Lola Aranovich, 44 anos, é
professora da Universidade Federal do Ceará. Nos últimos meses, vem recebendo o
apoio de seguidores do site e da fanpage Escreva, Lola, Escreva, pela série de
ameaças que sofre de pessoas que, aparentemente, não suportam feministas. O
blog da professora Lola é um blog de autor. Ela opina, diz o que pensa, conta o
que acha e comenta grandes e pequenos temas (em geral, femininos).
Emma Holten, dinamarquesa, publica fotos nuas em site feminista para combater a pornô vingança do ex (Foto: Reprodução Hysterical Feminisms/Cecília Bodker).
Emma Holten, 21 anos,
dinamarquesa. Nos últimos dias, decidiu veicular, no site Hysterical Feminisms,
um ensaio de fotos suas. Projeto de ativismo feminista, o ensaio mostra Emma
nua, clicada pela fotógrafa Cecília Bodker. Emma foi vítima de pornô vingança
há quatro anos, quando fotos íntimas dela foram liberadas na internet por um ex-namorado.
Com as fotos do ensaio, ela tenta resgatar a propriedade sobre sua nudez e
sobre seu corpo.
O que as duas têm em comum? Lola,
que inclusive já escreveu sobre pornografia de revanche, ou pornô-vingança, e
Emma são duas mulheres vítimas de violência online. Uma é esculachada
verbalmente (Lola), a outra foi humilhada pela exposição de sua intimidade
(Emma). Num momento tão crítico, em que discutimos liberdade de expressão e
terrorismo, a internet vem se transformando num cenário de bullying pesado contra
as mulheres. Porn revenge e assédio virtual são instrumentos cortantes. Deixam
cicatrizes feias.
O pesadelo não está tão distante
assim. Mesmo não sendo uma atriz da Globo ou de Holywood, cujas fotos íntimas
costumam ser liberadas por hackers, numa reedição do clássico e violento jogo
de poder (“Eu posso invadir e posso divulgar. E vou fazer isso porque posso.”),
muitas mulheres e garotas estão chegando ao escritório ou a sala de aula para
descobrir que foram transformadas em domínio público. Fotos (nuas, seminuas, de
biquíni ou de burca, não importa) feitas na intimidade vazam para os olhos de
conhecidos e desconhecidos. Alessandra Ginante, VP de RH da Avon, falou sobre
este tipo de cyberataque recentemente, neste blog, ao comentar dados de
pesquisa com jovens, do Instituto Avon, sobre violência contra a mulher.
As fronteiras entre o público e o
privado estão cada vez mais embaçadas, o que significa que deveríamos ter
cuidado com o que deixamos na rede. (Um parêntese: o que acharão nossos filhos,
adultos, das fotos que publicamos de sua infância? Tadinhos…) Mas a publicação,
não consentida, de fotos ou conversas íntimas, é de uma violência abominável.
Não se justifica. Acho que uma das coisas mais perversas numa situação como
essa é a reação de grande parte das pessoas, inclusive mulheres, que culpam a
vítima e não o violentador. “Ah, mas se ela não tivesse tirado essas fotos….”
“Ah, se ela não fosse tão descuidada”. Te lembra alguma coisa?
Fonte: Yahoo Noticias
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