Jovens detidos em situação precária na fronteira dos EUA com o México
Somente no ano passado mais de 24 mil crianças mexicanas
foram detidas ao cruzar a fronteira rumo aos Estados Unidos. Em 2014, o número
pode ser superior a 60 mil, segundo estimativa do Departamento de Segurança
Nacional.
A situação dos jovens que são detidos nos EUA e dos que são
deportados ao México é classificada por autoridades do país como “preocupante”.
Eles alertam que, se não houver uma política incisiva por parte do governo, a
situação poderá se tornar uma “crise humanitária”.
Os jovens que tentam cruzar a fronteira em busca de uma vida
melhor nos Estados Unidos sofrem diversos tipos de violência: física,
psicológica e sexual. Os maus tratos sofridos por crianças detidas nos EUA
ganharam especial atenção dos senadores do país. Jornais mexicanos reportaram
neste domingo (22/06) que a Comissão de Direitos Humanos do Senado pediu que o
presidente Peña Nieto exija do governo norte-americano o “respeito irrestrito à
integridade e garantias fundamentais das crianças imigrantes que se encontram
nos centros de detenção dos Estados Unidos”.
No começo do mês, o congressista democrata, Henry Cuellar,
divulgou imagens de crianças mexicanas e centro-americanas presas em “gaiolas”,
chamadas de refúgios temporários pelas autoridades norte-americanas, em um
centro de detenção no Texas.
A presidente da comissão, Angélica de la Peña, afirmou que
os jovens deportados são alvo fáceis de organizações criminosas e redes de
tráfico de pessoas que atuam na região de fronteira.
Angélica ressaltou que, se o governo mexicano não atuar com
"decisão" e não adotar "estratégias articuladas" diante do
possível aumento da chegada de crianças imigrantes na fronteira, o país viverá
uma "crise humanitária".
Entre as violências sofridas pelos jovens estão as agressões
físicas e sexuais. De acordo com a CIDH (Comissão Interamericana de Direitos
Humanos), instituição da OEA (Organização dos Estados Americanos), foram registrados
pelo menos 100 casos de abusos sexuais e físicos por agentes da fronteira
contra menores.
Cemitério clandestino
Muitos dos mexicanos que tentam cruzar a fronteira são
mortos antes de chegar nos Estados Unidos. A quantidade de pessoas que morrem
nesta situação, no entanto, é imprecisa, visto que muitos são enterrados em
valas clandestinas.
Ontem, antropólogas independentes anunciaram a descoberta
dos restos mortais de pelo menos 52 pessoas em fossas comuns no cemitério
Sacred Heart (Sagrado Coração), no sul do Texas. Devido ao fato de que algumas
ossadas foram armazenadas juntas, as investigadoras não têm o número preciso de
quantas pessoas podem ter sido enterradas no local no último ano.
A descoberta foi feita nas últimas semanas pelas antropólogas
Lori Baker, da Universidade Baylor, e Krista Latham, da Universidade de
Indianápolis, e pelos estudantes de ambas como forma do esforço plurianual para
identificar imigrantes que perderam a vida na região fronteiriça entre México e
Estados Unidos.
Os restos foram encontrados dentro de sacos de lixo, como
informou o jornal Corpus Christi Caller Times. Em 2013, foram encontrados 110
ossadas no local. Latham classificou a descoberta como “abominável”.
Mais de 300 pessoas morreram ao cruzar o condado Brooks de
2011 a 2013, o que corresponde a mais de 50% das mortes registradas no período
ao longo do Rio Grande no Texas.
Fonte: Opera Mundi
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