corregedoria Geral da Polícia Civil. Se, no fim do processo, a Justiça comprovar que o policial tem envolvimento no caso e o Conselho da Polícia entender que o investigador é culpado, ele poderá ser demitido.

Fonte: Globo

Nenhum comentário: