Com um norte-americano e um australiano, ela teve mais
sorte: pagaram sem nem sequer pechinchar. Mas isso não faz do megaevento
esportivo motivo de comemoração para essa garota de programa de R$ 500.
“Sinceramente, não mudou nada. A gente esperava um público
maior”, diz, à porta de um dos inferninhos da Rua Nestor Pestana, no centro de
São Paulo.
Longe das luxuosas casas noturnas em que só a entrada custa
algumas centenas de reais, a Copa do Mundo tem sido melancólica para a
prostituição paulistana – Gabi acende o segundo cigarro em 15 minutos, acaricia
o estômago forrado.
Para ela, é só uma esperança frustrada. Para Perninha,
gerente de outra casa no local, o marasmo é prejuízo. Mais do que para qualquer
time, ele torce é para que a Copa lhe traga de volta dos R$ 200 mil investidos
em ações de marketing, aquisição de carros para levar e trazer os turistas dos
hotéis, e outras estratégias.
“Nem parece que é Copa”, diz. Estrangeiros há, "mas
eles gastam 50% menos que os brasileiros no bar. Entram e vão fazer o programa.
E como o ganho da casa é o bar…"
Nivaldo, responsável pelo trintenário Skorpios, fecha os
punhos.
“Quatro ou cinco sempre aparecem [por noite]. Mas vêm assim,
ó”, conta. “Fórmula 1 é bem melhor.”
Trocaram o sexo pelo
bar
Para quem vende o corpo na rua, a Copa só fez elevar a
concorrência pelo bolso dos clientes. Sheila, que cobra “R$ 300, R$ 200, depende”,
lamentava-se de ter trocado Manaus pela rua Major Sertório, ponto de travestis.
“Esses grupos não estão gastando com prostituição. Diz-se
que estão gastando nos bares, hotéis”, conta. “Eu estava numa expectativa
incrível."
A esperança e a frustração são as mesmas na esquina das ruas
Bela Cintra e Fernando de Albuquerque, onde ficam garotas como Ísis (nome
fictício), de 27 anos, R$ 150 por programa só até terminar a faculdade de
Direito.
“Mudou para pior. Dizem que os gringos não vêm para a rua e
os que vêm não têm dinheiro", diz a morena, que de cinco a seis, passou a
ter de três a quatro clientes por noite na Copa. "Devido aos jogos, eles
vão para barzinhos".
Num ponto um bocado mais escuro, na rua Haddock Lobo, e um
bocado mais velha que Isis, Jaque calcula a queda no faturamento em uns R$ 2
mil neste junho excepcional na História brasileira.
“Houve um site que orientou os estrangeiros a tomar cuidado
com a prostituição de rua”, conta. “E até os nossos brasileiros estão gastando
mais em bares”.
Duda, do mesmo ponto, resume: bom mesmo é quando elas são a
balada.
“O melhor para a gente é quando não tem festa nenhuma.”
Fonte: www.economia.ig.com.br
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