Assim como avança no mercado de trabalho, a mulher assume
cada vez mais o papel de responsável pela família. Em dez anos, sua
participação subiu de 22,2%, em 2000, para 37,3% em 2010, de acordo com os
dados do Censo 2010, divulgados ontem pelo IBGE.
O IBGE traçou um perfil de quem é esse chefe de família. A maioria ainda são mulheres sozinhas com filhos. Nos lares onde a presença feminina é a referência, só 46,4% são casadas. Quando o responsável é homem, o percentual sobe para 92,2%. Essas proporções eram bem diferentes em 2000. Naquela época, só 19,5% tinham companheiro.
A secretária executiva Joice Hurtado mora sozinha com os
filhos. Após dois casamentos, que duraram 13 anos ao todo, ela vive hoje com os
filhos gêmeos, de 9 anos, e o de 2 anos, de sua segunda união. Além disso,
sustenta a mãe, desempregada e sem aposentadoria, e o irmão mais novo, de 20
anos, que recebe salário mínimo como estagiário de Direito.
— A principal dificuldade é em relação à educação. Gasto R$
1.300 com os três, que têm bolsas de estudos. Só com as compras de
supermercado, gasto mil reais por mês. É impossível manter um padrão mínimo
ganhando menos que R$ 5 mil — diz Joice.
Para a economista Ana Amélia Camarano, do Instituto de
Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), a responsabilidade familiar feminina veio
para ficar:
— Não há qualquer indício de que isso vá mudar. As mulheres
já respondem por 42% da renda das famílias.
O censo também mostrou que a renda familiar não é
exclusividade do chefe: em 62,7% das famílias, responsável e cônjuge têm renda.
Em 21,2% dos lares onde a mulher é referência, ela não tem renda.
Fonte: O Globo
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