Um dos elementos negativos que está relacionado com muitos
megaeventos que ocorrem em todo o planeta é o turismo sexual. Neste Mundial,
não é diferente, o que foi constatado por diferentes meios de comunicação,
durante esses dias. Em todas as cidades sedes está sendo comum que, junto com o
desembarque de seguidores das diferentes seleções, esta seja uma das principais
demandas.
Pensando em conseguir dinheiro rápido entre os que são
vistos como endinheirados visitantes, muitas mulheres, a maioria jovens e,
inclusive, pertencentes às classes mais castigadas entre a população
brasileira, chegam de diferentes lugares do país para oferecer este tipo de
serviço para pessoas sem escrúpulos, que, longe de suas casas, sentem-se livres
para satisfazer seus desejos carnais.
O governo brasileiro lançou uma campanha coincidindo com o
Mundial, mas de fato não deixa de ser um desejo de manter as aparências frente
a uma realidade que é comum nesse país, que movimenta muito dinheiro e com a
qual estão envolvidas pessoas de todos os âmbitos sociais, inclusive daqueles
que deveriam cuidar para que isso não ocorresse.
Neste sentido, cabe destacar as denúncias realizadas, nos
últimos anos, pelo bispo espanhol dom José Luis Azcona, da Prelazia de Marajó,
na foz do rio Amazonas, que defende que não há vontade política para solucionar
este problema do tráfico de pessoas para o comércio sexual, o que o levou a ser
ameaçado de morte.
A Igreja Católica brasileira tentou ajudar a sociedade a se
conscientizar sobre este problema. De fato, foi um dos pontos abordados na
Campanha da Fraternidade deste ano, e também faz parte do material de
conscientização que foi elaborado para o Mundial.
Porém, devemos constatar com dor que esta não é uma
preocupação para a sociedade brasileira, que vê este problema como uma coisa a
mais entre os muitos elementos negativos que estão presentes dentro do espectro
social, sem tomar uma providência sobre assunto para que as coisas mudem.
Cabe destacar, como exemplo, o que aconteceu na véspera da
abertura do Mundial, quando a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, junto
com outras instituições, promoveu uma passeata em Brasília para conscientizar
sobre o tráfico de pessoas, durante este evento, e que contou com uma escassa
participação, poderíamos dizer insignificante para uma grande cidade como é a
capital do país.
Diante deste tipo de situação, questiona-se até onde chega a
capacidade humana para se aproveitar de quem, por diferentes motivos, passa por
isso. Este, como muitos outros, é um problema que dificilmente será resolvido,
caso a sociedade como um todo não busque soluções comuns. Que em pleno século
XXI tenha pessoas que se aproveitam da necessidade alheia para, amparados no
anonimato, satisfazer seus desejos, sem se importar com as consequências, não
deixa de ser preocupante e indignante.
Por fim, isto faz parte do todo que envolve o Mundial, que
deseja que quem gasta o dinheiro para enriquecer a FIFA possa voltar
“satisfeito”, senão com o resultado de sua seleção, sim com outros tipos de
coisas, em relação às quais, mais do que se gabar com os amigos, deveria sentir
vergonha, pois, afinal, as vítimas de todo este emaranhado são pessoas que
estão vendendo o seu corpo, sendo, muitas vezes, obrigadas ou como último
recurso para levar um pedaço de pão à boca.
Fonte:Ihu
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