Decisão da PBH mantém bebês
filhos de dependentes com mães depois de parto. Sem um abrigo específico para
atender esta demanda, técnicos das unidades básicas de saúde e das maternidades
vão liberar a saída de mães e filhos sem consultar o MP.
Profissionais de saúde de Belo
Horizonte contam, agora, com o respaldo de um parecer do Conselho Municipal de
Saúde para não precisarem encaminhar casos de gestantes usuárias de drogas à
Vara da Infância e da Juventude, conforme recomendado pelo Ministério Público
de Minas Gerais (MPMG) desde junho passado. O conselho aprovou nesta quinta,
por 17 votos a zero, parecer contra tais recomendações, que chegaram a provocar
um pico de encaminhamentos de recém-nascidos para abrigos. Entre os meses de
junho e setembro do ano passado 64 bebês foram afastados das mães, contra 26 no
mesmo período de 2013.
Em setembro de 2014, a prefeitura
já havia elaborado parecer jurídico contra recomendações da promotoria, que
orientam maternidades e centros de saúde a comunicarem os casos à Vara Cível da
Infância e da Juventude. A medida, segundo o MPMG, era para resguardar as
crianças e evitar que elas fossem abandonados pelas mães após o parto sem que a
unidade de saúde soubesse quem eram seus familiares e possíveis acolhedores.
Justificativas. O Conselho Municipal de Saúde acredita que as
recomendações afastam as gestantes dos centros de saúde, por medo de serem
denunciadas, e também representam riscos aos profissionais.
“Quem garante que não haverá
retaliação ao trabalhador que fez a denúncia ao Ministério Público? Além disso,
a droga hoje é um problema que não escolhe classe social, mas será que a
promotoria enviou as mesmas recomendações para hospitais particulares?”,
questionou o presidente do conselho, Wilton Rodrigues.
A reunião do órgão deliberativo
foi realizada na sede da Secretaria Municipal de Saúde e reuniu as Defensorias
Públicas Federal e Estadual e outros conselhos municipais. O resultado da
votação vira, agora, resolução que será encaminhada para assinatura do prefeito
Marcio Lacerda. Na prática, profissionais de saúde ficam dispensados de fazer o
encaminhamento dos casos ao MPMG. Não há punição trabalhista a quem descumprir
a resolução do Conselho Municipal de Saúde.
Nos abrigos
Lotação. A gerente de abrigamento
da Secretaria Municipal de Assistência Social, Helizabeth Ferenzini, disse
nesta quinta que a recomendação do MPMG gerou uma demanda maior por
acolhimentos e que, atualmente, não há vagas disponíveis na rede.
Estudo. Dos 72 estudos
conclusivos sobre bebês que entraram nos abrigos entre junho a novembro do ano
passado, 57 apontaram que os recém-nascidos eram filhos de mães usuárias de
drogas. A capital tem 15 instituições de abrigamento e 82 vagas para bebês.
Promotoria
Resposta. Procurado nesta quinta
pela reportagem, o MPMG informou, via assessoria de imprensa, que ainda não
havia sido notificado da decisão do conselho e que só irá se manifestar depois
disso.
Fonte: O Tempo
Nenhum comentário:
Postar um comentário