O Brasil já conta com um diagnóstico detalhado dos números
do tráfico de pessoas nos últimos sete anos. O levantamento, resultado da
parceria da Secretaria Nacional de Justiça do Ministério da Justiça com o
Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC), mostra que a maioria
das vítimas brasileiras se dirige a países europeus, principalmente Holanda,
Suíça e Espanha.
Do outro lado, a
origem de quem é vitimado pelo tráfico também foi melhor definida. Os estados
de Pernambuco, Bahia e Mato Grosso do Sul registram mais casos de vítimas.
(Entenda o Tráfico de Pessoas)
O diagnóstico
preliminar apresentado sobre o tráfico de pessoas no Brasil revela a existência
de 475 vítimas entre os anos de 2005 e 2011; desse total, 337 sofreram
exploração sexual e 135 foram submetidas a trabalho escravo.
O secretário Nacional
de Justiça, Paulo Abrão, alerta que o tráfico de pessoas no Brasil, nas formas
internacional e interna, é um fenômeno ainda registrado de forma deficitária
pelos órgãos de enfrentamento ao crime. “Isso ocorre porque uma de suas
características é a invisibilidade das vítimas e a negação de se
autorreconhecerem como tais. Por isso trabalhamos com foco em campanhas de
conscientização e com a rede nacional de apoio as vítimas”, explica. Nos próximos
dias o governo federal anunciará um pacote de medidas para o enfrentamento ao
tráfico de pessoas.
O diagnóstico parcial
foi conduzido entre os meses de maio a agosto de 2012 e recuperou estatísticas,
sobretudo criminais, sobre o tráfico de pessoas no Brasil a partir de 2005.
Órgãos vinculados ao Ministério da Justiça, como o Departamento de Polícia Federal
e a Secretaria Nacional de Segurança Pública, além dos organismos que atendem
diretamente vítimas de tráfico de pessoas, como a Assistência Consular do
Ministério das Relações Exteriores, foram entrevistadas e forneceram dados.
O país onde foi registrada
uma incidência maior de brasileiras e brasileiros vítimas de tráfico de pessoas
foi o Suriname, que funciona como rota para a Holanda, com 133 vítimas, seguido
da Suíça com 127, da Espanha com 104 e da Holanda com 71. A maior incidência do
tráfico internacional de brasileiros ou brasileiras é para fins de exploração
sexual.
As vítimas – De acordo com o Ministério da Saúde, as vítimas que
procuram os serviços de saúde são na maioria mulheres, na faixa etária entre 10
e 29 anos. Há maior incidência de vítimas (cerca de 25%) na faixa etária de 10
a 19 anos, de baixa escolaridade e solteiras.
“Os números desse diagnóstico não revelam tendências sobre o
tráfico de pessoas no Brasil. Ou seja, ainda que haja mais ou menos registros
de um ano para outro, esses números mostram somente aquilo que desaguou nos
órgãos de repressão ou de atendimento às vitimas. Ainda temos um cenário de
muitos dados ocultos”, explica a diretora do Departamento de Justiça da SNJ/MJ,
Fernanda dos Anjos.
Fonte: blog.justicia.com.br
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