Como se já não bastassem os altos
índices de violência contra a mulher, muitas vezes oriundos de um pensamento
machista, que vê o ser feminino como submisso e sexualmente reprimido, lá vem o
cinema mainstream tentando legitimar ainda mais esse pensamento.
Por Carol Botelho, do Portal
Tagit
No filme 50 Tons de Cinza,
baseado no best-seller de E.L. James, uma virgem romântica é submetida a
práticas sexuais de bondage, sadismo e masoquismo (BDSM), sobre as quais ela
não tem o menor conhecimento, mas se deixa levar por causa do “amor” que sente por
esse homem visto como sexualmente “doente”. O pior é perceber que as mulheres
são as que mais estão comprando ingressos para ver esse erotismo besta, cheio
de clichês que não excitam ninguém e só servem para enaltecer velhos
pensamentos preconceituosos e ainda bastante difundidos em muitas culturas,
infelizmente, e principalmente pela própria mulher.
Pesquisa da Secretaria de
Políticas para as Mulheres da Presidência da República (SPM-PR), 77% das
mulheres que relatam viver em situação de violência sofrem agressões semanais
ou diárias. O número é resultante de um balanço dos atendimentos feitos em 2014
pela Central de Atendimento à Mulher (ligue 180). Foram mais de 500 mil
registros de violência! E bem se sabe que a maioria desses casos, 94%, o
agressor é o companheiro da vítima, ex ou familiar próximo. E não é somente a
mulher que sofre; os filhos também, pois em 64,50% dos casos, eles presenciam a
violência, ou mesmo, em 17,73% das ocorrências, as crianças também chegam a
sofrer agressões.
Aproveitando a discussão sobre o
filme, que tem rendido reações obviamente acalorados de entidades feministas e
até religiosas, o Instituto Abelardo da Hora resolveu fazer campanha contra a
violência contra a mulher, fazendo uso de esculturas em concreto feitas pelo
mestre expressionista pernambucano morto no ano passado, para construir
anúncios com textos bem diretos sobre o preconceito difundido nesse tipo de
obra. A campanha, que está sendo veiculada na fanpage do instituto
(https://www.facebook.com/InstitutoAbelardoDaHora), traz um texto bem direto:
“Não importa o tom de uma certa cor, mas as consequências de certos atos”. A
equipe da campanha também está monitorando as redes sociais com a hashtag
#50TonsdeCinza. E no próximo mês, tradicionalmente dedicado às mulheres, haverá
um leilão de uma obra de arte de Abelardo da Hora, com renda revertida para
causas relacionadas à mulher.
Fonte: Geledes
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