A pornografia de vingança
(revenge porn) acontece quando alguém expõe suas fotos ou vídeos íntimos na
internet sem o seu consentimento, na maioria das vezes por vingança, raiva ou
como provocação, “inocente” brincadeira de mau gosto.
Namoro, amizade ou
qualquer outro relacionamento pode ter seus altos e baixos, mas nada justifica
essa agressão. Ano passado, pela primeira vez, condenaram alguém por esse crime
na Califórnia. Um homem publicou fotos de sua ex-noiva desnuda no facebook e
ela não deixou barato. Até mesmo os comentários depreciativos que ele fez
entraram nessa história. No Brasil, as leis ainda são cheias de brechas.
A pornografia de vingança é uma
modalidade do Cyberbulliyng, ação que se caracteriza por hostilização banal
sobre a vítima, agredindo e expondo a pessoa por meio de imagens ou textos via
internet. Podem usar de diversas ferramentas para tal, configurando assédio
moral que acaba tomando uma proporção muito maior no meio virtual. Leia mais
sobre Cyberbullying: violência virtual e o enquadramento penal no Brasil.
Imagine como isso pode mudar e
até mesmo destruir a vida de uma pessoa. Há casos de meninas que não aguentaram
a pressão e tiverem que mudar de cidade. Em casos mais graves, ocorreu
suicídio. As vítimas são expostas e todos que fazem parte da sua vida são
afetados também.
A Revista Carta Capital publicou
uma matéria falando sobre Os suicídios de garotas que tiveram suas fotos
íntimas vazadas na internet.
“Hoje de tarde dou um jeito
nisso. não vou ser mais estorvo pra ninguém”. Essa foi a frase que a estudante
Giana Laura Fabi, de 16 anos, escreveu no Twitter antes de se matar. Ainda
segundo a família, o suicídio da garota teria sido motivado pelo vazamento de
uma foto sua mostrando os seios. Dias antes, uma estudante do Piauí (17 anos)
havia se matado por motivo semelhante.
Como não falar disso? Está
acontecendo com nossas meninas em muitos lugares do mundo. Está acontecendo
aqui. Qual o papel da escola e do governo nesse sentido? Estamos totalmente conectados: um clique pode
transformar a realidade de muita gente.
Adolescentes seguem padrões
rígidos de beleza disseminados por todos os meios. Se antes a TV dominava,
agora as redes sociais se misturam ao cotidiano de meninas e meninos. Se
fotografar e deixar-se ser fotografad@ virou moda. Cobranças estéticas e a
fórmula mágica da felicidade instantânea compartilhadas por aí. Se para
mulheres adultas já é pesado encarar tudo isso, imagine para as meninas. No
meio do caminho, para satisfazer o desejo estrelado intimamente, tornando-se
celebridade para si mesma e para o outro, encontram cortinas abertas quando não
deveriam estar.
Mas, lembrem-se, a culpa não é da
vítima. A nossa cultura machista reforça o hábito de martirizar quem foi
exposto. Infelizmente, é preciso tomar cuidado, pois mesmo as pessoas que
achamos que conhecemos e confiamos podem ter atitudes inesperadas. Além disso,
existem casos como o da atriz Carolina Dieckmann, que teve suas fotos íntimas
roubadas e divulgadas por Hackers. O caso dela (2011) ajudou na criação de uma
lei que leva o seu nome: a Lei Carolina Dieckmann. Aprovada pelo Congresso
Nacional em 2012, prevê multa e pena de prisão de até um ano para quem acessar
e divulgar dados sigilosos sem autorização.
Outras celebridades como Rihanna,
Wynonna Ryder, Demi Lovato e Vanessa Hudgens também tiveram fotos divulgadas.
De acordo com informações do BuzzFeed, as fotos podem ter sido roubadas por
causa de um problema no sistema de backup iCloud, da Apple.
Precisamos sim de leis que punam
essas atitudes, mas precisamos também de informação, de uma educação não
sexista, de relacionamentos verdadeiramente confiáveis, de mais atenção aos
nossos jovens, de uma transformação social.
Nanda Soares para Why Menina
Fonte: http://whymenina.wordpress.com/
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