sábado, 5 de julho de 2014

Mulheres ambulantes avaliam impacto da Copa do Mundo em suas condições de vida

Pesquisa entre mulheres brasileiras que trabalham como vendedoras ambulantes aponta que este grupo espera ampliar as vendas durante a Copa do Mundo Fifa 2014 no Brasil, mas acredita que o megaevento não é prioridade para o país. 

O estudo foi realizado pela Casa da Mulher Trabalhadora (Camtra), instituição feminista sem fins lucrativos, em parceria com a Fundação Roxa Luxenburg, integrando as ações do projeto "Impactos dos megaeventos da vida das mulheres trabalhadoras”.

O levantamento abordou as mulheres trabalhadoras em suas condições de vida e trabalho, especificamente sobre a percepção delas acerca dos impactos dos megaeventos em suas vidas. Para isso, foram entrevistadas 120 trabalhadoras ambulantes nas ruas do Centro da cidade do Rio de Janeiro (62%) e comerciárias do Centro Comercial da SAARA (48%), associação de comerciantes, também no centro da capital fluminense.

Com relação aos gastos públicos com o Mundial, apenas 7% das mulheres entrevistadas acreditam que estes serão investimentos importantes, pois trarão retorno ao país, principalmente ligado ao comércio. Já 91% acreditam que não haverá retorno. A maioria das trabalhadoras defende que a Copa não deveria ser prioridade para o país, 80% delas apontam como prioridade a saúde e 62% a educação. Transporte e segurança figuram em seguida, somando 17% cada um.

Com relação à exposição do corpo da mulher em propagandas da Copa do Mundo, 27% dizem não haver percebido como eram retratadas, 20% afirmaram que as mulheres aparecem de maneira "normal”, 7% acreditam que elas aparecem como mercadorias e 5% creem que são exploradas fisicamente.

As trabalhadoras também foram indagadas se percebem mudanças relacionadas à segurança pública da cidade em decorrência da Copa. No total, 67,5% delas responderam que sim. Destas, 69% dizem se sentirem menos seguras. Sobre a repressão policial, 29% afirmaram que não há diferença, já 21% creem que aumentou. "No entanto, muitas delas não percebem o aumento da repressão como uma coisa ruim, pois a identificam como a forma de lidar com roubos e outros tipos de insegurança”, frisa o resultado da pesquisa.

A respeito da violência contra mulheres, 55% acreditam que a cidade do Rio de Janeiro está mais perigosa para essa parcela da população. Quando indagadas se já sofreram violência, 30% responderam que sim. Das outras 70% que negaram ter sofrido violência, 43% afirmaram ter sofrido assédio. "O que eleva o número de mulheres que já sofreram violência, atingindo 70% das mulheres, e também revela a falta de reconhecimento das mulheres sobre o assédio como uma forma de violência”, destaca o estudo.

Também foram discutidas as Unidades de Polícia Pacificadoras (UPPs), sendo 24% delas moradoras de comunidades com presença de UPPs. 70% do total das mulheres entrevistadas acreditam que as Unidades têm relação com a Copa. No entanto, entre as moradoras de áreas com UPP, esse percentual fecha em 100%. "Revelando um olhar mais descrente entre as moradoras de áreas com UPPs instaladas com relação a essa política”, avalia a pesquisa.

Do total de mulheres que acreditam que há relação entre a Copa do Mundo e a UPP, 28% esperam que as Unidades acabem após a realização do megaevento no Brasil e outros 28% creem que se trata de um projeto de "maquiagem” para a imagem internacional do país. Já 24% das trabalhadoras ambulantes acreditam que não há relação entre a UPP e a Copa. Isso porque a maioria acredita que essa política já existia antes e outra parcela avalia como uma maneira estatal de proteção diante do tráfico.

Fonte: Adital

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