Em circunstâncias normais, os casos ocorrem principalmente
em duas áreas do Estado: em uma região formada por cerca de 200 cidades mais
próximas a Belo Horizonte e também em Governador Valadares. Na primeira
circunrregião, foram instaurados 28 inquéritos de 2010 a 2013. Na cidade do
Leste de Minas, outros 13 no mesmo período.
Apontado como o segundo crime mais rentável do mundo, atrás
apenas do comércio de drogas, o tráfico de pessoas para fins de exploração
sexual costuma aumentar durante grandes eventos, como a Copa do Mundo. Devido à
presença massiva de estrangeiros em território nacional, a vigilância foi
reforçada, principalmente nos aeroportos.
O crime que, segundo organizações ligadas aos direitos
humanos, movimenta US$ 32 bilhões anualmente, fez ao menos 53 vítimas em Minas
Gerais entre 2010 e 2013, de acordo com a Polícia Federal.
“Nosso objetivo é coibir esse e outros crimes. Além disso,
realizamos campanhas voltadas para a prevenção junto a potenciais alvos, como
as prostitutas. É importante lembrar sobre os riscos e cuidados a serem
tomados, e isso vem surtindo efeito”, afirma o delegado da Polícia Federal,
Roger Lima de Moura.
Segundo o chefe da Delegacia de Defesa Institucional, os
contatos entre vítima e autor acontecem, na maioria dos casos, pela internet. É
feita uma proposta de trabalho, que pode ser de garçonete, modelo, dançarina ou
até mesmo de prostituta. O que o agenciador não revela são as condições de
trabalho a que as vítimas serão submetidas.
“As pessoas que, na maioria das vezes, são mulheres, vão em
busca de uma melhoria de vida e acabam escravizadas e exploradas”, explica o
delegado federal.
Alerta
A fim de chamar a atenção para o risco, a ONG britânica
Operation Blessing lançou o documentário “R$ 1 – O Outro Lado da Moeda”, em que
são mostrados casos de garotas agenciadas para exploração sexual e como é
formada uma rede organizada para a promoção do crime.
O documentário faz um retrato alarmante do problema e
denuncia a apatia do poder público e a vulnerabilidade de crianças e jovens no
Brasil. São cerca de 40 mil desaparecimentos por ano em território nacional,
sendo que 6 mil vítimas jamais são encontradas, de acordo com o vídeo, que
circula na internet desde 17 de junho.
Verificar a seriedade de agências de modelos e de empregos,
deixar com a família e amigos os nomes de contatos no exterior e desconfiar de
casamentos arranjados por agências internacionais estão entre as dicas do
Ministério da Justiça para evitar cair nas mãos de traficantes de pessoas. Não
entregar documentos, sobretudo passaporte, a estranhos, é outra recomendação
importante.
Valadares e entorno
de BH têm mais registros
Em circunstâncias normais, os casos ocorrem principalmente
em duas áreas do Estado: em uma região formada por cerca de 200 cidades mais
próximas a Belo Horizonte e também em Governador Valadares. Na primeira
circunrregião, foram instaurados 28 inquéritos de 2010 a 2013. Na cidade do
Leste de Minas, outros 13 no mesmo período.
No ano passado, uma mineira traficada para a Espanha acabou
resgatada pela Polícia Federal. Ela se prostituía e foi vendida para um homem
com o qual acabou se casando e tendo um filho. O parceiro, que poderia ser a
salvação, perpetuou a situação de crime e ela acabou pedindo ajuda às
autoridades. Mesmoapós ser preso, o homem não respondeu pelo tráfico porque a
vítima resolveu não prosseguir com a denúncia.
“Outro dificultador na investigação do crime é a estigma que
ele cria nas pessoas. As próprias vítimas evitam falar sobre o assunto por
vergonha e medo. Com isso, os registros acabam sendo subnotificados”, avalia o
chefe da Delegacia de Defesa Institucional da Polícia Federal, Roger Lima de
Moura.
Desde o início da Copa do Mundo, nenhum caso foi registrado
ainda em Minas. Uma das explicações pode estar na ordem expedida para impedir a
entrada, em território brasileiro, de pessoas já condenadas no Artigo 231 do
Código Penal. A pena para quem pratica o tráfico de pessoas varia entre três e
oito anos de prisão.
Fonte: Jornal Hoje em dia
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