O Cardeal Raymond Burke,
destacado religioso americano vivendo em Roma e um dos mais fortes críticos das
reformas encabeçadas pelo Papa Francisco, está dando o que falar novamente,
desta vez argumentando que a Igreja Católica se tornou demais “feminizada”.
"Os homens precisam se
vestir e agir como homens", diz Burke, que é conhecido por vestir-se com
os paramentos de seda e... rendas.
Meu Deus.
Burke, que recentemente foi
removido do mais alto tribunal vaticano para ser colocado num cargo
filantrópico cerimonial, apontou para a introdução de coroinhas moças como o
motivo por que menos homens queiram ser padres.
“Os meninos não querem fazer as
coisas com as meninas. É natural”, disse Burke em entrevista publicada
segunda-feira (05-01-2014). “Creio que isto contribuiu para a perda de vocações
sacerdotais”.
“Exige-se uma certa disciplina
masculina para se trabalhar como coroinha numa celebração ao lado de um padre,
e a maioria dos padres tem suas primeiras experiências profundas da liturgia
como coroinhas”, disse o ex-arcebispo da Arquidiocese de St. Louis a Matthew
James Christoff, que chefia um ministério católico masculino chamado “the New
Emangelization Project” [mistura da palavra “evangelization” com “man”].
“Se não estamos treinando os
meninos como coroinhas, dando-lhes uma experiência de servir a Deus na
liturgia, então não deve nos surpreender que as vocações tenham caído
drasticamente”.
A Igreja Católica derrubou a
proibição que impedia as meninas de auxiliarem os padres durante a missa em
1983, e hoje é mais comum ver meninas do que meninos no altar. Apenas uma
diocese estadunidense, em Lincoln, Nebraska, ainda proíbe coroinhas meninas, embora
uma série de paróquias individuais tenha lhes barrado também na esperança de
incentivar mais meninos e homens a considerar o sacerdócio.
Na entrevista, Burke culpou o
clero gay pela crise de abusos sexuais na Igreja, dizendo que os padres
“feminizados e que estavam confusos sobre sua própria identidade sexual” foram
os que molestaram as crianças.
Os pesquisadores contestaram esta
afirmação, e especialistas observam que o aumento no número de gays entrando no
sacerdócio desde a década de 1980 coincidiu com uma forte queda nos casos de
abuso.
Burke, 66, falou a Christoff em
dezembro durante uma visita a La Crosse, Wisconsin, onde Burke atuou como bispo
na década de 1990 antes de ser nomeado arcebispo de St. Louis. Em 2008, o Papa
Emérito Bento XVI chamou Burke para o Vaticano para chefiar o mais alto
tribunal eclesiástico e o fez cardeal, posição prestigiada que emprestou peso
às suas críticas – cada vez mais fortes e diretas – à agenda do Papa Francisco.
Francisco efetivamente destituiu
Burke em novembro, tirando-o de sua função na Cúria Romana e pondo-o num posto
amplamente cerimonial de patrono da Ordem de Malta, organização católica
caritativa sediada em Roma.
Observadores do Vaticano
suspeitaram que a mudança iria dar ainda mais liberdade a Burke no sentido de
poder falar mais abertamente, e nesta última entrevista o cardeal voltou a
falar dos temas que ele considera candentes: as mudanças liberalizantes tanto
na sociedade quanto na Igreja, em especial o “feminismo radical”, vêm minando
seriamente a religião católica desde a década de 1970.
Burke disse se lembrar dos
“jovens que me diziam temerem, de certa forma, o casamento por causa das
atitudes radicalizantes e autocentradas das mulheres, atitudes que estavam
surgindo naquela época. Estes jovens eram homens preocupados de que entrar num
casamento simplesmente não funcionaria por causa de uma demanda constante e
insistente dos direitos das mulheres”.
Disse que “o movimento feminista
radical fortemente influenciou a Igreja” também.
O foco nas questões femininas,
falou, somado a um “colapso completo” no ensinar a fé e uma “experimentação
litúrgica galopante”, levou a Igreja a se tornar “muito feminizada”.
“Além do padre, o santuário se
tornou repleto de mulheres”, acrescentou. “As atividades na paróquia e mesmo a
liturgia foram influenciadas pelas mulheres e se tornaram tão femininas em
muitos lugares que os homens não querem se envolver”.
Burke, tradicionalista litúrgico
e conservador doutrinal, também disse que “os homens precisam se vestir e agir
como homens de forma que sejam respeitados pelas mulheres e as crianças”.
Fonte: Ihu
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