Sem amor não é possível dar
passos em direção a um cristianismo mais aberto, cordial, alegre, simples e
amável onde possamos viver como “amigos” de Jesus, segundo a expressão
evangélica. Não saberemos como gerar alegria. Mesmo sem querer, seguiremos cultivando
um cristianismo triste, cheio de queixas, ressentimentos, lamentos e pena.
A leitura que a Igreja propõe
neste domingo é o Evangelho de Jesus Cristo segundo João 15, 9-17 que
corresponde ao Sexto Domingo da Páscoa, Ciclo B, do Ano Litúrgico. O teólogo
espanhol José Antonio Pagola comenta o texto. Eis o texto
O evangelista João coloca na boca
de Jesus um longo discurso de despedida em que se recolhe com uma intensidade
especial alguns rasgos fundamentais que hão de recordar aos Seus discípulos ao
longo dos tempos, para ser fiéis à Sua pessoa e ao Seu projeto. Também nos
nossos dias.
«Permanecei no Meu amor». É o
primeiro. Não se trata só de viver numa religião, mas de viver no amor com que
nos ama Jesus, o amor que recebe do Pai. Ser cristão não é em primeiro lugar um
assunto doutrinal, mas uma questão de amor. Ao longo dos séculos, os discípulos
conhecerão incertezas, conflitos e dificuldades de toda ordem. O importante
será sempre não desviar-se do amor.
Permanecer no amor de Jesus não é
algo teórico nem vazio de conteúdo. Consiste em «guardar os Seus mandamentos»,
que Ele mesmo resume de seguida no mandato do amor fraterno: «Este é Meu
mandamento; que os ameis uns aos outros como Eu os amei». O cristão encontra na
sua religião muitos mandamentos. A sua origem, a sua natureza e a sua
importância são diversas e desiguais. Com o passar do tempo, as normas
multiplicam-se. Só do mandato do amor, diz Jesus: «Este mandato é o meu». Em
qualquer época e situação, o decisivo para o cristianismo é não sair do amor
fraterno.
Jesus não apresenta este mandato
do amor como uma lei que há de reger a nossa vida fazendo-a mais dura e pesada,
mas como uma fonte de alegria: «Digo-vos isto para que a Minha alegria esteja
em vós e a vossa alegria chegue à plenitude». Quando entre nós falta verdadeiro
amor, cria-se um vazio que nada nem ninguém pode encher de alegria.
Sem amor não é possível dar
passos em direção a um cristianismo mais aberto, cordial, alegre, simples e
amável onde possamos viver como “amigos” de Jesus, segundo a expressão
evangélica. Não saberemos como gerar alegria. Mesmo sem querer, seguiremos
cultivando um cristianismo triste, cheio de queixas, ressentimentos, lamentos e
pena.
Ao nosso cristianismo falta-lhe,
com frequência, a alegria do que se faz e se vive com amor. Falta ao nosso
seguimento de Jesus Cristo o entusiasmo da inovação, e sobra a tristeza do que
se repete sem a convicção de estar reproduzindo o que Jesus quer de nós.
Fonte: Ihu
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