Em vários sites de anúncio de acompanhantes de luxo, as
garotas de programa avisam atender os clientes em motéis, hotéis, residências e
também nos chamados “privês”. Estes últimos, são casas ou apartamentos, de
preferência próximo do Centro de Belo Horizonte, e controlados por cafetões ou
cafetinas.
Por Danilo Emerich
Uma prostituta chamada Daniela, que dizia ter 18 anos, mas
aparentava ter menos idade, mantinha a propaganda na internet. A baiana conta
que começou a fazer programas há cinco meses. Antes de fazer programas com
anúncios na internet, ela diz ter trabalhado em um desses privês. Segundo
Daniela, a casa está localizada na rua Mucuri, no bairro Floresta, região Leste
de BH.
“Saí de lá pois a cafetina, chamada Renata, pegava metade do
dinheiro dos programas. Queria que trabalhássemos todos os dias e se saíssemos
durante o dia, dizia que naquele tempo poderíamos ter feito mais clientes. Até
para buscar lanches para nós ela cobrava muito mais”, denunciou.
A jovem disse que muitas meninas são recrutadas nos hotéis
na região da rua Guaicurus, no Centro e aceitam a condição, pois tem medo de
voltar para a origem.
Na saída das boates, sempre há a presença de um
taxista. Quando o programa é pago por cartão, alguns deles oferecem a própria
máquina, mas com a cobrança de uma comissão de 20% do valor. A prática é
proibida pela BHTrans, órgão fiscalizador e gestor do trânsito em Belo
Horizonte
COBRANÇA
Uma das formas mais comuns da exploração da prostituição em
BH está nas boates de strip-tease, onde o valor da entrada chega a R$ 90 (O
valor foi elevado com a chegada da Copa). Lá dentro, mulheres seminuas dançam e
oferecem programas. Além dos preços abusivos no cardápio (uma lata de cerveja
chega a custar R$ 15), todas as casas também lucram com a saída das
prostitutas. Se um cliente quiser levar a garota para outro local, é obrigado a
pagar uma taxa extra para a casa, que alcança até R$ 100.
Durante a visita da reportagem no local, dois policiais
militares fardados entraram no local, tomaram cerveja, mexeram com as
prostitutas e depois foram embora. Um garçom revelou que a presença da dupla
era frequente na casa.
Babi, de 27 anos trabalha em uma das boates na região da
Savassi, onde também são realizados programas no local. Ela veio de Juiz de
Fora para BH, em 2 de junho, em função da Copa do Mundo. Segundo ela, a boate
mantêm uma pensão no bairro São Lucas, onde dormem cerca de 30 mulheres.
“É ruim ficarmos lá. As camas são ruins. Ganhamos a
alimentação e podemos sair quando quisermos, mas pagamos R$ 12 por dia que
ficamos lá e temos que trabalhar exclusivamente para o lugar por seis dias, com
direito de um dia de folga”, revela a prostituta. O mesmo esquema foi
constatado outra boate no bairro Floresta, na região Leste de BH.
OPERAÇÃO
No último dia 11 de junho, a Polícia Civil conseguiu
estourar uma dessas casas, onde ocorria a exploração da prostituição. Os
proprietários da casa, conhecida como “Boate Fascinação”, no bairro Santo
Agostinho, região Centro-Sul de Belo Horizonte, foram presos na operação. Os
donos do imóvel Maria de Souza Sá e José Carlos Souza Sá, além do gerente
Marcos Roberto Pereira, foram encaminhados para a Delegacia Especializada de
Atendimento à Mulher (Deam) e irão responder por prática dos crimes de induzir
pessoas à prostituição, manter estabelecimento de prostituição e tirar proveito
de prostituição alheia.
Segundo a Polícia Civil, mo momento da ação, cerca de 15
mulheres estavam no imóvel, disponíveis para programas. Pelo menos quatro
casais ocupavam diferentes quartos do estabelecimento na hora do flagrante. Os
clientes pagavam R$ 60 para entrar na boate e uma média de R$ 270 por programa.
Segundo o coordenador do Projeto de Combate ao Trabalho
Análogo ao de Escravos da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego em
Minas Gerais, Marcelo Campos, “a existência do direito de ir e vir não
descaracteriza crimes da exploração da prostituição, sexual, tráfico de pessoas
ou o trabalho escravo”.
ALUGUEL
Outra situação encontrada pela reportagem da exploração da
prostituição é a cobrança de aluguel dos pontos nas ruas onde garotas de
programa e travestis aguardam os clientes. Motoqueiros vigiavam e chegavam a cobrar
cerca de R$ 40, segundo as garotas de programa, por pessoa em locais como a
avenida Afonso Pena ou na Orla da Lagoa da Pampulha.
Já a atividade exercida por prostitutas na rua Guaicurus não
é considerada ilegal, Segundo o coordenador do Projeto de Combate ao Trabalho
Análogo ao de Escravos da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego em
Minas Gerais, Marcelo Campos. Ele diz que uma vez que as mulheres locam o
espaço para realizar o programa, não repassando o valor para nenhum terceiro,
não há configuração de crime.
LEGISLAÇÃO
Pela lei brasileira, a prática da prostituição seja por
mulher ou homem adulto não caracteriza crime. No entanto, a prática de condutas
que favoreçam ou explorem comercialmente essa atividade de outra pessoa
caracterizam o crime previsto no artigo 228 do Código Penal.
A manutenção de um local onde se explore a prostituição e o
rufianismo também caracterizam crimes, previstos no artigo 229 e 230 do Código
Penal. Já a intermediação, transporte e alojamento de quem será explorado para
a prostituição caracteriza o tráfico de pessoas, capitulado no artigo 231 A do
Código Penal.
CAMPANHAS
O Ministério do Turismo lançou uma campanha com foco no
setor hoteleiro e turístico para evitar o turismo sexual. Um manual foi
preparado com orientações para a proteção da criança e do adolescente em situação
de risco. Além disso, o governo também firmou parceria com a Secretaria
Especial de Direitos Humanos para a divulgação da campanha “Proteja – Não
desvie o olhar” e incentivar as denúncias pelo Disque 100.
Já a Secretaria de Estado de Turismo e Secretaria de Estado
de Desenvolvimento Social criaram em Minas Gerais o projeto “Proteja Nossas
Crianças”, divulgando o número 0800 031 1119. Neste ano, até 25 de março, o
telefone recebeu 572 denúncias de violações de direitos de crianças e
adolescentes. No mesmo período do ano passado, os casos de denúncias chegaram a
514.
Fonte: www.umoutroolharparabelohorizonte.blogspot.com.br
2 comentários:
uau
Eu acho que e um abuso essas mulheres e esses caras que se acham donos dessas garotas de programa sendo elas que tem o direito de ir e vinr pois elas são seres humanos como agente e elas não estão ai por querem estão ai por falta de opurtunidade no mercado de trabalho elas merecem respeito vamos respeitarem elas.obrigado
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